Capítulo 3

92 9 3
                                    

Não, não, não. Isso não pode estar acontecendo.

Porque meu Deus? Porque tenho que passar por tudo isso? Porque todo esse sofrimento?

__Lívia - Helena segura meus ombros, me fazendo olhar pra ela. __Ah Lívia - diz com um semblante de pena.__Eu sinto muito.

__Porque? -grito em meio às lágrimas. __ O que foi que fiz de errado nessa vida?! - levo as mãos aos meus cabelos puxando com violência como se isso fosse amenizar a minha dor. __Eu... Eu preciso ver ele - arregalo meus olhos olhando pra todo canto procurando as chaves do meu carro.

__ você não pode dirigir nessa situação. - diz limpando minhas lágrimas.__Se acalma por favor, não irei te levar desse modo ao hospital - diz me direcionando ao sofá.

__Oh meu Deus por que? - coloco minhas mãos na boca e choro.

Ele se foi. Mas agora pra sempre.
Ele nunca voltou pra casa depois do divórcio. E agora? Agora ele nunca irá voltar pra mim.
Isso está doendo mais do que quando perdi minha mãe. Dói no fundo da alma, uma dor inexplicável.

O que eu fiz pra merecer isso? O que foi que eu fiz? Joguei pedra na cruz? Blasfêmei contra Deus? Será que ele realmente esteve comigo? Onde é que ele está agora? Por que não está acalmando o meu coração, assim como fez quando Minha mãe morreu? Onde está o meu Deus?
É nessas horas de dor e angústia que Deus se encontra em silêncio conosco. É nessas horas, que percebemos que ele está apenas vendo o choro sofrido de alguém.

Eu só queria saber porque?
***

__infelizmente, seu pai morreu de falência múltiplas dos órgãos. Ele não ia aguentar por muito tempo, eu já tinha lhe dito isso antes. Eu... Irei arrumar os papéis a você. Eu sinto muito - Eduardo diz e vira as costas sumindo pelo corredor do hospital.

__Lívia - Helena toca no meu ombro direito.__vamos pra sua casa, você precisa avisar Henry e Alex. - diz e eu apenas concordo.

Meus irmãos. Como será que eles vão reagir?
Se eu estou nessa situação imagina como eles ficaram?

Saio pela porta do hospital e sinto o vento gelado no meu rosto. Fecho meus olhos e lembro de quando tinha 5 anos de idade.

__pai você vai ir na minha formatura não é? - olho para o homem a minha frente

__claro que o pai vai filha! - diz e sorri.__Mas agora o pai tem que ir embora.

__Por que? Por que não fica?

__O pai não pode. Mas amanhã eu vou estar lá te vendo - diz e eu sorrio abertamente.

Ele vai estar lá. Meu pai vai me ver.

Naquela noite eu deitei e dormi, feliz como se eu tivesse ganhado uma boneca nova.

...

__Cadê seu pai Lívia? - Natália pergunta.

__Está lá dentro. Você vai ver o quanto meu papai é lindo. - digo sorrindo pra minha coleguinha.

A nossa professora arruma, todos certos na fila e entramos pela porta vendo um monte de pais a olhar seus filhos.

Olho em volta e vejo minha mãe sorrindo pra mim. Mas eu conheço minha mãe. Era um sorriso triste. Meu pai não estava ali. Ele não foi.

__Lívia Stefane Bittencourt. - ouço professora Juliana me chamar.

Olho novamente em volta, e vou a ela em passos lentos de cabeça baixa. Ela me abraça e me parabeniza.

__Sorriem pra foto. - diz o fotógrafo.

Minha professora sorriu, mais eu?
Eu não tinha motivos pra tal coisa.

Sabe ódio? Foi ódio que eu senti quando descobri depois de um tempo, que a minha professora era amante de meu pai, e que ele não foi por conta disso.

Me senti como um lixo. Um lixo que não serve pra absolutamente nada. Me senti inútil.

É assim que estou me sentindo agora, uma inútil.,

Olá pessoal! Esse capítulo foi feito ouvindo a música Not About Angels - Birdy. Espero que esteja bom.

Beijos <3

Janela De VidroWhere stories live. Discover now