Capítulo 36 (p.2/2) - Virando o jogo

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- Informarei ao detetive William Silva, pode deixar comigo.

Saiu da cena do crime e partiu em disparada até a delegacia.

A pegada bidimensional seria comparada com a tridimensional coletada pelos outros dois policiais, e o fio de cabelo poderia muito bem dar uma empurrada na captura do criminoso.

**********

Douglas já havia voltado de seu telefonema, mas William não estava à sua espera como tinha dito. Notou, na hora, que algo fora do comum estava acontecendo, mas permaneceu calado, sendo fitado pela câmera que insistia em registrar suas angustias, até que finalmente viu William abrir a porta, atônito, e sentar-se à sua frente.

- Bom, devo dizer que demos um recall para o mesmo número de telefone que acabou de ligar.

Douglas não sabia o que dizer diante daquilo.

- Sabemos para onde ligou e com quem falou agora a pouco.

Douglas entrou em choque e chorou. Chorou compulsivamente.

- Douglas, eu já entendi tudo. Eu sei que mentiu para mim.

O rapaz tentou voltar aos eixos, mas estava difícil.

- Escute. Toda essa confissão que fez pareceu ser um discurso decorado. Sei que mentiu descaradamente para uma autoridade, mas não será punido por isso.

- Mas, senhor, como sabe que... - balbuciou.

- Primeiro que, nem que você quisesse ser um assassino você seria, pois não possui nenhum traço de psicopatia. Notei que mentiu sobre todos os fatos que foi mencionando, e devo lhe dizer: Não encontramos uma caixinha de raticida nos seus pertences, eu apenas mencionei que encontramos um recipiente com o veneno e você disse que era uma caixa, quando na verdade era um tubo transparente de acrílico. Ou seja, você acabou confessando que não sabia exatamente sobre o veneno, e até mesmo pareceu surpreso quando falei. O que me leva a crer que não foi você quem guardou o veneno lá. Alguém o escondeu nas suas coisas.

Douglas estava boquiaberto.

- E cometeu outra falha também, não seria possível você ter visto a sra. Abilene depositando a bandeja de remédios com o chá na mesinha porque não fora ela quem fizera isso. Foi Alex, o motorista, quem levou a bandeja da cozinha até a mesinha.

Douglas engoliu um bolo de desespero que havia se formado em sua garganta, queria gritar, sentia-se sufocado.

- Você foi forçado a me dizer essas coisas, não foi?

O rapaz tinha os olhos vermelhos de tanto chorar.

- Por favor, detetive William... Minha mãe... Ela... precisa de ajuda...

- Não se preocupe. Sua mãe está protegida, ficará em segurança. Já entrei em contato com a polícia de Ouro Verde do Oeste e solicitei proteção à sua mãe, fique tranquilo, nenhum mal acontecerá a ela. Alias, fico feliz por ela não ter infartado de verdade, pelo que percebi foi apenas mais uma mentia para atraí-lo, mas em breve você terá a chance de cuidar junto dela à diabetes, antes que aconteça algo de verdade.

Douglas sorria e chorava ao mesmo tempo. Não sabia nem como agradecer ao detetive William, apesar de seus olhos sorrirem juntos e dizer muito mais que um simples "obrigado".

- Mas agora preciso que me ajude a acabar de vez com isso. Diga toda a verdade. Já tenho um plano em ação e necessito de sua colaboração.

Douglas fez que sim com a cabeça.

- Muito bem. Todos esses dias que supostamente você esteve foragido, na realidade, esteve sequestrado, não foi?

Ele confirmou.

- Foi Vinícius, o homem que te encontrou na rodoviária, quem te sequestrou?

Douglas respirou pesadamente.

- Sim, senhor. Ele fora até a rodoviária, de alguma forma tinha o número de meu celular e me ameaçou antes mesmo que ele chegasse até mim. Fiquei com medo, e daí um homem chegou, ofereceu para levar minha mochila, talvez para parecer um amigo ou alguém que eu conhecesse e disse que se eu não seguisse tudo o que ele dizia, minha mãe corria um grande perigo.

- Ele não pôde te machucar para não parecer um sequestro, por isso ele te ameaçou usando sua mãe.

- Exatamente.

- Vinicius recebia instruções de alguém enquanto era mantido em cativeiro? Conseguiu notar algo?

- Não consigo me lembrar senhor, mas... - Ele fez uma pausa. - Acho que ouvi uma vez Vinícius falando ao celular com alguém... Não me recordo direito se havia chamado a pessoa pelo nome ou estava falando de alguém, posso até estar imaginando coisas, porque não consigo ser preciso agora, mas o nome que ouvi foi: Natan.

Neste momento William deu um soco na mesa e um sorriso totalmente incrédulo, e disse:

- Filhodaputa! Quer dizer que esse assassino não ia parar de zoar com nossa cara tão cedo?!

**********

William terminou seu trabalho com Douglas e resolveu falar com o grupo feito de pessoas preocupadas e entediadas.

Informou que Douglas estava sendo preso pelo duplo assassinato e que em breve seria levado até uma penitenciária.

As reações foram as mais diferentes dentre os jovens.

- Agora que o caso foi concluído, pretendo fazer a reconstituição da cena do crime para tornar pública a resolução do caso. Vão para casa de vocês para descansar e fiquem atentos, pois em breve comunico o horário certo para comparecerem na Faculdade de Humanas. Convoco a todos, sem exceção.

Assim que todo o grupo se dispersou e todos partiram para suas casas, o detetive William se prontificou em detalhar algumas pendências.

Com o sol raiando, foi até a FHCE solicitar as imagens do dia em que Juliet fora assassinada, mais especificamente os vídeos daquela tarde fatídica. E depois, entrou em contato com Valéria.

- Bom dia, detetive William - disse ela, ao atender. - Já estou na Cidade Esperança para dar continuidade no plano.Estou disposta a fazer o que desejar.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Where stories live. Discover now