Capítulo 18

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[Liliana]

Está uma bela manhã de domingo, o céu praticamente limpo, algo tão raro no mês de Janeiro e em pleno inverno. Já devo estar à uns vinte minutos a apreciar a vista desta límpida manhã e da bela Lisboa.

As ruas movimentadas, carros a andar, famílias a passear, alguns belos pássaros no cimo das árvores de pequeno parque à frente do nosso prédio, onde crianças brincam animadas aproveitando os últimos minutos antes de irem para casa porque as mães tem de fazer o almoço. E eu aqui, neste quarto, só e a pensar na vida.

Devia estar a estudar, tenho provas esta semana, mas se me sento à frente dos livros e me tento concentrar não funciona! A minha mente continua a vaguear, a pensar em tudo o que há à minha volta, mas principalmente na pessoa que preenche o meu coração.

Desde sexta-feira à tarde que ainda não consegui voltar a falar com o Ross. Eu preciso de estudar, e sim, estudei, mas não conseguia deixar de hora em hora ir ver se ele não ficava on no Skype, mas foi escusado, nunca encontrei a sua presença, nem vestígios de tal.

O fim de semana tornou-se em algo mortífero, que me está a consumir a pouco e pouco. O Pedro veio surpreender a Leonor e eles tem aproveitado para estarem juntos, poderia estar com eles, mas precisam de matar saudades, e também tenho de confessar que teria inveja. Depois a Sofia esteve com os pais ontem e agora também está a aproveitar para estudar, concluindo, estou só com tempo que chega e sobra para pensar em tudo, para além de que tenho andado indisposta, acho que devo ter comido algo estragado. Como vês Liliana, estás numa maré de sorte surpreendente... Ironizo comigo própria.

Tento forçar-me mais uma vez a ir estudar relembrando-me que disso depende a possibilidade ou não de ir fazer uma surpresa ao meu belo e carinhoso namorado, do qual tenho saudades infinitas. Mas é escusado, não consigo ver mais livros e apontamentos à frente, estou farta disto, estive ontem de dia e grande parte da noite em frente a isto a tentar aprender alguma coisa.

Levanto-me e dirijo-me à sala onde encontro Leonor e Pedro sentados a conversar e namorar. Sorrio, é impossível não sorrir ao vê-los assim felizes e eu fico feliz por eles, conheço ambos à já alguns anos, a Leonor é dos meus maiores apoios e uma grande amiga, o Pedro é um rapaz fantástico que tive o prazer de conhecer e que depois me levou a conhecer o meu ex-namorado, o qual só de pensar ainda me dá arrepios, apesar de na verdade ter alguma curiosidade para ver como o Ricardo está, talvez um dia o vá ver, porque, acreditem ou não, eu sei que ele é bom, errou muito, a nossa relação teve muita falsidade, mas eu conheço-o minimamente e ele, na verdade, é uma ótima pessoa, eu estive com ele um ano, se não sabia se o conhecia bem, agora tenho a certeza que o conheço. Ele também já foi muito castigado, e disso só eu sei, o que ele mostra é a escuridão que o engoliu, mas ainda há luz, e eu depois disto tenho esperança, a cima de tudo, éramos amigos!

Várias são as memórias que passam por mim, recordações felizes e tristes com um pouco de tudo.Relembro o momento em que o Pedro e a Leonor se conheceram, fui eu quem os apresentou - só para variar, já que ela é que habitualmente é que apresenta pessoas novas - relembro o momento em que os seus olhares se cruzaram e eu acho que foi a primeira vez que vi a minha amiga corar. Depois daquele momento vi que só podiam acabar desta maneira, apesar de gostarem de se chatear mutuamente, mas acho que isso era apenas um pretexto para se falarem, e ainda não consigo acreditar como foram tão estúpidos visto que andaram nisto um ano, um ano apaixonados um pelo outro, mas com medo que não fosse reciproco.

Então é impossível não sorrir e ficar feliz por eles, lá no fundo tenho alguma inveja, mas a felicidade é muito maior e o que eu mais lhes desejo é o desejado e admirável: Felizes para sempre.

Only love [Double love Double R 2]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora