Worst Behavior

Capítulo 10 - Look Closer

Quatro dias se passaram desde a última vez em que eu e Justin tivemos uma pequena briga. O idiota pegou meus óculos escuros, tentei pegar de volta, não deu certo e eu também não insisti. Precisava focar no jornal. Elisabeth, a professora responsável pelo mesmo, já havia me mandado mil e-mails perguntando se eu tinha começado a matéria e o que havia descoberto. Sinceramente achei que seria mais fácil descobrir algum podre do time, mas não sabia por onde começar. Ficar espiando pela janela do vestiário definitivamente não estava me levando a nada.

– O que está acontecendo com você? – Hanna soprou a pergunta no meu ouvido, dando-me um leve susto.

– O quê? Nada. Por quê? – respondi encarando a menina, que estava sentada ao meu lado na aula de Química.

– Você está mexendo esse líquido estranho que pode explodir a qualquer momento há meia hora, e a cada um minuto você bufa descontente com algo que eu não sei o que é – a loira falou, me fitando profundamente com seus olhos verdes.

Hanna era uma menina legal e sinceramente me cativou em pouco tempo, mais do que qualquer outra pessoa já tinha feito, mas ainda não sabia se podia confiar nela.

– Eu preciso fazer uma coisa. Não é algo legal porque pode prejudicar algumas pessoas dependendo do que eu descobrir, mas se eu não fizer vou perder a coisa que mais amo na vida – falei, sem contar exatamente do que se tratava. Ela me encarou por mais um tempo e entortou a boca como se pensasse. Olhou para frente por alguns segundos e voltou sua atenção para mim novamente.

– Independentemente do que seja eu sei que vai tomar a decisão certa. Se for por algo que você realmente ama e não pode perder, não abra mão disso. Principalmente se sabe que as pessoas em questão nunca abririam mão de uma coisa por você – sorri para a menina em agradecimento diante de tais palavras e encarei o líquido com elementos estranhos na minha mesa.

– Eu não sei por onde começar. Não sei resolver esse problema ainda.

– Comece observando melhor – ela piscou e voltou a olhar para o seu próprio experimento químico. Ao fazer isso me perguntei se ela sabia de algo, mas não me arrisquei a expressar tal dúvida em palavras e voz alta. De qualquer forma, definitivamente acolheria seu conselho.

O sinal para o intervalo soou. Recolhi minhas coisas com calma e saí junto com Hanna, quando seguimos até a cantina e entramos na fila do lanche. Depois de ficar ali por tempo o suficiente para que eu ficasse irritada, finalmente conseguimos pegar nossas coisas e sair. Ao passarmos pelas mesas ouvi a voz de Mike chamar a gente para sentar com ele e os meninos do time, o que obviamente incluía o capitão. Pensei em recusar, sair dali correndo me trancar no banheiro para comer sozinha feito uma autista, mas me lembrei do conselho da loira ao meu lado. Era uma boa oportunidade para investigar. Caminhei atrás de Hanna com calma, enquanto os meninos do time conversavam animadamente coisas que eu ainda não podia compreender. Por azar, ou quem sabe sorte, sentei-me de frente para Justin que, ao contrário dos outros jogadores, estava quieto me observando enquanto eu me juntava a eles.

– Ruivinha. Como vai? Fiquei sabendo que quase explodiu a sala de química – Mike falou rindo e bagunçando meu cabelo. Ri um pouco e lancei um olhar felino para Hanna, que estava ao lado do menino.

– Não acredite nessa doida, meu líquido estava com uma cor feia e saindo uma fumaça com cheiro estranho, mas não iria explodir – afirmei, colocando algumas batatas na boca.

Passei os olhos pela mesa e percebi que alguns jogadores não estavam com as bandejas vermelhas da cantina. Ao invés do alimento oferecido pela escola eles carregavam garrafinhas esportivas e barras de cereais. Nada surpreendente, levando em conta o fato de que atletas não costumam comer qualquer coisa.

Ficamos ali conversando por um bom tempo, meu lado observador ativado a todo momento, mas não captei nada relevante. A única coisa estranha ali era o comportamento do capitão. Justin estava quieto, sério, concentrado em comer o seu lanche e, vez ou outra, eu o pegava me encarando.

O sinal tocou, anunciando o fim do intervalo, e todos começaram a se retirar da mesa. Eu, contudo, fui impedida de tal ato.

– Você vai me soltar ou eu vou ter que te socar para conseguir ir para a minha sala? – perguntei, me sentando novamente e encarando o menino enquanto ele segurava minha mão.

– Eu queria bater um papo com você a sós, dançarina – o loiro me fitou ainda sem me largar.

­– Não sei se você sabe, mas não podemos ficar aqui – falei e apontei para o inspetor que de longe nos observava com os braços cruzados, tendo em vista que não restava ninguém além de nós no lugar.

Justin bufou e me soltou, se levantando em seguida. Sorri e me pus de pé, me apressando para sair do refeitório. O destino, por ser um grande filho da puta, fez com que a próxima aula fosse de Matemática e, além disso, o idiota que eu tinha que aturar desde a minha entrada no colégio estava na mesma classe que eu. Pedimos licença e entramos. Somente as duas últimas cadeiras da fileira ao lado da janela estavam disponíveis, então eu teria que ficar perto de Justin. O garoto sentou-se atrás de mim, o que me deu ainda mais raiva, já que eu ficaria incomodada e me sentindo observada.

Respirei fundo e me virei assim que sentei, mandando um belo dedo do meio para o loiro que sorria de escárnio com a minha insatisfação. O professor explicava, explicava e eu continuava ali não entendendo absolutamente nada e pensando que eu poderia estar em qualquer canto daquela escola bebendo ou fazendo qualquer outra coisa. Eu olhava pela janela, observando as árvores se mexerem de um lado para o outro, quando um papelzinho embolado caiu na minha mesa.

"Preciso mesmo falar com você ruivinha, me encontra depois do treino."

Li a mensagem e sorri. Em qualquer outra ocasião eu pensaria "que se dane", mas não naquela. Eu poderia observar o time tranquilamente, sem ter que me esconder embaixo das arquibancadas empoeiradas. Respondi com um simples "ok" e devolvi o papel.

O restante das aulas passou normalmente. Encontrei com Mike no corredor durante a troca de salas e o menino me perguntou de longe onde estava Hanna, me forçando a fazer uma leitura labial. Levantei os braços com as palmas das mãos viradas para cima, indicando que eu não sabia, então ele sorriu e fez um sinal de positivo, desaparecendo em meio à multidão logo depois. Fiquei preocupada com a menina, já que ela não era de desaparecer. Mandei uma mensagem para ela e segui rumo ao banheiro feminino. Eu inventaria uma desculpa para ter que ficar do início do treino até o final na quadra, mas enrolaria um pouco por ali.

Assim que entrei joguei minhas coisas em cima da bancada e me sentei em um dos bancos que ali havia. O banheiro era muito bem arrumado e limpo, uma vantagem das escolas caras.

– Você é a Alice não é mesmo? – a voz fina de uma menina me assustou. Olhei para cima, já que estava envolvida no meu celular, e observei uma garota loira, alta e bronzeada.

– Sim. E você é...

– Kim! – a menina sorriu de ponta a ponta. – Sou uma... amiga do Justin.

– Hm, que bom – sorri fraco para ela. Mesmo que o assunto não me interessasse eu não queria ser grossa e arrumar confusão.

– Você também é? Uma amiga dele? – Kim falou dando novamente ênfase no "amiga", me fazendo entender o envolvimento dos dois.

– Não, não se preocupe. Ele não é do meu interesse – disse sorrindo de lado ironicamente. Sabia que sua simpatia não era pura. Ela foi falar comigo com um objetivo: marcar território.

– Tudo bem então, nosvemos por aí – a loira deu um tchauzinho com a mão e se virou, indo direto paraa porta. – Ah! Só mais uma coisa... – voltou-se para mim. – Tome cuidado, pequenaAlice. Aqui não existe rainha vermelha. Quem comanda o País das Maravilhas é ocapitão do time de basquete – piscou e saiu enfim, me deixando sozinha e umtanto quanto intrigada.

N/A: Oi oi! Gente miiiil desculpas pela demora, eu sei que estão ansiosas pelo beijo e posso dizer que  não ta longe não tá? HAHAHA Enfim desculpas novamente e até o próximo.