Capítulo 24 - Deixando a mansão

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A mansão ainda estava rodeada de gente.

— Logo mais tenho que enfrentar a multidão, ao que me parece — disse William para Abilene.

Ambos suspiraram. William chamou um dos policiais, entregou o notebook e instruiu:

— Preciso que confisque o computador, será usado para a investigação no caso da senhorita Juliet, e como prova. Agilize o mandato para que possamos enviá-lo para o Departamento de Inteligência da Polícia Federal. Quero que estudem um e-mail recebido por Juliet cujo remetente é "Interrogação" e localizem o IP do computador do qual foi enviado.

— Certo, senhor William.

— Depois me passe o contato direto do agente que cuidará da localização do IP, quero acompanhar de perto.

— Entendido.

O policial se retirou com o computador nas mãos, deixando William e a Abilene a sós novamente.

Com a lista de empregados em mãos, o detetive decidiu fazer os interrogatórios ali mesmo. Queria que fosse na delegacia, em seu ambiente de trabalho, mas um detetive tem que se adaptar aos obstáculos do dia a dia.

— Senhora Abilene, creio que não haja nada mais proveitoso a se fazer do que interrogar os demais empregados. Creio que os repórteres lá fora não sejam feitos de aço. Uma hora terão de ir embora.

Ambos olharam pela grande janela do salão e viram os primeiros raios solares.

— Faça o que desejar, senhor. O café da manhã já está servido. Por favor, me acompanhe.

Eles tomaram o desjejum, embora Abilene não sentisse o sabor das coisas, comia mais por necessidade de recarregar as energias do que por fome.

**********

Meia hora mais tarde, William usou o escritório do falecido sr. Augusto, onde havia interrogado o motorista e a governanta. Chamou um por um dos empregados. Anotava algumas coisas que julgava relevante, mas a maioria dizia a mesma coisa, que não havia notado nenhuma movimentação estranha, além dos hóspedes daquela noite.

O interrogatório definitivamente não foi muito proveitoso. O bom foi que o tempo passou e pelo menos três quartos das pessoas que estavam lá fora deram uma trégua.

William almoçou na mansão. Estava consumido pelo sono, e desejava sua cama com certa urgência, ao menos por algumas horinhas. Não via a hora de ir embora, e quando ela chegou, seu alívio foi evidente.

— Preciso ir agora, senhora Abilene. Agradeço imensamente pela paciência e pelas informações de todos aqui.

— A essa altura, muitas pessoas estão esperando por justiça. Estou clamando por isso, pode acreditar. Acredito no seu trabalho, senhor William.

Ele agradeceu mais uma vez e, antes de partir, pegou o número de telefone de Valéria.

— Quando tudo estiver mais calmo e resolvido, pretendo conversar com ela também.

— Está bem — ela lhe entregou uma folhinha.

William Silva guardou tudo em sua maleta, inclusive os diários, e se despediu. Ao sair, seu carro foi fotografado pelos paparazzi carniceiros. E pior: interceptado. William foi obrigado a abrir o vidro para uma pequena entrevista coletiva desorganizada. Tinha muita gente, e os microfones eram enfiados dentro do carro.

Ele falou pouco, mas chocou a todos com as confirmações do duplo assassinato. Uma onda de falatórios tomou conta do local. Não respondeu às perguntas que foram feitas aos gritos, por repórteres que estavam mais distantes do seu carro, e tentou se esquivar dos microfones que eram mirados em sua cara. Então, fechou o vidro e pôs o carro em movimento. Dessa vez, os repórteres saíram da frente.

Estão felizes, seus abutres?

Era difícil contar quantas vans de canais de televisão diferentes estavam ali. Quantos canais transmitiam a trágica notícia, quantos países viam, quantas pessoas estavam sabendo das mortes de Augusto e Juliet, tudo isso era quase impossível mensurar.

William Guimarães Silva gostaria deter passado na delegacia para ao menos arquivar os relatórios que fizeranaquele dia, mas o cansaço o obrigou a ir pra casa, tomar uma ducha e cochilar porpelo menos duas horas, não mais que isso, porque sabia que havia muito trabalhopela frente.

O Cúmplice e o Assassino (COMPLETO)Where stories live. Discover now