Eric parecia entusiasmado, novamente tentei prestar atenção na conversa mas confesso que eu estava boiando. Havia uma aura de apreensão no ar. E porque eu tinha a impressão que todos olhavam pra mim? E essa conversa do Eric, sem pé nem cabeça?

Não entendia onde essas pessoas se encaixavam, e principalmente o que eu e o Victor estávamos fazendo aqui?

O garçom chegou e fizemos nossos pedidos.

Eric torcia as mãos de tanta ansiedade, em certo momento cheguei até ouvir seus dentes rangendo, coisa que ele fazia muito quando era criança, mas tinha abandonado esse hábito há tempos. O que será que está havendo? Será que ele vai pedir a mão de alguém e não e não estou sabendo de nada?

A Senhora simpática que eu esqueci o nome conversava animadamente, e sua voz era tão doce, que até podia jurar que eu já há tinha ouvido em algum lugar.

- Eric eu não tenho palavras para lhe agradecer meu querido, você terá a minha eterna gratidão! Posso lhe chamar de querido não é? Eric assentiu ficando novamente mais vermelho que um tomate. Victor nesse momento arranhou a garganta.

Ela sorriu.

- Então querido, graças a você e ao Victor, estamos apenas aguardando a conclusão do exame, mas pra mim não resta a menor dúvida! Eu tenho certeza absoluta que é ela!

E cravou seus olhos ternos em mim novamente. - Pera ai, o negócio era comigo?

Imediatamente o bronquinha ao seu lado falou alguma coisa pra ela em japonês.

Ela juntando as sobrancelhas respondeu compenetrada. Parecia que estavam discutindo, mas deve ser essa língua estranha. Que coisa mais chata, será que ele não sabe que é falta de educação?

De leve dei um puxãozinho em Victor e sussurrei próximo ao seu ouvido.

- Afinal você sabe do que se trata amor? – Ele olhou pra mim sorrindo e assentiu. Seus olhos brilhavam eufóricos. Fiquei momentaneamente perdida naquele olhar tentando entender aquele entusiasmo todo. Afinal quem eram aquelas pessoas?

- Você já vai descobrir paxão. – E tocou de leve meu rosto. Assenti olhando para o Eric que tinha a mesma expressão. De repente me senti excluída, porque eles não me disseram do que se trata esse almoço?

Depois que os dois pararam de conversar fez-se um breve silêncio. Então Eric disse: 

- Sophia, estas pessoas vieram especialmente do Japão para te conhecer. – Arregalei os olhos espantada.

- Porque?

Todos os olhares se voltaram pra mim e comecei a me sentir muito desconfortável. Até que a Senhora começou a falar.

Victor grudou na minha mão em uma atitude solidária. Corri meus olhos pra ele totalmente confusa, entrelaçando meus dedos nos seus.

- Bem... se me permitem, eu gostaria de começar contando uma história. – Olhou para o Eric, Victor e finalmente pra mim.

Há vinte e seis anos atrás eu e minha filhinha acompanhamos meu marido pra cá, em uma conferência que ele participaria no sul, enquanto isso aproveitei pra visitar minha família.

Era aniversário da minha sobrinha num Shopping, as crianças brincavam num local apropriado sempre supervisionadas pelas monitoras. - Sua voz ficou embargada e ela parou de falar. O jovem ao seu lado apertou sua mão falando alguma coisa em japonês. Ela assentiu se recompondo rapidamente.

– Eu nunca vou me esquecer daquele dia terrível! Foi na tarde de 15 de Fevereiro que eu... eu... perdi a minha filhinha... – Sua voz agora não passava de um sussurro. Chocada com a história que me prendeu a atenção. – Ela baixou a cabeça por um instante e depois voltou a me olhar.

Victor & Sophia Volume IIIWhere stories live. Discover now