Part. 17

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Fiquei lendo até às dez da manhã, quando terminei o livro. Então me deitei um pouco, por não querer sair a lugar nenhum, tentei dormir um pouco, mas logo bateram à minha porta, não tive tempo de falar algo, porque no minuto em que bateram na porta, já abriram-a, era Pedro. Ele entrou no quarto, fechou a porta e se sentou na cama e disse:

- Podemos fazer alguma coisa?

- Que tipo de coisa você quer fazer, Pedro?

- Não sei, o dia ta bonito hoje, tem algum lugar que possamos ir?

- Bom, só nos limites do hospício, porque a Olga deve estar ocupada arrumando os papéis sobre o Pablo e o Rodrigo.

- Tudo bem... Falando neles, o que foi que você e Letícia fizeram com eles?

- Letícia matou o Pablo e eu deixei o Rodrigo no sanatório, acorrentado à cama do Dr. Wood, com uma faca no olho enfiada e eu também empurrei o Dr. Wood pra cima dele, assim ele não ficaria sozinho.

- Tem chances dele ser encontrado?

- Se alguém for ao sanatório, sim, mas mesmo que façam isso e se ele estiver vivo na hora que encontrarem, Olga não vai fazer nada a respeito disso.

- Por que você acha isso?

- Ela é tão louca quanto os pacientes que estão aqui. Ela quer proteger todos e para ela os pacientes são filhos dela, então ela faria qualquer coisa para nos proteger e mataria quem nos fizesse mal.

- Desculpa perguntar de novo, mas por que você acha isso?

- Ela me falou isso hoje, depois que eu vi ela mandar jogarem o corpo de Pablo no rio, junto com os outros mortos.

- Ela não tinha que chamar a polícia?

- Tinha, mas não queria manchar o nome do hospício, nem ter a chance de nos perder. É interessante o pensamento que ela tem sobre nós.

- Por quê?

- Porque ela nos vê como uma família e não como um bando de loucos que são perigosos para a sociedade que está lá fora.

- Por isso que ela é tão legal com a gente.

- É... Mas então, o que você quer fazer?

- Não sei.- suspirou.- O que você acha que podemos fazer?

- Bom... Você gosta de flores?

- Gosto.

- Tem um campo de flores lá atrás, podemos ir lá.

- Pode ser. - Pedro respondeu sorrindo.

Nos levantamos, antes de sairmos, eu fui até a Olga para pedir a ela uma térmica com chocolate quente, ela sempre guardava no seu escritório para quando ela ou algum paciente quisesse tomar, como sempre, ela nos deu a garrafa térmica sem problema algum.

Peguei a garrafa e saí para a rua com Pedro, ele pegou em minha mão e continuamos caminhando até o campo. Ele sorriu quando viu e disse que achou lindo, para a nossa sorte Olga sempre pensava em tudo, os fundos, ao contrário da parte da frente e de dentro dos hospício, era bem bonito, tinham bancos para quem quisesse ver o campo de flores, mesas com cadeiras para tomar café, ler, conversar, comer e etc. Sentamos num dos bancos redirecionados ao campo de flores, servi chocolate quente num copo que vinha com a térmica e passei para o Pedro. Ele tomou um pouco, se virou para mim e disse:

- Você acha que está bem pra sair daqui, Diego?

- Acho que sim, por quê?

- Temos que sair daqui...

- Você está com medo de alguma coisa, Pedro?

- Não, é que... Aqui não é o seu lugar, você merece ser feliz e você não precisa ficar aqui. Acha que a Olga te liberaria?

- Eu posso tentar falar com ela.

- Ótimo, porque eu já posso sair.

- Como sabe disso?

- Por onde eu começo? Ta, sabe o meu diário? Pois então, ele não é um diário e eu não sou um ninfomaníaco.

- Você mentiu pra mim?

- Eu não podia dizer a verdade, eu não queria mentir pra você, mas eu estava infiltrado aqui, então tive que me conter.

- Por que você está aqui?

- Eu estou escrevendo um livro, sobre um hospício e queria saber mais sobre coisas assim, então conversei com Olga e ela achou que seria legal escrever sobre vocês, então deixou que eu entrasse, contanto que eu não fizesse nada contra vocês, nem falasse mal daqui e eu concordei. Então menti sobre quem eu era e sobre o porque de eu estar aqui.

Me senti triste ao ouvir aquilo, mas ainda tinha alguma esperança, então perguntei.

- Você realmente gosta de mim ou mentiu sobre isso também?

- Por que acha que eu quero que você saia daqui? Eu quero ficar junto com você, porque eu realmente gosto de você.

Senti algo dentro de mim, algo bom, então o beijei.

Naquela tarde...

Conversei com Olga sobre a possibilidade de eu poder sair do hospício e ela disse que eu já podia sair, pois não estava mais tendo ataques e estava me comportando como uma pessoa sã. Falei com ela sobre o livro de Pedro também, ela afirmou tudo que ele me falara e disse que antes de aprovar a entrada dele, ele contou mais sobre o livro. A intenção dele era fazer um livro que contasse uma versão obscura sobre hospícios, pior do que as pessoas geralmente pensavam e que incluiria nele histórias dos pacientes, mas alteraria nomes e adicionaria algumas coisas que ele já tinha escrito antes e que escrevia enquanto estivesse internado, e disse que eu poderia sair naquela noite se eu quisesse. Pedro estava com a gente e disse que a sua mãe poderia nos pegar de carro no hospício e nos levar para sua casa. Olga assentiu e nós fomos arrumar nossas coisas.

Horas depois...

Já era noite, Pedro começou levar suas coisas para o carro e eu me despedi de Letícia, nos abraçamos com força e ela disse que logo sairia de lá também, então iria nos visitar. Eu sorri e disse que viria visitá-la sempre que pudesse, que não esqueceria dela, nem das coisas que passamos juntos, então nos despedimos, levei minhas coisas para o carro, entrei nele, depois de Pedro e fomos embora.

SanatoriumWhere stories live. Discover now