"Você não respondeu à minha pergunta." Eu disse enquanto parávamos em frente a um restaurante chamado Flying Fish.

Theo conversou algo em inglês com a hostess que estava do lado de fora e, após ela olhar um papel em sua mesa, logo nos indicou a entrada do restaurante.

"Você é a única que faz eu perder o juízo." ele sussurrou afinal em meu ouvido.

Eu sorri com todos os músculos possíveis do meu rosto.

O jantar acabou sendo excelente tanto pelo lugar incrível que era o Flying Fish quanto pela comida. Theo, pelo visto, já decorou que eu amo frutos do mar.

No final, não pedimos sobremesa, mas fui prometida que não ficaria sem ela.

Ao sairmos do restaurante o sol já havia ido embora dando espaço para que o extenso varal de lâmpadas ao redor do lago refletisse seus pontos amarelos sobre ele. Do outro lado do calçadão, devido à distância, as luzes lembravam cordões de pérolas e se duplicavam pelo reflexo na água.

Depois de olhar no relógio Theo me puxou para um local perto da entrada do Boardwalk onde uma tela de cinema feita de plástico havia sido inflada.

Ele disse para que me sentasse no gramado e saiu logo depois para comprar algo para mim, o que eu deduzi ser a sobremesa.

O filme acabou começando sem que ele tivesse voltado e eu e mais as outras pessoas que estavam por ali começamos a prestar atenção nele. Era "Universidade Monstros".

Quando Theo apareceu afinal, trouxe junto dois cupcakes bonitinhos de cobertura branca com um par de biscoitos Oreos colocados em cada de uma forma que lembravam as orelhinhas do Mickey.

Com um selinho demorado em minha boca, Theo se sentou de pernas cruzadas e me deixou deitar com a cabeça em seu colo enquanto eu saboreava o bolinho e quase me engasgava de tanto rir por causa do filme.

Meu único problema ali foi uma formiga desaforada que, provavelmente atraída pelas migalhas do cupcake, insistia num triângulo amoroso ao subir pela minha perna.

Assim que o filme acabou houve uma rodada de aplausos, mas não para ele. Meia dúzia de pessoas batia palmas por causa dos malabarismos de um artista de rua que se apresentava ali perto.

Os quiosques já haviam fechado e o lugar, que já era calmo, foi começando a ficar ainda mais silencioso.

Theo me viu olhar o relógio apreensiva e tratou de me acalmar.

"Relaxa. Alice vai ligar daqui a cinco minutos para sua mãe e dizer que você e mais um pessoal da igreja vão comer uma pizza depois do culto."

"Uau! Isso tudo por alguns ingressos pra Disney?"

"Em Orlando não existe melhor moeda de troca." Theo sorriu.

Me dando a mão novamente começamos a andar pelo calçadão e chegamos ao que ele chamou de gazebo. Uma construção branca apenas com telhado e colunas de madeira que sustentavam tudo aquilo. Parecia um longo corredor e se estendia por uma boa parte na lateral do lago.

Nenhum som parecia perturbar aquele lugar, a não ser o cricrilar dos grilos.

"Certo. A gente ainda tem vinte minutos" Theo disse olhando para o seu relógio "O que você quer fazer enquanto isso?"

"Vinte minutos pra que?" perguntei me apoiando de costas no gradil do gazebo.

"Você vai ver. Mas por enquanto a gente pode se divertir um pouco."

"Tipo?"

"Tá louco? E se flagrarem a gente?"

"Não vão." ele disse apoiando as mãos no peitoral e me prendendo com seus braços. "Já fiz isso algumas vezes."

O diário (internacional) de Babi 2 -New AmericanaWhere stories live. Discover now