Quando a comemoração de fim de ano de uma empresa se transforma em uma tragédia, duas pessoas completamente diferentes se vêem sozinhos em uma ilha deserta no meio do oceano, tendo que enfrentar a fome, a sede e a solidão. Com a demora do socorro, L...
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Minha vida era uma correria só. Quando levantei essa manhã, eu sabia que o trânsito estaria o caos assim que vi a chuva que caia do céu. A cidade de São Paulo parava quando chovia desse jeito, e hoje eu sabia que teria que sair ainda mais cedo que o comum.
A noite mal dormida serviu para me colocar fora da cama mais cedo, proporcionando algum proveito das horas de sono perdidas.
— Filha, você vai de carro hoje? – perguntou minha mãe assim que saio do banheiro ainda envolto em minha toalha.
— Acho que sim, de ônibus irei chegar ao centro amanhã – digo beijando a bochecha da mulher que mais amo em minha vida, e que se encontra encostada na porta do meu quarto.
— Vou preparar o seu café então, pelo visto você terá que sair mais cedo que o comum, e eu ainda nem coloquei a mesa – sorrio observando minha mãe saindo do meu quarto, me deixando para que eu me arrumasse, pois ela sabia que se ficasse comigo, ficaríamos de conversa e eu acabaria perdendo meu horário.
Meu café da manhã foi o mais agradável possível, tendo a companhia de minha mãe, que me fazia sentir uma menininha de dois anos com toda a bajulação a qual ela me dispensava.
Meu pai não estava presente. Pelo que minha mãe me falou a insônia também o abateu naquela noite chuvosa, não permitindo que ele saísse da cama tão cedo.
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Nunca gostei de dirigir na chuva, mas era muito mais confortável do que enfrentar um ônibus cheio em quase duas horas de viagens pela lentidão do trânsito de São Paulo. Fora o aperto que era dentro do coletivo, ainda tinha que suportar todos os tipos de odores e pessoas, algumas mais pra frente que as outras, e algumas bem mais espaçosas. Eu odiava quando certos homens tiravam vantagens do caos do transporte público para molestar as mulheres em sua volta.
Meu trabalho fica localizado na rua vinte e três de maio bem no coração de São Paulo. Eu era secretária de Eleazar Belmiro Góes, um grande empresário do ramo da contabilidade, sendo responsável por diversas empresas na capital. O Sr Góes era um chefe maravilhoso, que tratava os seus funcionários de igual para igual, sendo amado e respeitado pelos seus mais de cem funcionários existentes na empresa. Tenho prazer em trabalhar aqui. Tenho o prazer de ter meu trabalho reconhecido por esse homem tão bem sucedido na vida e de uma humildade sem tamanho.
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— Bom dia Caroline – digo ao passar pela recepcionista da portaria e seguindo rumo ao elevador que me conduziria ao décimo terceiro andar do prédio, local onde ficava a sala do presidente da empresa, que nesse caso era o meu chefe.
Meu chefe era dono de todo o prédio, porém algumas salas do nono e décimo andar eram ocupadas por alguns advogados que prestavam serviço para nossa empresa. E o meu amor da minha vida trabalhava no nono andar.
Rodolfo Albuquerque era o advogado preferido do Sr Góes, sendo ele responsável por praticamente toda a parte jurídica da empresa. Rodolfo era um homem lindo aos meus olhos. Cabelo louro escuro, olhos azuis e uma pele alva como a neve. Lindo e perfeito com os seus trinta e poucos anos. Mas como nada na vida pode ser tão perfeito, ele não estava disponível.
Ao entrar em minha sala, ligo o meu computador e repasso toda a agenda do Sr Góes do dia. Não havia nada fora da empresa, o que me deixou aliviada, pois o temporal que caia lá fora deixaria o trânsito ainda pior mais tarde.
Passando os olhos pelos horários das reuniões do dia, vi que hoje o sol brilharia para mim independente da chuva que caísse lá fora, às nove e meia Rodolfo estaria aqui, e pelo conteúdo da pauta, eu teria o prazer de vê-lo por pelo menos por duas horas seguidas.
