Capítulo 15

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Christian estava demorando no banheiro, e Thayla começou a pensar sobre o que aquilo significava.

Talvez ele queira adiar o dia de me ver matando alguém.

Ele mais uma vez estava fazendo bem a ela sem saber, pois ela se sentiria muito desconfortável em fazer aquilo em sua frente, ainda que sua determinação e motivação não fossem ser abalados pelo fato de ele estar vendo.

Não posso esconder esse lado dele por mais tempo. Aliás, não posso esconder mais nada dele.

O homem a sua frente era grande, ligeiramente acima do peso, mas era pouca coisa e deveria ser por conta da bebida.

- Então, senhora, onde estaria seu marido?

- Ele está no banheiro.

- Então o problema foi alguma coisa estragada?

- Não não, ele está passando mal desde cedo, deve ser por isso a demora. Mas venha, irei lhe mostrar o problema.

Deixou ele passar a sua frente e o avaliou. Ele parecia ter um problema em uma das pernas, pois utilizava uma bengala. Ela iria se utilizar deste ponto fraco para atacar.

Quando ele estava a um metro de distância, ela tomou impulso em passadas rápidas até ele, e ao se aproximar chutou seu joelho direito. Ele gritou, surpreso e caiu ao chão. Ela tirou a bengala dele e o imobilizou com ela, sentando em cima de seu peito e a colocando em seu pescoço, a segurando com seus joelhos, enquanto pegava seus braços ao seu lado e os segurava em sua frente.

- Jon, feche a porta!

O rapaz foi correndo fechá-la.

- Cachorro maldito, o que você disse a ela?

- Ele me disse que você tem sido um homem muito mal, senhor. E agora irei te punir.

- Bem, fingir ser educado não faz mais diferença agora, então poderei dizer o quanto você falando isso assim pra mim me excita, sua cadela.

Thayla o odiou mais ainda. Apertou a bengala em sua garganta e segurando suas mãos com a mão esquerda, começou a soca-lo com a mão direita. Descontou toda a sua raiva nele. Ele começou a sangrar, e ela sentia os ossos dele se quebrando com a força de seus punhos.

Ela sentia falta disso. A adrenalina correndo por seu corpo, a sensação de sua pele encostando tão pesadamente em outra, o impacto forte que resultava em hematomas ou ossos quebrados, a sensação de estar no controle. Após tanto tempo sem isso, ela estava decidida a não pegar leve com ele.

Mas ele decidiu complicar pra ela. Rolou de uma vez com seu corpo e ficou por cima dela. Com seu joelho bom, a atacou até se soltar. Após isso, deu socos nas laterais de seu corpo, até que ela se recuperou e lhe esbofeteou o rosto com tudo. Ele caiu para trás e ela se ergueu. Foi até a maleta que sempre carregava consigo e a abriu. Dela, tirou uma arma calibre 12.

Hora da diversão.

Ela parou diante dele, que se contorcia no chão de dor com as mãos em seu nariz destruído.

- O que você tem a dizer antes de ir para o inferno?

- Vá se f****, sua cadela!

- Você é muito mal educado para alguém que está com a vida em minhas mãos.

- Sua va***, que você morra!

- Obrigada, mas você primeiro.

Dito isto ela atirou em seu peito. Depois, na cabeça, bem no centro. Se não morresse de um, morreria do outro. Mas para garantir, acertou seu pulmão direito.

Vaso ruim não quebra, melhor prevenir que remediar.

Após isso, ela se virou e viu Jon encarando o corpo, como se estivesse longe dali.

- O que foi? Se arrependeu?

- Não. Não é isso.

- O que seria então?

Jon ficou quieto. Mas acontece que ele passou tanto tempo naquele inferno, que nunca imaginou que algum dia iria conseguir sair. Enquanto levava o homem ao quarto da senhora, ficou pensando sobre o tamanho de um e de outro, e começou a achar que a moça não teria a menor chance, pois apesar de ser alta, o homem ainda era bem grande e pesado. E quando ele estava por cima dela a atacando com os joelhos, ele pensou que ela não escaparia, e que após liquidá-la e ao seu marido também, ele iria matar a ele e seu pai.

Agora, vendo seu carrasco morto no chão, sangrando miseravelmente, ele se sentia como se seus braços e pernas se libertassem de uma corrente imposta a ele há muito tempo, mas sabia que ainda teria que enfrentar muita coisa até estar realmente livre.

- Apenas curtindo o momento, vamos por assim dizer.

- Presumo que ele deve ter homens armados trabalhando para ele, certo?

- Sim.

- Me mostre cada um deles, eles não escaparam.

- Está bem.

Thayla foi até o banheiro e bateu na porta.

- Querido, você está bem?

Christian não respondeu e ela ficou receosa. E se algum dos homens dele tivesse visto a confusão ou descoberto algo e tivesse entrada no banheiro pela janela que dá pro pátio do estacionamento?

Ela arrombou a porta com a arma empunhada, e viu Christian debaixo do chuveiro, passando a mão nos cabelos, olhando para baixo, alheio a tudo o que rodeava.

- Querido, você está bem?

Ele olhou para ela, mas estava distante dali.

- Sim, estou... Só preciso relaxar.

- Bem, está bem. Vou... Terminar o serviço. Mais tarde eu volto.

- Está bem. Se cuida, não quero ter que ir te salvar do meio de homens furiosos empunhando metralhadoras.

- Ora, ora, e aquela história do príncipe encantado que sempre vem salvar a princesa em um lindo cavalo branco?

- Bem. Não vejo nenhum cavalo branco a vista, e nos contos de fada duvido que tenham um sedan 4x4 preto com vidros à prova de bala.

- Bem, não custa tentar!

- Hahahahaha mas Thayla, sério se cuide, do contrário não garanto que eu vá sair dessa água super gostosa para ter que ver vários homens do mal com caras de ódio para mim e minha mulher apontando os mais diversos tipos de armas.

- Nossa Christian, sua sinceridade é comovente.

Ela saiu rindo enquanto ele gritava:

- Hey, essa fala é minha!

Depois que ela saiu, ele se entregou novamente em seus pensamentos, sobre o segundo serviço que fez em sua vida.

Secret Service - SegredosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora