Capítulo 2 - E tudo está bem, quando acaba bem!

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- Eu sei pequena. Você precisa ir, logo estaremos juntos de novo, você vai ver – ele sorri desanimado.

Em seus olhos um brilho de esperança que me faz sorrir.

Saio da mesa e o abraço forte, muito forte. Paulo perde um pouco o ar, afaga meu braço e passa a mão pelo meu cabelo. Volto para o quarto, pego uma mala preta e a coloco sobre a cama. Jogo um monte de roupas dentro, soco tudo. Coloco as pulseiras metálicas e os anéis. Penso em qual dos cinco pares dos tênis All Star levar, escolho apenas dois. Paro na frente da escrivaninha procurando os fones quando o porta-retrato onde estou abraçada com Paulo, Peter e Tereza me chama a atenção. Sorrio ao lembrar aquele dia no parque de diversões. Coloco o porta-retrato cuidadosamente na mala. Pego outro, de quando era bebê, e de quando meus pais ainda eram vivos. Meu pai abraçado comigo enquanto a mãe tirava a foto. Paulo disse que tirou a foto de nós três escondido, era um hobby dele, fotografava quando era mais jovem. Não olho muito para a foto, não quero me sentir mal, apenas guardo na mala. Saio do quarto e avisto a mochila da escola jogada no pé da escada.

- Ai! – escuto um gemido vindo do sofá assim que joguei a mochila. Peter levanta me olhando com os olhos cerrados – Posso saber o porquê de você ter jogado essa mochila em cima de mim?

- Ué, porque eu estava com vontade, algum problema? – ele serra os olhos em minha direção, claramente irritado.

- Você está com sorte, amor, porque não estou a fim de brigar com uma pirralha hoje – sua voz rouca e provocativa me enche de raiva, odeio profundamente quando ele me chama de amor, e ele sabe disso - Se não faria você me pedir desculpas de joelho.

- Ah é? Então quero ver, porque o único pirralho aqui é você, bebezinho! – digo debochada e dou risada. Peter olha fixamente por uns três segundos quase me fazendo corar, corre atrás de mim pela casa. De tanto rir acabo não aguentando correr e ele me alcança fazendo cócegas sem parar.

- Ai não, hahahaha, para Peter... hahahaha. Pa..ra!!! – minha voz sai em um sussurro, mal consigo respirar de tanto rir. Paulo sai desesperado da cozinha e nos olha com um sorriso.

- Que bom, pelo menos estão rindo, é assim que quero ver vocês, sempre sorrindo – Peter para de fazer cócegas, me solta, respiro fundo e me recomponho.

Abro um grande sorriso fazendo Paulo rir.

Depois do ataque de cócegas ajudo Paulo a por a mesa para o jantar. Macarronada, uma das minhas comidas preferidas. Enquanto Peter arruma as malas converso com Paulo um tanto receosa, não queria falar sobre a viagem, mas não tenho escolha.

- Você vai deixar mesmo o seu filho ir comigo? – pergunto olhando nos olhos de Paulo.

- Sim, ele também não iria ficar bem aqui sem você. Como não conhece ninguém e não sabemos como a sua família vai reagir prefiro que Peter vá junto, ficarei menos preocupado.

- E você? Vai ficar sozinho aqui? Não quero que fique só!

- Está tudo bem minha flor, irei algumas noites na casa dos meus amigos jogar truco, não apenas nas terças. E também trabalho o dia inteiro, não estarei sozinho sempre – ele continua a mexer na panela enquanto espremo laranjas para fazer o suco.

- Pronto, o suco está bom – digo mudando de assunto.

- E a macarronada também, vá lá em cima chamar o Peter para jantar - Paulo pede enquanto coloca os pratos na mesa.

- Ok – subo as escadas e quando vou bater ele abre a porta, dando de cara comigo.

Aqueles olhos azuis e verdes, magnetizantes, me fazem perder o chão no mesmo segundo. Ficamos tão próximos que sinto seu perfume entrar e sair dos meus pulmões, consigo ouvir seu coração agitado na mesma batida que o meu. Arfo.

A Filha De Romeu e JulietaWhere stories live. Discover now