— Querida Lissa! – ele veio ao meu encontro e me beija a testa – como foi à viagem de vocês?

— Foi muito agradável – digo a ele – obrigada por perguntar.

— Que bom, espero que todos estejam preparados para enfrentar o alto mar – ele nos olha com expectativas – teremos um longo dia em nossa frente.

***

Nossas coisas estavam sendo colocadas na balsa. Para chegarmos ao vilarejo de Abraão, somente de balsa. Tudo que chegava naquele lugar era pelo mar. E eu morrida de medo do mar. Morria de medo de água. Eu acreditava que se existisse realmente vidas passadas, eu teria morrido em todas elas afogada.

O lugar era lindo, e dava a impressão que havíamos chegado a outro mundo, em outro lugar, não parecia que estávamos tão próximos da cidade. Tudo era inspirador, cativante, acolhedor e lindo.

Não vi Rodolfo em nenhum momento desde que cheguei, mas eu sabia que ele estava aqui, pois eu havia tido a confirmação através de Felipe, eu só não sabia onde ele estava. Talvez ele já tenha atravessado na primeira balsa, ou talvez ele tenha desistido de ir e voltado para São Paulo. Ou até mesmo ele tenha se arrependido de vir sozinho e trouxe a namorada modelo insuportável dele. Vai saber.

Tratei de tirar esses pensamentos da minha cabeça. Se ele houvesse desistido de ir não tinha problema. Se ele estava com a namorada também não tinha problema. Eu estava ali para passar um final de semana dos sonhos de qualquer pessoa, e não seria a ausência de Rodolfo que faria com que isso fosse menos maravilhoso. Eu estava feliz, e queria que essa felicidade durasse até o final desse passeio.

O vilarejo me fazia sentir como se o tempo houvesse parado naquele lugar, tudo era rústico e lindo. Não havia carros andando pela cidade, não havia buzinas nem alvoroço de pessoas. Era o lugar mais calmo que eu já estive em toda a minha vida. Eu já havia estado aqui em Angra dos reis, mas não nesse lugar em especial, eu jamais me esqueceria desse lugar. Eu um dia voltaria aqui com os meus pais, disso eu não tinha dúvidas.

A pousada escolhida pelo senhor Góes era uma das mais confortáveis de Abraão. Passamos pela igreja local, com sua torre de sino, e paredes brancas. As ruas de paralelepípedos e o comercio local com sua infinidades de artesanatos para encantar qualquer turista. Eu estava encantada, e queria aproveitar para comprar vários mimos para os meus pais. O vilarejo de Abraão era um lugar inspirador.

— Vamos Lissa, temos que trocar de roupa – minha amiga me puxava para dentro da pousada onde ficaria hospedados – eu já disse que quero ficar com você no mesmo quarto.

— E você acha mesmo que eu ficaria com outra pessoa? – essa minha amiga tinha cada idéia.

— Lógico que não! – rimos como duas bobas, e subimos para o quarto. Nosso passeio começaria em uma hora.

***

Depois de trocarmos de roupa, eu e Úrsula voltamos para a recepção da pousada. Meu chefe estava andando de um lado para o outro visivelmente nervoso, coisa que era muito difícil de ver, meu chefe não se aborrecia facilmente. Mas, se as coisas começassem a desandar, ele ficava completamente sem chão, e começava a andar de um lado para o outro exatamente como ele estava fazendo agora.

— O que aconteceu senhor Góes? – pergunto assim que me aproximo, vendo meu chefe se virar para falar comigo. Seu olhar estava tenso, e o vinco no meio de sua testa mostrava claramente que ele estava preocupado.

— Oi querida – ele diz me olhando como se quisesse se desculpar por alguma coisa – a lancha que eu havia contratado deu um problema ao sair do ancoradouro. Estamos vendo se conseguimos outra, até lá nada de passeio.

Pedaços de Você (DEGUSTAÇÃO)Kde žijí příběhy. Začni objevovat