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  Pra dizer que eu passei quase uma hora correndo e me escondendo de Patricia e Stacy, era um começo. Eventualmente, as duas me acharam, me jogando no chão pra começar o seu ataque de cócegas, minutos depois pareciam que todas as crianças da festa decidiram se juntar à brincadeira e me torturaram mais um pouquinho. Porém, Stacy, que era tão diabólica quanto a tia, empurrou Patricia pro chão e fez todas as crianças pularem em cima dela também. Claro que eu não fiquei de fora, ver a Patricia gargalhando alto não era uma coisa que se via todo dia, porém era uma das imagens que eu guardaria na minha cabeça pra lembrar que ela não era um robozinho viciado em trabalho e era capaz de perder o controle uma vez ou outra.
Depois do ataque de cócegas, Patricia disse que eu poderia ir dormir já que toda sua família já tinha me conhecido. Eu não sabia que estava tão cansado até que eu me joguei na cama e acordei só no outro dia com Patricia me chamando de folgado e dizendo que era hora do almoço.
- Finalmente, hein?! Não sei pra que tanto demora dentro de um banheiro, parece até que vai casar. – Patricia estava jogada na minha cama, mexendo em seu celular. Eu ainda não tinha me acostumado com esse lado de Patricia, o lado mais despojado dela, ainda era novidade pra mim que ela usava algo além de roupas sociais. Com certeza vê-la de short, com um all star nos pés e um boné na cabeça era algo diferente, um diferente que eu tinha acabado de descobrir que gostava.
- Pensei que você tinha ido com sua avó pro supermercado. – falei, andando em direção a minha mala pra procurar uma camisa, eu estava vestido apenas da cintura pra baixo.
- Não, ela decidiu que nós deveríamos te esperar pra você conhecer um pouco da cidade. Ela até guardou um pouco do almoço pra você. – ela se levantou da cama, colocando o seu celular no bolso. Ela pegou o meu celular em cima da cama e o estendeu pra mim – Sua mãe ligou.
- Você atendeu? – perguntei, pegando o celular de suas mãos.
- Apenas pra dizer que você não estava mentindo. – olhei para ela confuso – Ela mandou uma mensagem dizendo que tinha certeza que você estava mentindo sobre vir pra cá então eu atendi pra provar que não. Desculpa ter feito isso, mas acho que foi bem melhor eu falar com ela do que você, era bem capaz de vocês entrarem numa briga.
- É, foi melhor mesmo. – respondi, colocando o celular no bolso de trás. Patricia cruzou os braços e começou a boca para os lados. 1, 2, 3...
- Noah...
- Não Patricia, eu não vou. E não adianta tentar me convencer, que isso não vai acontecer. – interrompi, andando em direção à porta.
- Mas eu não falei nada. – ela respondeu, me seguindo em direção ao corredor.
- Mas pensou. – falei, me virando pra ela – Eu te conheço muito bem, eu sei o que você ia dizer. Eu não acredito que você ao menos cogitou a ideia que eu poderia passar o natal com eles.
- Desculpe se eu estou em ótimo humor e o espírito natalino tomou conta de mim e eu quero todas as famílias juntas mesmo que um membro dela seja um idiota. Não está mais aqui quem falou – ela passou por mim, começando a descer as escadas – Ou melhor, que não falou, mas você recebeu o recado do mesmo jeito.
Entrei na cozinha avistando Carmen conversando com outra senhora, se não me engano ela era uma de suas irmãs. Carmen abriu o maior sorriso quando me viu, o que fez Patricia balançar a cabeça.
- Noah, meu querido. – ela me abraçou forte – Dormiu bem?
- Como um anjo. – respondi me separando dela.
- Algo que é bem difícil quando se é a encarnação do capeta. – Patricia disse, sentando-se na bancada perto da pia.
- Mas você adora implicar com ele, hein Patricia?! – Carmen disse, passando por ela, indo em direção ao fogão.
- É uma das categorias mais importantes do meu currículo: implicar com Noah Fuller. Sabia que dá mais empregos que cartas de recomendações dos professores das maiores universidades do país?
- Você não deveria fazer isso com o garoto, Patricia.
- Você tem noção que está falando de um homem que está beirando a casa dos trinta anos, não sabe?!
- Aqui, Noah, eu guardei o almoço pra você. – ela ignorou Patricia e colocou o prato na minha frente, em cima da mesa – Patricia disse que você gosta muito de salada então eu fiz um prato caprichado.
- Obrigado, Carmen, você é simplesmente incrível.
Carmen puxou uma cadeira e sentou-se à minha frente, sua irmã sentou-se ao seu lado enquanto eu comia em silêncio.
- Então, Noah, você tem alguma namorada? – olhei pra Patricia e depois pra senhoras a minha frente.
- Até tinha, mas as coisas não deram certo.
- Oh, que pena, meu querido, tenho certeza que você ainda vai encontrar a mulher certa pra você. – ela olhou para Patricia e depois para mim – Foi por isso que você decidiu vir passar o natal conosco, por que sua namorada partiu seu coração?
- Na verdade, não. Eu gostava muito dela, mas não ao ponto de ter meu coração partido.
- Hum, sei. E sua família, querido, por que não vai passar o natal com eles? – olhei para Patricia, que desceu do balcão, sentando-se na cadeira ao meu lado.
- Vó, a senhora não acha que está bom o interrogatório com o Noah?
- Oh, claro. Desculpe.
- Não, Carmen, tudo bem. – coloquei os talheres de lado – Eu nunca passo os natais com minha família.
- Por que não? Eles...
- Não, eles não morreram. É só que meu pai é um, me perdoe a palavra, imbecil.
- Noah, você não precisa falar nada. – Patricia me interrompeu.
- Não, tudo bem, nada mais justo que sua avó saber. – me virei para Carmen – Meu pai é um homem de negócios, sempre teve tudo que quis, do jeito que quis, na hora que quis. Minha mãe era uma dessas socialites quando conheceu ele, acho que eu nunca vi duas pessoas mais diferentes do que eles dois, porém eles se apaixonaram e, como dizem, o amor supera todas as barreiras e toda essa baboseira. Quando eu nasci os dois ficaram muito felizes, mas à medida que eu fui crescendo, as coisas foram mudando. Meu pai esperava que eu fosse o filho perfeito, mas eu sempre fui tudo que ele nunca gostou. Começou quando eu era criança, por causa do meu peso.
- Seu peso?
- É. Meus pais sempre foram muito ausentes e na minha casa sempre teve muita fartura, assim por dizer, então eu tentava preencher o vazio comendo tudo o que eu queria. Pro meu pai, tudo sempre é e sempre será questão de aparência, então ter um filho acima do peso era um vergonha pra ele. Então ele me obrigou a ir pra esses acampamentos pra crianças acima do peso por anos, até que um dia eu decidi que não ia aguentar calado e comecei a responder cada insulto, foi aqui que ele começou a tornar as coisas mais... Físicas.
- Ele te batia?
- Sim, quando ele viu que as palavras não me machucavam mais, ele decidiu partir pra algo permanente. Só que dessa vez, eu não deixei ele ganhar. Eu comecei a levar um jeito de vida mais saudável, entrei pra academia, até fiz umas aulas de defesa pessoal pra da próxima vez que ele decidisse descontar as frustrações dele em mim, eu tivesse como me defender. Eu não fiz só por ele, eu fiz por mim também.
- E sua mãe?
- Ele nunca encostou um dedo nela, ele realmente a ama. O problema dele sempre foi comigo, só comigo. – eu não tinha percebido, mas a mão de Patricia estava nas minhas costas, fazendo movimentos repetitivos pra me acalmar. Eu realmente não sabia como ela fazia, mas eu já sentia uma calma dentro do peito mesmo falando de um assunto do qual eu decidia evitar.
- Eu sinto muito, meu querido.
- Está tudo bem, Carmen, nem todo mundo aprende a amar os filhos dos jeitos que eles são. – Carmen olhou pra Patricia, que abaixou a cabeça, se escondendo atrás do seu boné. De repente, Patricia se levantou e foi em direção à porta, falando antes de sair:
- Estou esperando vocês no carro. – olhei confuso para Carmen, que apenas eu de ombros.
- Vamos, Noah, nós não queremos pegar o supermercado lotado.
Patricia foi o caminho inteiro calada e escondida debaixo do seu boné, eu tentei puxar assunto com ela, que apenas sorriu em resposta. Olhei pra Carmen, tentando conseguir alguma informação dela, mas ela apenas sorriu fraco.
Quando chegamos no supermercado, Patricia desceu do carro e depois ajudou sua avó a fazer o mesmo. Andamos lado a lado até os carrinhos e, quando chegamos lá, Carmen anunciou que ia na frente enquanto eu e Patricia ficamos pra trás.
- Então, vai me dizer por quê você ficou triste do nada? – perguntei logo quando entramos no supermercado.
- Eu não estou triste.
- Às vezes eu acho que você esquece que eu te conheço tão bem quanto você me conhece. – comecei a encará-la esperando que ela falasse. Patricia olhou pra mim algumas vezes antes de me dar um empurrão.
- Por que você só não ignora?
- Porque eu não consigo.
- Não é nada, é só que... Ai meu saco! – Patricia grunhiu – Me mata!
- O quê?
- Essas garotas ali – ela apontou para umas garotas que estavam no final do corredor que estávamos prestes a entrar – Pegavam no meu pé durante o colégio. – ela me puxou para o próximo corredor – Vamos procurar minha avó pra ver se ela precisa da nossa ajuda.
- Pegavam no seu pé? Como? Você não deixa ninguém sair por cima.
- Por isso mesmo, por sempre "não deixar barato" elas se vingaram.
- Se vingaram?
- É. Me deixaram trancada do lado de fora da escola em um dia de chuva, me fazendo perder um debate pra uma bolsa pra estudar Irlanda.
- Eu não acredito.
- E tudo isso porque eu namorava a estrela do colégio. – ela cruzou os braços – Na época, eu chorei tanto e não apareci na escola por dias. Aaron descobriu tudo e contou pra diretora, mas ela já não podia fazer mais nada então eu fiz o que eu sei fazer de melhor: usei a minha determinação e botei esse bando de desmioladas no lugar delas. Se não pode vencê-las, se junte a elas e transforme suas vidas em um inferno.
- Você se vingou? Pensei que você fosse o tipo de pessoa que não acreditasse nisso.
- E não acredito, o mundo dá voltas e o que você diz ou faz hoje definitivamente vai vir no futuro em forma de um belo tapa moral na sua cara. Eu só infernizei a vida social delas, não foi bem difícil já que todo mundo já gostava de mim. Antes eu pouco me importava com toda a popularidade que vinha por ser namorada de Aaron até que eu descobrir que bater ou xingar não ia adiantar de nada, eu poderia matá-las em seu próprio mundo. Eu praticamente virei a Lady Di dessa cidade, menos a parte de morrer, é claro. Ganhei todos os concursos de beleza que elas participavam, fui a todos os jogos de Aaron e ainda usei a camisa dele, ganhei rainha do baile e até miss simpatia.
- Parece trabalhoso.
- Foi um pouco, mas valeu a pena. As mulheres da minha família adoravam, Patricia está finalmente virando mocinha. Nossa, chega, me deu náuseas agora.
- Devo presumir que você sempre foi uma garota moleca então?
- É, só que agora em vez de só ter um coleção de All Stars, eu tenho uma de sandálias também. – ela me puxou pelo braço em direção à seção que sua avó estava.
- Oh, vocês estão aí! – Carmen estava conversando com outra mulher enquanto pegava algumas coisas na prateleira – Vera, esse é o amigo da Patricia que veio passar o feriado conosco.
- Noah, muito prazer. – estendi a mão para a senhora que apertou.
- O prazer é meu, eu sou Vera.
- Vera estava falando da quermesse hoje, ela diz que vendemos todos os ingressos.
- Isso é incrível! – Patricia falou.
- Isso foi tudo possível graças a você, querida. – Vera falou, olhando pra Patricia, que ficou vermelha – Você pode trazer seu amigo, ele pode entrar de graça, é o mínimo que nós podemos fazer.
- Eu não acho que o Noah gostaria de ir.
- Eu adoraria.
- Então está resolvido, espero vocês lá. Tchau. – Vera desapareceu pelo corredor enquanto começou a empurrar seu carrinho na direção oposta.
- Vera estava me contando que Oli vai ficar na barraca do beijo e não tem ninguém pra substituí-la. Você deveria considerar pegar o lugar dela. – Carmen começou a andar com a gente logo atrás.
- Eca!
- É por uma boa causa.
- Ainda eca.
- Não adianta só doar o dinheiro, Patricia, você precisa participar também.
- Eu vou, dando mais dinheiro. E o do meu chefinho também. – ela segurou em meu braço.
- Espere um segundo, você financiou essa festa? – interrompi-as.
- Foi.
- Mas uma festa como essa não deveria ser cara?
- E é. – Carmen respondeu – Nós conseguimos uma parte de dinheiro com doações e da prefeitura, mas a Patricia que deu a maioria.
- Foi por isso que você não comprou aquelas sandálias mês passado, não foi?
- O quê?
- Aquelas sandálias que custam uma fortuna que você juntou um bocado de dinheiro pra comprar, porque elas iam completar sua coleção, você doou o dinheiro pra sua avó.
- O que você queria que eu fizesse? Ela não tinha dinheiro pra colocar a festa pra frente, era o mínimo que eu podia fazer. E, pra falar a verdade, os sorrisos delas fez valer a pena.
- Então quer dizer que você não precisa daquelas sandálias?
- Querer, eu queria muito, mas precisar, eu nunca precisei mesmo. – ela se virou pra mim – Por quê?
- Por nada. – o que Patricia não sabia era que ela não tinha comprado as suas sandálias dos seus sonhos, mas eu, no mesmo dia que descobri que ela não tinha comprado, fui na primeira loja da marca e comprei as sandálias que ela tanto queria. Era o meu presente de Natal para ela, eu sabia que quando que eu as entregasse ela daria o maior sorriso e me abraçaria forte. E, pra falar a verdade, eu não via a hora disso acontecer.
- Patricia, tem como você ir pegar os molhos pra mim? – Carmen falou.
- Claro. – comecei a seguir Patricia, mas Carmen me segurou pelo braço.
- Você pode ficar Noah, eu preciso de você pra pegar as coisas nas prateleiras mais altas. – ela apontou para as prateleiras do meu lado.
- Claro, quantos a senhora quer?
- Uns cinco sacos daquela lá de cima. – ela disse e eu comecei a pegar um saco um por um – Você e Patricia parecem muito... ligados um ao outro.
- Como assim?
- Só parece que vocês sabem muito sobre a vida um do outro.
- Bem, Patricia e eu nos conhecemos há uns cinco anos, quatro deles foram construído a amizade que temos hoje.
- E esse um que sobrou? – ela apontou pra outra prateleira no final do corredor – Pode pegar umas doze garrafas de vinho.
- Doze? – perguntei, andando em direção ao final do corredor.
- É, doze. Se tem uma coisa que a nossa família sabe fazer bem é comer e beber muito. – comecei a pegar as garrafas e colocar no carrinho – Então Noah, o um ano que sobrou?
- Oh, claro. Sua neta não é a pessoa mais aberta do mundo, você já deve ter percebido isso, no primeiro ano eu pensei que ela me odiava. Patricia intimida todo mundo por onde ela passa, não fala pra ela, mas até eu me sentia um pouco intimidado quando a conheci.
- Então o que aconteceu?
- Eu descobri que ela não me odiava, Patricia só é extremamente profissional e acha que escritório não é lugar pra ficar de papinho. Tanto que nossa amizade começou na mesa de um bar e aqui estamos. – terminei de colocar as garrafas no carrinho.
- Fico feliz que você tenho conseguido derrubar um pouco das muralhas que ela construiu.
- Não foi fácil, mas se me perguntassem, eu faria tudo de novo. Sua neta é incrível. – Carmen sorriu e balançou a cabeça.
- Você pode chamá-la? Eu encontro vocês no caixa.
- Claro.
Comecei a procurar Patricia por cada um dos corredores, até que eu a avistei com as garotas de mais cedo junto dela. Pelo punho cerrado eu sabia que ela estava a ponto de pular em cima do pescoço de uma delas. Então eu andei até ela, colocando um braço ao redor dos seus ombros, dando um beijo na sua bochecha.
- Então, achou o que estava procurando, amor? – Patricia olhou pra mim confusa até que eu sorri de lado, olhando pras garotas a minha frente, e ela entendeu o que eu estava fazendo.
- Achei sim, querido. Eu só parei um pouco pra conversar com as minhas antigas amigas do colégio, não é, garotas?!
- Vocês são amigas da Patricia? Muito prazer em conhecê-las, eu sou Noah, o namorado dela. – estendi a mão para elas.
- Namorado? – cada uma delas apertou minha mão enquanto a do meio perguntou.
- É, se vocês não se importam nós temos que ir.
- Namorado? – uma das outras perguntou – Namorado?
- É sim.
- Como vocês podem ver, eu tenho que ir. Tchau meninas, foi ótimo vê-las novamente. – viramos para o lado oposto do corredor, em direção aos caixas, mas antes de chegarmos lá pudemos escutar uma delas dizer:
- Como é que ela consegue sempre pegar os caras mais gatos?
Olhei pra Patricia, que segurava o riso tanto quanto eu.
- Do que vocês dois estão rindo? – Carmen perguntou quando chegamos ao caixa.
- Nada. – Patricia respondeu.
- Sei. Podem deixar de papinho então e me ajudar a levar as coisas para o carro.
- Seu pedido é uma ordem, alteza, nós somos seus meros servos.
- Odeio seu sarcasmo, neta querida, por isso você vai ajudar na organização.
- Ah não. – Patricia grunhiu, batendo o pé no chão – Eu não...
- Muito obrigada por se oferecer, Patricia. Por isso eu te amo tanto.
Já era quase noite quando Patricia chegou dos preparativos da quermesse. Claro que eu me ofereci para ajudá-la, mas Patricia recusou, me deixando sozinho o resto da tarde com a sua família. Acho que eu nunca me diverti tanto escutando as mais loucas histórias que essas mulheres tinham pra contar, nem mesmo quando eu estava com minha própria família. Por sorte dessa vez eu não era o único homem no meio de tantas mulheres. O pai de Stacy decidiu apareceu para visitar a filha, ele e Olivia já não estavam juntos, mas algo dentro dos olhos deles toda vez que ele falava dela me dizia que não era o que ele queria de verdade. Drew trabalhava em outra cidade e por isso dificultava a sua relação tanto com a Olivia quanto com Stacy, porém, em algum momento da nossa conversa ele chegou a dizer que estava fazendo o possível para se mudar de volta para a sua cidade natal pra ficar perto da sua filha e de algum modo reconquistar seu antigo amor. Algo me dizia que ia acontecer essa noite enquanto Olivia estivesse na barraca do beijo.
Agora aqui estava eu esperando que Patricia e Olivia descessem o resto dos degraus para que nós pudéssemos ir.
- Cadê seus saltos? – perguntei assim que Patricia desceu o último degrau da escada.
- Você acha que eu vou colocar minhas sandálias que custam mais de quinhentos dólares na lama? Eu estou ficando velha, não louca. – ela respondeu, colocando a jaqueta.
- Acho que você não está tão certa no quesito louca.
- Só posso ser louca mesmo pra continuar trabalhando pra você.
- Você me ama, pode dizer. – ela fez uma careta, cruzando os braços. Eu ri, puxando-a para um abraço – Eu gosto quando você usa salto, mas eu também estou gostando dessa Patricia mais casual, você fica menos intimidadora.
- Me lembre de nunca usar roupas casuais outra vez. – ela me abraçou pela cintura – Eu te odeio, sabia?!
- Bem que você gostaria que isso fosse verdade, não gostaria, tampinha?! – apertei seu nariz, coisa que ela detestava e quando eu estava afastando minha mão, ela tentou morder a mesma.
- Só porque eu estou dois centímetros mais baixa não quer dizer que eu sou uma tampinha.
- Dois centímetros? Boa tentativa, tampinha, tem pelo menos uns quinze. Desculpe te informar, mas você não é alta.
- Isso só prova que eu preciso usar saltos mais altos.
- Ainda assim, você é uma tampinha. – olhei pra frente vendo a família de Patricia toda reunida na frente da porta, olhando para nós com um sorriso nos lábios.
- Vocês têm certeza que não são um casal?! – uma das tias dela perguntou.
- Não. – ela se separou de mim – Vamos logo com isso, não quero pegar metros de filas. – Patricia saiu em disparada pela porta sem nem ao menos me esperar.
A quermesse ficava em um terreno um pouco fora da cidade, Patricia disse que ele pertencia ao seu tataravó e com toda a cidade interessada na quermesse, era o único lugar que cabia o público esperado. O lugar parecia um sonho, lembrava o píer que ficava na Califórnia que minha mãe costumava me levar quando eu era mais novo e estava lotado. Quando descemos do carro, todos desapareceram na multidão deixando eu e Patricia sozinhos.
- A onde você quer ir primeiro? Eu voto na roda gigante, faz tanto tempo que eu não ando em uma. – Patricia disse, me puxando em direção a roda gigante. Eu estava prestes a responder quando meu celular vibrou dentro do bolso e quando eu olhei no visor, desejei que o tivesse deixado em casa – É sua mãe?
- Pior, meu pai. – desliguei o celular, colocando-o no bolso.
- Noah...
- Eu não vou, Patricia, eu já te disse. Por que você fica insistindo? Você nem gosta dele.
- Eu só não quero que você se arrependa.
- Eu não vou.
- Tudo bem então. – Patricia soltou meu braço fazendo com que eu olhasse para ela.
- Desculpa, eu não queria falar daquele jeito com você.
- Eu que não deveria me meter na sua vida. – ela olhou para o lado, evitando o meu olhar e eu sabia que ela estava chateada comigo. Mas demorou apenas um segundo antes que visse seus olhos brilharem outra vez – Olha aquele panda gigante, Noah! Ai meu Deus, eu quero um! – segurei-a pela mão, arrastando-a até a barraca de tiro ao alvo. Eu sabia o que tinha que fazer pra colocar um sorriso em seu rosto outra vez. – O que você pensa que está fazendo?
- Eu vou ganhar aquele urso pra você.
- Quando eu disse que queria o urso eu não estava dizendo pra você ganhar pra mim.
- Mas eu vou fazer de qualquer jeito. – paramos em frente à barraca – Quantos eu tenho que acertar pra ganhar o panda?
- Todos. – paguei ao senhor, enquanto ele colocava a quantidade de balas na espingarda, me entregando logo em seguida.
Olhei pra Patricia, que estava segurando o riso.
- O quê?
- Quantas vezes você já jogou tiro ao alto, Fuller?
- Nenhuma.
- E como você pretende acertar todos?
- Sorte de principiante?
- Boa sorte então.
Mirei nos alvos e respirei fundo, tiro ao alvo era mais difícil do que parecia, o máximo que eu consegui foram três.
- Não foi dessa vez, rapaz, aqui um chiclete pelo esforço. – o senhor me entregou um chiclete e eu virei pra Patricia, que sorria. Andei até ela, estendo- lhe o chiclete.
- Não foi dessa vez.
- Você que pensa. – ela andou em direção ao cara, dando- lhe algumas notas e pegou a espingarda em cima do balcão. Patricia ajeitou a mesma, mirando nos alvos. Meu queixo literalmente caiu quando Patricia acertou todos os alvos e, pelo barulho da sirene, em menos de um minuto, o qual era tempo recorde.
- Aqui, senhorita. E você ganha uma pulseira por bater o tempo recorde. – ele entregou o urso pra ela e depois uma pulseira.
- Muito obrigada. – ela pegou o urso e o apertou. Ela se virou pra mim e eu voltei para a realidade.
- Como? – perguntei, vendo-a começar a andar novamente – Como você fez isso? – perguntei, andando ao seu lado.
- Minha avó. Ela costumava caçar com meu tataravô, eu não gosto de caçar, mas não recusei aprender a atirar.
- E você deixou que eu fosse lá me humilhar?
- Você que foi dizendo que ia ganhar o panda pra mim. – ela riu.
- Depois dessa, me lembre de nunca te deixar irritada.
- Não se preocupe, Fuller, eu não vou te matar.
- Fico feliz em saber disso.
- Não antes de fazer você passar sua empresa pro meu nome. – ela se virou pra mim, sorrindo – Estica seu braço.
- O quê?
- Só estica seu braço, Fuller. – fiz o que ela me pediu, esticando o braço pra ela. Patricia pegou a pulseira que tinha acabado de ganhar e colocou em meu braço.
- Pra você não dizer que eu nunca te dei nada.
- Obrigado.
- De nada, chefinho. – Patricia disse e acenou para o condutor da roda gigante. Ela passou direto pela fila, parando em frente a ele – Oi Sam, será que tem um lugar pra mim e meu amigo aqui irmos agora?
- Claro.
- Patricia, você não pode furar a fila. – falei, segurando seu braço.
- Você está vendo alguém reclamar? – olhei para a fila e ninguém estava reclamando, pra falar a verdade alguns estavam até sorrindo.
- Eu não estava brincando quando eu disse que eu virei a Lady Di desse lugar. Agora vamos logo. – ela me puxou para a roda gigante e se sentou em uma das cabines com o urso em seus braços. Sentei-me ao seu lado colocando a barra de segurança.
- Cidades pequenas são bizarras.
- São bizarras pra você que o máximo de cidade pequena foi algum chalé na França.
- Você não esquece?
- Não. Esse é um dos meus piores defeitos.
- Não acho que seja um defeito.
- Acredite, também não é uma benção. – a roda gigante começou a se mover nos levando para o topo onde podíamos ver a quermesse inteira. O lugar ficava ainda mais bonito de cima, as várias cores das luzes, dos brinquedos e das barracas davam vida ao lugar.
- Isso aqui é incrível. – eu disse depois de algumas voltas na roda gigante.
- Você acha?
- Sempre o tom de surpresa.
- Não sei, sempre achei que como você cresceu em uma família rica, tudo isso aqui não passava de uma coisa de gente caipira.
- Você pensa muito pouco de mim.
- Você sabe que isso não é verdade, você sabe que eu te acho incrível. – ela olhou pra mim – É só que sua realidade foi diferente da minha.
- Talvez eu gostaria de ter uma realidade igual à sua. Eu entendo porque você gosta tanto deles, sua família é incrível.
- Famílias são famílias, Noah. Todas têm problemas, todas têm seus dias ruins, acontece com todo mundo. Sua família não é ruim só porque um membro dela é um babaca.
- Basta uma maçã podre pra empestar uma árvore inteira.
- Isso não é verdade, Noah! Sua mãe é um amor, suas tias também, sua avó então, é uma comédia. Você deveria ir visitá-los por causa delas, não por causa de um babaca que fazia bullying com o próprio filho por causa do peso. – ela olhou pra mim e respirou fundo – Desculpa, eu sei que você não gosta de falar sobre esse assunto. – ela segurou minha mão – Não vou mais falar sobre sua família enquanto você estiver aqui.
- Nós deveríamos falar sobre a sua, a sua família incrível.
- Acredite, nós também temos a nossa maçã podre. – ela olhou para suas mãos e depois para mim – Noah, eu tenho que te contar uma coisa. Na verdade, duas. Bem, se eu pensar bem, são três.
- Estou a todos ouvidos.
- A primeira coisa...
- Patricia, sai dessa cabine agora! – viramos os dois para o lado vendo Olivia ao lado do condutor – Eu preciso da sua ajuda.
- Agora?
- É, agora. E antes que você fale alguma coisa, você me deve uma, então vem logo.
- Odeio quando você usa os favores que fez pra mim quando estávamos no colégio. – Patricia se levantou e eu fui atrás – Eu vou ter que passar minha vida inteira pagando por isso?
- Sim.
- O que foi dessa vez, Olivia? – Roberts perguntou, enquanto Olivia cortava caminho pela multidão.
- Drew quer conversar comigo. – ela falou por cima do ombro.
- E você me quer como testemunha pra quê? Já basta ter pegado vocês dois enquanto concebiam Stacy. – Patricia balançou a cabeça – Eu ainda tenho a imagem na minha cabeça.
- E eu não? – Olivia olhou para a prima que estava vermelha como um pimentão.
- Diz logo o que você quer.
- Eu preciso que você fique na barraca do beijo por alguns minutos enquanto eu e Drew conversamos. – ela se virou pra nós – E eu quero que você leve Stacy pra piscina de bolinhas – ela olhou pra mim – Todas as amiguinhas do colégio dela estão lá junto com vovó e nossas tias, você pode fazer isso?
- Claro.
- Está vendo, Patricia, até seu namorado vai cooperar.
- Olivia, eu vou te matar! – Patricia estava a ponto de pular em cima de Olivia quando Stacy e Drew se aproximaram.
- Mamãe, eu posso ir agora pra piscina de bolinhas? – ela abraçou a mãe pelas pernas.
- Pode sim, o Noah que vai te levar.
- Verdade? Tudo bem então. – ela se soltou da mãe e parou ao meu lado, segurando minha mão – Vamos tio Noah, eu quero ir logo.
- Então não vamos perder mais tempo. – peguei Stacy do chão e a coloquei em meus braços.
- Tia Patricia, você não vai com a gente?
- Não, eu vou substituir sua mãe na barraca do beijo.
- Vai ver você acha o seu príncipe encantado do mesmo jeito que mamãe achou quando conheceu papai.
- Talvez. – Patricia sorriu uma última vez antes de andar em direção a barraca beijo. A piscina de bolinhas ficava do outro lado da quermesse então era uma longa caminhada até lá. Stacy foi o caminho inteiro falando sobre o quanto seu pai e ela tinham se divertido até agora, ela também disse o quanto sentia falta dele e quanto esperava que seus pais voltassem a ficar juntos.
- Como você pode ter tanta certeza que eles querem ficar juntos? – perguntei, sem nem ao menos pensar antes.
- Porque eles se olham do mesmo que você e a tia Patricia se olham, e segundo a vovó, isso é amor.
- Mas eu e a sua tia somos amigos. – Stacy olhou pra mim e riu.
- Por enquanto.
- Quem fica colocando essas coisas na sua cabeça? – perguntei, fazendo cócegas nela e vendo-a se contorcer em meus braços.
- A vovó. – ela respondeu logo quando chegamos à piscina de bolinhas. Stacy quase pulou do meu colo quando avistou a avó.
- Pode colocar ela no chão, Noah, as amiguinhas de Stacy já estão todas lá dentro.
- Tudo bem então. – coloquei Stacy no chão, que correu em direção a piscina de bolinhas e se juntou a um grupo de garotas da sua idade.
- Onde está Patricia?
- Teve que substituir Olivia na barraca do beijo. – Carmen olhou pra suas irmãs e depois pra mim.
- E você está esperando o quê? – olhei pra ela, confuso – Não vai fazer companhia a minha neta não? Olivia deve está com Drew a essa hora e todas nós sabemos o quanto essa reconciliação vai demorar. Patricia odeia esperar, se você estiver lá, pode ser que ela não mate alguém antes que Olivia volte.
- Você tem razão.
- Não se preocupe, nós cuidamos de Stacy a partir daqui. – acenei com a cabeça antes de voltar pelo caminho que eu tinha vindo. Patricia estava com cara de poucos amigos, encarando as unhas. Esperar nunca foi uma das virtudes de Patricia, principalmente quando ela estava presa em uma situação na qual não estava em seu poder sair dela.
- Gostando de ficar na barraca do beijo?
- Eu quero morrer! – ela me puxou para ficar ao seu lado na bancada – Oli disse que ia demorar quinze minutos e já fazem mais de vinte. Eu sei que ela e Drew fizeram as pazes, mas eu não tenho que pagar o pato por ela.
- Ela já está chegando.
- Noah, eu estou temendo pela minha vida! Tem um velho que já passou por aqui umas três vezes e me deu uma piscadela, acho que ele vai comprar ficha pra tentar me beijar.
- Mas esse é o intuito da barraca do beijo!
- Ai meu Deus! Olha Noah, está ali ele – ela apertou o meu braço na hora que um senhor meio esquisito estava passando.
- Ele é meio estranho mesmo.
- Estranho e meio você quer dizer. – Patricia grunhiu – Senhor, eu me arrependo todos os dias de pedir ajudar a Olivia. Aquela bruxinha nunca esquece de nada.
- Vai ver o senhor não beija tão mal assim. – Patricia olhou incrédula pra mim – Só toma cuidado com a dentadura, pra não sair do lugar.
- Eu te odeio! – ela me deu um empurrão.
- Patricia. – olhamos os dois pra frente vendo Aaron parado na nossa frente – Barraca do beijo?
- É, Oli teve que resolver algumas coisas e me deixou aqui. Dá pra acreditar na minha má sorte?
- Não tão má sorte pra alguns. – ele respondeu, sorrindo de lado e eu já sabia o que ele estava aprontando – Te vejo em breve. – ele saiu, mas não antes de olhar pra Patricia mais uma vez.
Só o pensamento de Patricia beijando outro cara acendeu uma faísca dentro de mim, e saber que esse cara poderia ser Aaron foi o que foi preciso pra um fogo acender dentro de mim. Eu não sabia por que, mas eu tinha que acabar com qualquer chance deles dois se beijarem e eu sabia exatamente o que fazer.
- Eu volto já! – falei, antes de sair correndo em direção a bilheteria. Agradeci mentalmente pela fila está pequena e apenas crianças estivessem em minha frente.
- O que eu posso fazer por você, senhor?
- Eu vou querer todas as fichas da barraca do beijo. – eu respondi e a mulher olhou pra mim assustada.
- Você vai querer todas as fichas da barraca do beijo?
- É, todas.
- Mas isso são 920 dólares, você vai querer realmente?
- Vou.
- Tudo bem! Como prefere pagar?
- Vocês aceitam cartão?
- Claro. – entreguei o cartão para ela, que passou o mesmo e depois me entregou a máquina – Aqui suas fichas e seu cartão. – ela me entregou o cartão e uma sacola de fichas – Essa garota deve ter te pegado de jeito, hein?!
- Ah, você não imagina o quanto.
Voltei para a barraca vendo Patricia falar com alguém em seu celular, e assim que me viu se aproximando, desligou o mesmo.
- Você estava falando com quem?
- Com ninguém.
- Eu sei que você está mentindo.
- Era só aquele banqueiro idiota tentando falar comigo.
- Verdade?
- Verdade. – ela respondeu colocando o celular no bolso de trás – Noah, o que é isso? – ela apontou pra sacola.
- Todas as fichas da barraca do beijo.
- O quê? – ela olhou pra mim com a boca meio aberta.
- Eu quero ajudar sua avó e quero te ajudar. – Patricia ainda estava de boca aberta olhando pra mim, procurando o que dizer.
- Você é o melhor chefe do mundo! – Patricia pulou em meus braços – Meu Deus, muito obrigada! Eu não vou ter que beijar nenhum velho tarado.
- Dá pra você repetir isso?
- Pra que?
- Pra eu poder gravar e toda vez que você reclamar, eu te mostrar.
- Não se preocupe, eu não vou esquecer disso. – ela se apoiou no balcão e eu me apoiei ao seu lado.
- Você acha que eles fizeram as pazes? – eu perguntei, olhando pra frente.
- Com certeza. Oli e Drew se amam tanto que chega a ser até aqueles amores de comédia romântica.
- Se eles se amam tanto, por que separaram?
- Drew sempre quis dar o melhor de tudo pra elas, ele sempre foi muito ligado ao dinheiro então trabalhava como um condenando pra dar tudo que ele achava que elas precisavam, se esquecendo de dar o essencial: amor. Até que Oli não aguentou mais e saiu de casa, ela sempre disse que Drew era o amor da sua vida, mas ele precisava aprender a amá-la e não tentar tampar sua ausência com coisas materiais. Acho que agora ele apreendeu a lição.
- Comédia romântica mesmo.
- Não é tão mal assim, se você for pensar. Nos filmes tudo parece fácil porque é, o ser humano que tem a mania de complicar tudo porque secretamente adora um drama.
- Então você queria viver um amor de comédia romântica?
- Não – ela olhou pra mim – Só um amor já tá de bom tamanho. – desviei meus olhos dos seus por uma fração de segundos para seus lábios e eu percebi o quão convidativos eles eram, não era primeira vez que isso acontecia, Patricia tinha uma velha mania de morder os lábios que parecia até um convite para beijá-los. Talvez eu pudesse, nem que fosse por alguns segundos, beijá-los, só pra saber como é.
- Senhor? – uma voz me tirou do transe fazendo com que eu olhasse pra frente.
- S-sim. – limpei a garganta e me desencostei da bancada – Em que posso ajudá-los?
- Esse senhor me disse que você comprou todos os itens da barraca do beijo, mas não cobrou nenhum deles.
- É verdade, eu ainda não os cobrei.
- A barraca de beijo está tendo muita procura, não teria como o senhor usar alguma dessas fichas?
- Tudo ao seu tempo.
- Se o senhor não for usar as fichas creio que vou ter que pegá-las de volta.
- Por que? Eu paguei por elas.
- Qual o intuito de comprar as fichas se você não vai beijar a moça?
- Ele vai me beijar, mas não agora. – Patricia falou, cruzando os braços.
- Eu só saio daqui com uma prova que ele vai usar as fichas. – o senhor falou, nos encarando.
- Como assim?
- Vocês vão ter que se beijar.
- O quê? Claro que não.
- Está vendo, ele comprou as fichas pra impedi-la de beijar outros caras. Isso é injusto! Eu vou falar com a organização desse evento, essa barraca...
- Ah, cala boca, seu velho idiota! – então Patricia fez o inesperado: me segurou pelo rosto e me beijou.
No começo eu fiquei surpreso, porém quando Patricia estava prestes a se afastar eu coloquei uma mão em seu pescoço e outra em sua cintura, aprofundando o beijo. Por mais que eu tivesse expectativas de como seria beijá-la, a realidade superava todas as expectativas. Se eu soubesse que beijar Patricia era tão maravilhoso, eu já teria lhe roubado um beijo muito antes. Talvez daqui pra frente eu o faça.
- E então, prova o suficiente? – Patricia se virou para o velho, que estava de boca aberta.
- Uou! – Olivia falou, fazendo com que virássemos pra ela. – E bota prova nisso.  

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