— Não me magoe mais, Harry. Não me trate como um nada de novo. Eu já estou exausto desse tipo de comportamento. É tão cansativo.

Harry simplesmente não sabe o que o responder. Ele se sente tão culpado por mais cedo que qualquer palavra que saísse de sua boca provavelmente seria um xingamento á si mesmo.

O menor não percebe quando uma única lágrima desce pela sua bochecha esquerda, caindo no moletom do irmão. E quando Harry se levanta alegando que Nicholas provavelmente já terminou o banho, ele também finge não perceber a dor dilacerando seu peito.  

Paciência.

-X- (Transviolet - Girls your age, se acabar repete várias vezes.)

O dia amanhece nublado.

Louis ao menos conseguiu dormir a noite inteira, e ele não fazia ideia do motivo. A sua mente dava voltas pelas diversas situações de seus dias. Havia pensado em tanta coisa. A hesitação o matando cada vez mais lentamente.

Quando eram cerca de quatro horas da manhã, o mais novo ouvira os portões se abrindo e a afobação dos empregados que haviam ficado de plantão para receber o casal de pais.

Ele sabia que seus pais somente o acordaria depois de um bom descanso. Isso o dava algum tempo extra para pensar em paz.

Não que ele tivesse conseguido se focar em algo após ouvir o chuveiro do quarto frente ao seu ser ligado.

O sol ainda não havia se posto visível até aquele momento. Somente uma sombra de nuvens e um escuro agradável. E, quando Louis viu as primeiras gotas de chuva grossas caírem sobre seu azulejo da sacada, soube que não faria sol em nenhum momento daquele dia.

Suas mãos se apertavam uma contra a outra frouxamente, como se seus dedos tentassem agarrar-se a si mesmo, falhando terrivelmente.

Ele odiava drama. Achava fraco, sem sentido. 

Porém, naquele dia específico, não estava achando assim tão ruim se acomodar na vitimização e tristeza. 

Vagarosamente, Louis se levanta. A porta é aperta com tanto cuidado quanto os seus passos pelo corredor vazio de sua mansão. Apenas três pés são precisos para que ele esteja na frente da porta entreaberta de seu irmão mais velho. 

Ele adentra o quarto, empurrando a porta e avisando o local semi-escuro. A cama desarrumada com o edredom azul escuro contrastando com o lençol branco e os dois travesseiros bagunçados.

Enquanto seus dedos do pé tocavam levemente o chão gelado, ele se perguntava pela décima vez o que estava fazendo ali. Talvez ele devesse somente esquecer essa ideia absurda e sem sentido, voltando para o seu quarto e tentando dormir.

É, talvez ele devesse fazer isso. 

Avistou uma faixa de luz vinda da porta do banheiro, e escutou barulhos de escovação de cabelo. 

Sem pensar muito mais, ele arrastou a porta para frente cuidadosamente para não assustar seu irmão. Assim que a abriu, analisou o estado do irmão, que recém havia tomado banho. 

Seus cabelos molhados deixavam sua camiseta branca cheia de pingos. Ele vestia uma calça marrom clara, e seus pés também estavam descalços. Ele segurava uma escova, mostrando que estava com dificuldades com seus cachos.

  — Bom dia. — escutou a voz lenta do maior. No seu rosto arriscava-se um sorriso torto.

 O menor o analisou por um instante, se aproximando e retirando a escova de suas mãos. Harry não soube explicar por quê quando seus dedos levemente se roçaram ele sentiu-se tonto.

Kamikaze | l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora