Capítulo 5

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Acordei com minha mãe me chacoalhando, olhei no relógio eram 09:15, enrolei uns cinco minutos, então levantei, escovei meus dentes e desci pra tomar café.
-Filha, hoje nós vamos na casa do seu tio fazer uma visita, faz tempo que não vamos lá - falou meu pai.
-Nós o que?! - quase derrubei o copo com leite que estava tomando.
Não é que eu não gostava de visitar minha família, só me sentia um pouco deslocada, não tinha ninguém da minha idade (ou próximo) pra mim conversar, então era tedioso.
-Não faça drama - respondeu meu pai.
-Vai ser divertido - falou minha mãe animada.
-Divertido pra quem?
-Termina seu café e vai se trocar, vamos sair umas 11:30 - falou ele.
Terminei meu café e subi pra me trocar (contra minha vontade), abri meu guarda-roupa e olhei as opções. Coloquei um short curto branco, uma regata preta e um all star preto, amarrei uma blusa xadrez na cintura e olhei no espelho. Eu tinha cabelos compridos castanhos claros, mais puxado pro mel, com cachos nas pontas, pele "bronzeada" (mas nem tanto, era até um pouco branca), olhos escuros.
Não tinha o corpo que todas as meninas sonhavam, era um pouco magra, sem peito ou bunda grande, mais gostava dele, me achava "atraente", vamos dizer assim.
Antes de descer passei uma maquiagem básica, ou seja, base, lápis de olho e rímel (não estava a fim de me maquiar). Então desci e fui até a cozinha, encontrei meu pai encostado no balcão onde ficava a pia, minha mãe, ao que parecia, já tinha ido pra outro cômodo da casa. Ao me ver meu pai fez uma careta.
-Era isso ou vestido e tênis - falei - E o senhor sabe que vestido e tênis não combinam - acrescentei em tom irônico.
-Preferia o vestido - respondeu ele.
Revirei os olhos e começamos a rir, minha mãe apareceu na porta e olhou pra mim depois pro meu pai.
-Não está tentando convencer ela a usar saia de novo né? - perguntou ela.
-Não - respondeu meu pai, como se fosse óbvio - Estou tentando convencer ela a por vestido - continuou sorrindo.
Minha mãe olhou e começou a rir.
-E como está sua tentativa?
-Péssima.
-Bom, enquanto vocês discutem eu vou pro quintal me acostumar a ficar isolada - falei.
-Já disse pra não fazer tanto drama Izzy - disse meu pai, com um tom bravo.
-Tá - gritei do corredor no lado de fora da casa.
O corredor dava acesso aos fundos, que era um espaço não muito grande, com uma rede em um dos cantos e uma churrasqueira no canto oposto com uma pia do lado. Sentei na rede e comecei a balançar. Quando eram 11:15 meu pai começou a chamar para irmos. Enrolei o máximo que pude, ou seja, dois minutos, já que meu pai sabia que eu estava pronta e deitada em uma rede.
Peguei meu celular e meu fone (é claro) e sai. Meus pais já estavam na garagem esperando. Saímos de casa umas 11:20 (dez minutos mais cedo que ele tinha falado). No carro coloquei meu fone e fui edcutando música.
Quando chegamos na casa dos meus tios (Marcelo e Carolina), tirei os fones para cumprimentar.
-Tia Carol!! - exclamei (tá, eu gostava de ver eles).
-Izzy! - respondeu ela - Como você tá grande!
Quando cumprimentei meu tio, ele me levantou do chão e falou:
-Daqui uns dias não vou mais conseguir te levantar ein! - brincou.
Comecei a rir e ele me colocou no chão. Ao entrarmos coloquei meus fones de novo, meu pai me olhou com um olhar negativo, revirei os olhos (mas não tirei os fones). Estava estirada no sofá, quando minha tia veio falar comigo.
-Eai como tá na escola nova? - perguntou.
-Bem, até que não foi tão ruim.
-E os meninos de lá? - quando ela reparou no meu olhar confusa, acrescentou - São bonitos?
Comecei a rir e falei:
-Mais ou menos... - mas não completei a frase.
-Humm - falou minha tia (minha tia era um pouco diferente das outras tias, ao invés de perguntar "E os namoradinhos?", ela perguntava outras coisas) e acrescentou - Já fez amizade com algum?
-Mais ou menos, falei com meu vizinho que também estuda lá - respondi, ainda rindo.
-Vizinho é? - ela me olhou desconfiada.
-Só vizinho tia - acrescentei.
-Aham sei... - ela ainda me olhava como se soubesse de algo - E você já ficou com alguém?
Voltei a rir de novo, definitivamente minha tia não era como as outras.
-Não - respondi, como se fosse óbvia a resposta.
-Carol, isso daqui era para estar no fogo mesmo? - perguntou meu tio.
-Isso o qu... - começou ela - Nossa esqueci o macarrão no fogo. Já volto - continuou ela, já se levantando - Ah! E nossa conversa ainda não acabou - continuou e deu uma piscadinha pra mim.
Concordei com a cabeça rindo, em seguida coloquei meu fone novamente.
Tirando o almoço, eu não levantei daquele sofá pra nada, até meu tio me chamar pra ver ele é meu pai jogando bola, ou pelo menos tentando. Aquilo era bem engraçado, eles até que sabiam jogar um pouco, mas o fato de parecer que eles não conseguiam pegar a bola era hilário. Não conseguia esconder o sorriso, quando os dois me puxaram pra jogar também (eu não fazia ideia de como jogar bola, aliás, não sabia praticar nenhum esporte), então ficou os três correndo de um lado pro outro, levando tombos (só meu pai caiu duas vezes e meu tio três), enquanto minha mãe e minha tia riam.
Tá, aquele dia não foi tão chato quanto eu tinha imaginado. Mal notamos o tempo passar, quando minha tia chamou pra tomar café, foi ai que olhamos o relógio e já eram 16:20. Apesar do meu pai ter falado que já íamos embora, meus tios insistiram para tomarmos pelo menos um café (e adivinha, nós ficamos).
Tudo bem que isso não foi tão ruim, já que minha tia tinha feito um bolo e meu tio comprado uma torta de morango. Após esse café nós fomos embora.
De noite, após o jantar, fui deitar um pouco na rede do lado de fora da casa, coloquei meus fones e comecei a escutar música, e sem querer adormeci. Quando acordei, olhei a hora no celular, a música ainda tocava, e eram 23:25, ou seja, eu tinha ficado duas horas ali dormindo.
Levantei ainda cambaleando um pouco de sono, e fui pra dentro. Meus pais já tinham ido dormir (E me deixaram lá fora), subi pro meu quarto e fui dormir (não antes de mexer um pouco no celular).

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