Capítulo 1 - Dama Policromática

224 27 3
                                    


Essa casa de bonecas

Está me perturbando até a morte.

Por favor, vamos acabar com isso.

Eu não quero mais jogar esse jogo

E brincar com essas perturbadoras bonecas quebradas.

Não quero ser obrigada a puxar as cordas através delas,

Não sou uma titereira maléfica,

Então acabe com essa dor de uma vez.

***


O homem que abrira a porta para Caleb o olhou por alguns segundos, ainda um pouco pensativo. Parecendo acordar para a realidade, ele piscou rapidamente seus olhos e cedeu espaço para que o detetive entrasse, apontando para dentro.

- Sim, claro! Por favor, entre.

Caleb olhou para trás por um momento, fazendo com que seu olhar vagasse pelo o que estava do outro lado da rua: árvores que se erguiam, densas, e não permitiam que muita coisa fosse vista do que havia entre elas. Não querendo se atrasar para o que precisava fazer, vagarosamente caminhou para dentro do Sanatório, observando o local e correndo seus olhos pelas paredes e o teto. O hall não se estendia demais, o chão de mármore bege brilhava e vasos de plantas estavam sendo sustentados em delicadas mesinhas de canto, um portal de vidro fazia com que fosse possível avistar uma boa parte do que seria o próximo cômodo. Adentraram o local e Caleb pôde perceber que ali era como um salão com mais dois portais em suas extremidades. As paredes pintadas com cores suaves, os ladrilhos do chão possuíam um marrom delicado e, por ali, estavam distribuídos alguns sofás. Neles, pacientes de roupas brancas estavam sentados, sendo propriamente cuidados por seus enfermeiros.

Houveram os que olharam para Caleb com curiosidade, parando suas atividades como rabiscar algo em uma folha ou de conversar com os enfermeiros, e outros que recuaram por receio, mas também houveram os que simplesmente encaravam o nada com seus olhos vazios e até mesmo deixavam um rastro de saliva escorrer pelo canto dos lábios, e os enfermeiros rapidamente tratavam de limpá-los. Não pareciam sofrer maus tratos de modo algum, mas todos possuíam um olhar perdido ou de que já não possuíam mais esperanças. Esperanças do que? De sair desse lugar. Não importa o quão bem estão sendo tratados, eles querem ir para casa, Caleb refletiu.

Perto do final do salão, duas grandes escadas - uma delas rolante - se estendiam para o segundo andar, e lá em cima se bifurcava em dois corredores: um para a esquerda e outro para a direita.

- Então é o senhor que está cuidando do caso da pobre Emma. Meu nome é Luís de Alcântara, enfermeiro chefe do Sta. Lucy. É um prazer lhe conhecer, detetive, irei ver se Emma está em condições agora mesmo.

- Seus pacientes caminham livremente por aqui? - Perguntou, curioso.

- Sim, eles não são encarcerados ou maltratados, apesar de sempre retratarem isso sobre Sanatórios. Esse lugar tenta fazer uma distinção dos ruins. Nossos pacientes caminham pelo salão e podem acessar o refeitório - e apontou para o portal direito do lugar - e para a sala de recreação - e para o esquerdo. - Todos possuem um quarto confortável para si, abrimos uma exceção somente para um par de garotinhas gêmeas que não se desgrudam de jeito nenhum. Obviamente elas são supervisionadas pelos nossos funcionários para que nenhum imprevisto aconteça.

O Caso de Emma BrownWhere stories live. Discover now