Capitulo 7 - Lunch And Dance

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– Só precisa que eu te leve na aula de dança – a contrariei.

– Se é assim, eu pego um táxi.

Alice se levantou rapidamente, porém tive tempo de agarrá-la pelo braço. O olhar dela passou pelo local onde a toquei e depois pousou nos meus olhos.

– Fica. Eu só estava brincando – pedi num tom mais baixo e ela sentou novamente, voltando a comer.

– Já volto – a garota saiu em direção ao banheiro do lugar, levando sua mochila. Cerca de dois minutos depois, voltou com uma calça diferente. Um tecido agarrado na pele, típico para exercícios físicos.

Ficamos calados o resto da refeição. Os nossos olhares se cruzaram algumas vezes, mais nenhum som foi emitido. A garçonete pegou nossos pratos vazios e trouxe a conta. Tirei minha carteira do bolso e Alice retirou a sua de dentro da bolsa.

– O que pensa que está fazendo? – perguntei logo.

– Rachando a conta com você – ela respondeu com um tom de obviedade.

– Não precisa Alice – tirei dinheiro até mais que o necessário com a pressa e entreguei à garçonete. – Pode ficar com o troco.

A atendente saiu antes que Alice conseguisse atingir seu objetivo. Os lábios carnudos dela ficaram entreabertos enquanto o olhar acompanhava a moça indo embora.

– Eu queria dividir a conta – protestou.

– Você não tem que querer nada.

– Está bem, papai – Alice ironizou e se levantou da mesa.

– Mamãe e papai me dão ideias... – sussurrei próximo ao ouvido dela enquanto caminhávamos.

– Nojento! – ela me reprendeu com um sorriso. Fazê-la rir me causou uma boa sensação.

Entramos no carro novamente e eu segui o caminho para a academia de dança. Alice ligou o rádio, despreocupada, preenchendo a falta de conversa. Chegamos ao destino e ela, num movimento suave, começou a juntar os cabelos. Inicialmente parecia um rabo de cavalo, mas logo virou um coque frouxo. Durante esse momento pude notar sua tatuagem na nuca: a palavra "Freedom*" escrita em uma letra bonita. Agora, a marca estava à mostra. Depois disso, ela ajeitou o retrovisor para seu lado e começou a se encarar.

– Ei, sabia que eu vou usar isso depois? Estava arrumado. Assim você me atrapalha a dirigir – reclamei.

– Você já é ruim, não precisa ser atrapalhado – a garota realmente tinha a língua afiada. Sempre uma resposta pronta. De repente, Alice passou as mãos pela barra da blusa e a tirou sem se preocupar comigo, revelando o top preto e uma tatuagem de serpente que cobria a lateral de seu tronco definido. Cada momento uma nova descoberta. Apressada, ela jogou a blusa na bolsa, me olhou e respirou fundo. – Obrigada pelo almoço e pela carona Justin – usou seu tom de voz normal.

– Não foi nada – sorri. – Você vai embora como? Quer que eu te espere? – fui prestativo.

Alice me olhou com as pupilas mais dilatas, parecia surpresa. Os segundos passaram lentamente e eu mantive a oferta.

– Não – falou enfim. – Eu pego carona com alguém ou um táxi. Obrigada – um meio sorriso apareceu no canto da boca da menina de cabelos ruivos. – Até amanhã.

– Até – me despedi e ela saiu do carro.

Uma útima olhada para mim e ela entrou no prédio. Coloquei as mãos no volante e pensei em ir embora com o dever cumprido, mas uma enorme curiosidade me atingiu. Ver Alice dançando seria muito interessante. Pensei mais um pouco se deveria e decidi que sim. Saí do carro e entrei no prédio também. Havia uma recepção bonita, e depois de um corredor eu já podia ver várias pessoas com roupas de dança parecidas com as de Alice. A recepcionista me olhou.

– Em que posso ajudar? – perguntou ela.

– Eu... – pensei no que dizer. – Uma amiga minha dança aqui. Só queria vê-la.

– Você sabe de que turma ela é?

– Não... – fiz uma leve careta.

– Você tem certeza que ela dança nesse horário?

– Sim. Absoluta.

– Então deve ser a classe da senhora Ellen. É a única que começa às duas horas – a atendente sorriu simpática – Pode seguir o corredor. Estúdio três.

– Obrigada – retribuí o sorriso.

Segui pelo corredor e percebi que a parede da sala era de vidro. Parei de modo a não ser visto facilmente e observei os alunos. Alice estava num canto, se alongando no chão, concentrada. Um cara se aproximou dela, falou algo, e logo ela riu. Uma mulher mais velha, que muito provavelmente era a professora, se colocou na frente dos alunos e estes ficaram de pé.

– Eu ainda estou pensando em um jeito de escolher a solista desta temporada – começou ela a falar. – Alice, você pode começar mostrando às alunas novas a coreografia da última temporada. A parte do balé, querida.

Alice se mostrou levemente surpreendida, porém logo assentiu. A menina se posicionou à frente da classe e esperou a música. Logo uma melodia doce invadiu o ambiente. Em movimentos suaves e precisos, a garota dançava. Estava muito linda, devo admitir. Os cabelos se soltaram durante a dança, e agora se mexiam livres junto com ela. Ao final, ela se encolheu no chão, em demonstração de dor ou tristeza. Realmente a música não expressava algo de bom. Todos aplaudiram e ela sorriu agradecida voltando ao seu lugar de antes. Alguém direcionou o olhar para mim e a professora se virou.

– Oi. Você quer se juntar a nós? – ela foi simpática.

– Não... – respondi quase assustado. Alice me encarou boquiaberta, não entendendo o que eu fazia ali. – Eu só estava olhando. A coreografia ficou muito bonita e ela tem talento – falei para a senhora Ellen e voltei meu olhar para a garota novamente, que agora tinha os olhos ainda mais arregalados. – Parabéns – finalizei e saí praticamente correndo do prédio. Entrei no carro me sentindo temporariamente protegido do ataque de fúria que Alice protagonizaria quando me encontrasse novamente. Aquela garota totalmente intrigante, diferente e encantadora ainda iria cair na minha.

*Liberdade


N/A: Desculpa a demora amores, espero que curtam o capitulo e me digam o que acharam beijos. 

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