Seis

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10h54.

Perguntei para uma mulher que estava na frente do hotel aonde era o Carrazo Café.

Consegui chegar lá, era realmente bem perto, andei apenas algumas quadras do hotel até o Carrazo Café.

Entrei no lugar, que tinha uma aparência rústica maravilhosa e vi Bruno na primeira mesa do local, dei um sorriso de imediato.

Sentei-me à sua frente e ele sorriu para mim.

"Demorou um tempo, né, dona Flávia?" Ele falou, soltei uma risada fraca.

"Me distraí com o meu cabelo." Respondi.

"Até eu me distraio com seus cabelos..." Ele murmurou, me olhando de forma estranha.

Ele ficou me olhando dessa forma por alguns segundos, até eu chamar a sua atenção.

"Bruno?" Falei e ele voltou à realidade, como se estivesse em um mundo diferente enquanto olhava para mim.

"Ah, você vai pedir algo?" Ele perguntou, disfarçando.

Assenti e falei que queria um café normal, sem açúcar, mas com bastante leite.

Ele saiu da mesa e foi buscar o que pedimos.

Foi neste exato momento que eu vi aquele garoto entrando no Carrazo Café. Eu fiquei sem ração, ele estava lá e eu também estava lá.

Rafael entrou no local, estava acompanhado de uma garota, a qual eu não conhecia, mas já tinha visto ela.

É a garota da foto! Aquela que a Mila me enviou. A tal namorada dele.

Olhei para os dois depois, desviei meu olhar.

Eu estava nervosa. Muito. Desde que eu vi seu topete loiro escuro passar pela porta do Carrazo Café.

Vi ele pedir um café e segurar a cintura da garota, com carinho e desejo. Ela segurou a sua mão e eu fiquei com o coração apertado pelo ato.

Alguns segundos depois, Bruno voltou com o meu café, o suco dele e alguns pães que pareciam deliciosos.

Ele me olhou, com uma expressão preocupada.

"Flávia? O que foi?" Ele perguntou, me voltei para ele e suspirei olhando para a minha xícara.

"Nada." Falei e forcei um sorriso. "Essas coisinhas parecem ter um gosto maravilhoso."

Ele sorriu e assentiu.

Começamos a comer e eu não tirei os olhos da mesa ao lado, a que estavam o Rafael e a tal namorada dele. Claro, eu estava disfarçando, mas eu acho que a garota estava percebendo.

Eu estava decepcionada e eu sequer sei o porquê.

Eu não falei sobre mais nada com o Bruno, fiquei apenas tentando ouvir tudo o que os dois falavam na mesa ao lado.

Ouvi atentamente uma pertezinha da conversa.

"Say, você sabe que um dia você tem que sair desse anonimato." Rafael falou, no que a tal de Say abaixou a cabeça.

"Eu não sei se estou preparada. Eu sei que vou ter mais haters do que gente que gosta de mim, Rafael." Ela respondeu.

Foi só isso que eu ouvi.

Fiquei puta da vida, eles estavam namorando mesmo. Claro, eu ia apoiar, porque eu não sou dessas que viram hater da mina, só porque queriam estar no lugar dela.

Mas estava puta.

"Flávia, fala alguma coisa, está me deixando assustado." Bruno falou, me tirando dos meus pensamentos sombrios e maquiavélicos.

"Estou? Desculpa. É que...estou com saudades da minha família, só isso." Falei, isso nem era tanto uma mentira.

Olhei para o lado novamente e vi que eles já iam embora.

Foquei em Bruno, novamente.

"Quer ir pra outro lugar?" Ele perguntou, no que eu hesitei a responder, afinal, eu estava tão abalada com o bagulho que eu só queria a minha mãe ou a Mila agora.

"Ah...vamos, para onde vai me levar?" Perguntei.

Ele sorriu.

"Vamos para uma praça aqui perto, o que acha?"

Apenas concordei, saímos do Carrazo Café e fomos até essa tal praça.

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