Dezesseis

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3h00.

Acabei de chegar ao aeroporto de Santa Catarina, muito cansada da viagem, só esperando minha tia.

"Flavi!" Alguém me chamou, me levantei e abracei minha tia.

"Oi tia." Falei, tentando parecer mais feliz.

Ela se separou de mim e eu a acompanhei até o carro.

"Como foi lá?" Meu sorriso amigo apareceu no meu rosto, lembrando dos momentos de Rafael comigo. Mesmo não sendo do jeito que eu realmente queria, era perfeito.

"Foi bem legal." Falei, entrando no carro.

Ela suspirou.

"Você não vai mais fazer faculdade." Ela disse, as suas mãos segurando o volante do carro, paralisei a encarando.

"O...o...quê?" Perguntei. "P-Por quê?"

Ela suspirou pesado novamente.

"Não vai mais dar, Flávia. Você tem que trabalhar. Seus pais pagam a sua faculdade e, no momento, eles não podem mais fazer isso por você." Engoli em seco.

Meu coração foi quebrado em milhares de pedacinhos, agora, ser a advogada que eu queria ser já não estava ao meu alcance.

"Ok." Falei, apoiando minha cabeça no apoio do banco. "Eu vou trabalhar." Murmurei.

Ela acelerou, minha vontade de chorar até passou.

Chegamos em casa, fui direto para o meu quarto, tirei as roupas e coloquei um pijama largo e infantil.

Meu celular estava vibrando.

Uma chamada de Mila.

"Oi" Falei.

"Maaaaaanaaaaaaa!! Que saudade de você, você nem sabe o que aconteceu!" Ela disse mais animada que o normal,me preocupei com isso.

"Hum?"

"O Hélio me beijou ontem. Quer dizer, eu que tomei a tal iniciativa, mas, tipo, ele pareceu gostar!" Dei uma risadinha.

"Legal. Era só isso? É que eu preciso dormir, preciso de um emprego sério amanhã."

Ela ficou em silêncio.

"Desculpa." Ajeitei minha postura na cama e ela suspirou. "Nossos pais não podem pagar sua faculdade por conta da minha escola." Ela falou, seu tom era triste.

"Tudo bem, Mila, sério. Eu tô bem." Ela suspirou e riu. "Mas...Boa noite, preciso dormir ok? Tchaau!" E desliguei.

Joguei o meu corpo na cama e fechei os olhos.

Eu não consigo esquecer nada daquilo. Ele mexe comigo, eu querendo ou não.

Com o pouco de sanidade que eu ainda tinha, fui me aproximando dele, com primeiras, segundas e terceiras intenções.

Ele percebeu a minha aproximação, mas não recuou nem nada, pelo contrário, agarrou a minha cintura e ficamos colados.

Eu não aguentei mais.

Dei um selinho nele mais uma vez, ficamos assim por alguns segundos, até ele abrir espaço para um beijo de verdade.

Abri um pouco minha boca, nossos lábios se encaixaram perfeitamente.

Eu estou beijando ele. Estou beijando Rafael Lange, meu Deus.

Meu celular vibrou novamente, olhei para a tela, uma mensagem de Bruno.

Não vou responder isso. Não quero. Idiota.

Acabei abrindo a conversa e vendo as últimas mensagens que eu não queria ver.

Bruno 》aonde vc tá? Eu sinto sua falta, sabia?

Brunome perdoa, pelo  amor de Deus.

Bruno 》Eu não queria ter feito aquilo, só achei que vc me queria tbm

Bruno 》:( tudo bem, não vou mais insistir. Desculpa. To com saudade.

Suspirei.

Que droga.

Flávia 》eu não quero mais falar com você. Não manda mais mensagem, você foi um filho da puta comigo.

Bloqueei o celular e dormi.

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