Capítulo 3 - Kayla

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- Quem é? - pergunto à Freddy apontando o maravilhoso carro com o queixo. Ele sorri de orelha a orelha.

- Meu amigo Ryan. O piloto de Chicago – ele responde orgulhoso – Agora acredita que ele tem uma chance de derrota seu namorado?

Sem conseguir encontrar as palavras, apenas faço que sim com a cabeça. Puta merda, Jake vai ficar puto da vida. Nunca antes havia aparecido aqui um piloto com chances reais de derrotar Jake, até agora. Claro que tudo vai depender se esse tal Ryan é um bom piloto, mas é obvio que seu carro ajuda muito.

Eu havia visto Ryan na sala de Pitt mais cedo. Ele havia interrompido minha cena implorando para que Pitt desse um jeito de tirar Sebastian da corrida. Depois de seu acidente, me preocupo que Sebastian não sobreviva à próxima batida e sei que esse campeonato é perigoso já que nenhum carro, até hoje, terminou a corrida totalmente intacto.

Tenho que admitir, ele é um cara lindo. Músculos gritavam para saírem de dentro de sua camisa apertada e os cabelos curtos castanhos escuros e arrepiados imploravam para que alguém – eu - passasse as mãos para tentar domá-los. E seus olhos, profundos oceanos azuis que faria qualquer uma implorar para afogar-se neles. Sim, eu teria ficado babando por ele se no mesmo instante Freddy não me chamasse de volta para a realidade, lembrando-me que meu namorado estava à poucos metros de distância, então apenas me controlei e me retirei do cômodo.

Naquele momento achei que ele seria apenas mais um piloto bonitinho que vinha de fora achando que poderia derrotar Jake. Mas agora, vendo seu carro, e a maneira como ele se movimenta na pista, me faz duvidar.




Eu pude ver Jake ficando louco. Ele gritava e gesticulava para seus amigos, certamente estava perguntando quem era o piloto da Supra 1998 e porque ninguém havia lhe informado que um carro daqueles estaria na corrida. Seus amigos estavam tão chocados quanto ele, mas também impressionados vendo o precioso carro dando voltas na pista.

Não demorou muito para que a música dos alto-falantes parasse e a voz de Pitt tomasse conta de meus ouvidos. Nesse momento Ryan já havia parado de passear pela pista e estava levando seu carro para o estacionamento, onde ficavam todos os pilotos aguardando o inicio da corrida.

- Senhoras e senhores! Menino e meninas! Sejam muito bem-vindos! – Pitt gritava – Mais um verão está começando e com ele teremos mais um campeonato! - as pessoas gritavam e aplaudiam - Nesta temporada vocês verão ótimos pilotos correrem para ganhar o prêmio de 30 mil dólares! – a plateia gritou ainda mais alto - Todos sabem as regras: queremos uma corrida limpa de nada de acidentes planejados! Qualquer carro pode correr, desde que não tenha alterações no motor, ou se tem, que sejam as alterações legalmente permitidas. Hoje temos quarenta e sete pilotos, mas somente vinte e cinco deles participarão do campeonato após cruzarem a linha de chegada por primeiro após a sua décima quinta volta! Senhoras e senhores, que a corrida de classificação comece!

A plateia foi a loucura. Todos estavam em pé, inclusive Molly e Freddy que estavam ao meu lado. Todos os carros, um por um, foram saindo do estacionamento conforme eram anunciados e iam se posicionando para o inicio da corrida.

Por alguns longos segundos o autódromo ficou em silêncio. Então os motores começaram a funcionar e tomavam conta dos meus ouvidos. O gongo soou e a corrida começou.

Jake disparou na frente de todos os carros, ele sempre dizia que gostava de ter a vantagem logo no inicio da corrida. Reconheci alguns outros carros que estavam logo atrás dele, mas meus olhos só procuravam um carro.

O Supra estava bem atrás do Mitsubishi 3000gt 2002 de Jake, mas não que isso fosse problema. Percebi que Ryan sabia exatamente o que estava fazendo. Ele conseguia desviar dos outros carros com perfeição, se continuar assim, antes do fim da terceira volta, ele já estará na cola de Jake.

O outro carro que eu procurava era o Cadillac de Sebastian. Respirei aliviada ao ver que ele estava muito atrás. Sebastian não tem todos os miolos da cabeça funcionando, então não me deixa outra opção a não ser cuidar dele. Tentei de todas as maneiras implorar para que Pitt e Freddy dessem um jeito de manter ele fora da corrida, mas isso não foi possível. Agora a única chance que eu tinha, de conseguir tirar o meu irmão do corredor da morte, era que ele perdesse essa corrida.

No fim da segunda volta um carro já estava capotado fora da pista. O maior problema dessa corrida, é que são muitos pilotos numa pista não tão grande, e isso faz com que eles tenham que correr muito perto um do outro, o que aumenta as chances de acontecer um acidente. Vi a ambulância se aproximando para ajudar o piloto capotado, Pitt fez sinal de que estava tudo bem. Mas quando Pitt diz que está tudo bem, quer dizer apenas que o piloto está vivo, não necessariamente ele está inteiro.

Como eu tinha previsto, na terceira volta o Supra conseguiu o terceiro lugar. Jake ainda estava na liderança e Sebastian estava em torno do trigésimo lugar. Mesmo da arquibancada, podia jurar que ouvia os gritos raivosos de Jake ao ver o Supra se aproximando cada vez mais.

Foi na oitava volta que aconteceu o segundo acidente. Dois carros bateram numa curva muito fechada. Um deles derrapou para fora da pista enquanto o outro ficou capotado bem no meio dela. Molly agora estava apertando a minha mão. Sebastian se aproximava do lugar da batida, e conhecendo a má sorte dele, era bem provável que ele se acidentasse também. Eu e ela prendemos a respiração enquanto ele passava ao lado do carro capotado e só conseguimos respirar normalmente depois que ele já tinha terminado a curva.

- Sebastian está indo bem – gritou Freddy ao meu lado.

Sim, ele está indo bem. E chegando cada vez mais perto de estar entre os vinte e cinco primeiros. Perto demais.

O terceiro acidente ocorreu na décima segunda volta. O pneu de um dos carros estourou e o piloto perdeu o controle e dois carros bateram nele. O Supra estava em segundo lugar, grudado em Jake, que permanecia em primeiro.

Eu passei as três últimas voltas de olhos fechados. Não poderia ver aquilo. Meu irmão estava apenas com alguns arranhões porque encostou em um carro ou outro durante a corrida, mas não foi nada fatal. Molly apertava minha mão cada vez com mais força e Freddy torcia baixinho para o seu amigo de Chicago.

Só abri os olhos novamente quando o gongo soou, anunciando Jake como o primeiro a cruzar a linha de chegada. O Supra ficou em segundo. Depois, um por um, dos vinte e cinco carros que participariam do campeonato foram atravessando a linha de chegada.

Cinco, seis, sete... Doze, treze, quatorze, quinze... Vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, vinte e cinco. Vinte e seis.

Só percebi que eu também apertava a mão de Molly quando meus músculos finalmente relaxaram ao perceber que meu irmão estava fora do campeonato.

- Vigésimo sexto. Ele está fora do campeonato por um lugar – disse Molly olhando fixamente para a pista.

Não sei se ela está aliviada ou triste. Vejo a confusão nos olhos de Molly, ela está triste por saber que seu namorado perdeu a chance de um campeonato que seria muito bom para a carreira de piloto dele, mas também sente-se aliviada por saber que não terá que passar o verão inteiro preocupada com a vida dele.

A plateia está comemorando e no telão aparecia o nome de cada piloto que participaria da campeonato, e logo ao lado, o carro que cada um deles dirigia.

- Alô? – disse Freddy ao atender o telefone – Tudo bem, vou levar ela até aí - ele desligou o telefone e virou-se para mim - Kayla, Jake está esperando você. Ele quer que você de uma volta na pista com ele.

Apenas fiz que sim com a cabeça e puxei Molly comigo. Estava na hora de Jake fazer de mim seu prêmio particular, como ele sempre fazia.

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