Capítulo 2 - Ryan

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Porra! Acordei com as minhas costas latejando de dor. Bem feito, Ryan, nisso que dá deixar para viajar no dia anterior à corrida de classificação e ficar sem um hotel, porque todos os malditos quartos, de todas as merdas de motéis dessa cidade já estão ocupados.

Sim, eu amo meu carro, mas passar a noite num Toyota Supra não é uma boa ideia. Mas isso foi só esta noite, logo eu encontrarei o babaca do Fredd e o farei arranjar um lugar para eu dormir, afinal, foi ele quem me convenceu à vir para esse fim de mundo no Texas participar desse campeonato.

Ok, um prêmio de 30 mil dólares é muito atrativo, mas tenho certeza que eu não precisaria atravessar o país até aqui, para esse maldito campeonato, já que tenho certeza que conseguiria uma corrida por esse prêmio na minha cidade natal.

Mas o babaca do Fredd conseguiu me convencer, ele passou semanas falando sobre o campeonato no qual ele vinha há anos. Falou sobre as corridas, os carros antigos, os pilotos famosos que começavam ganhando as corridas na pista do Pitt. Claro que ele também falou sobre as praias, as festas e as garotas.

Mas droga! Fredd não pilota. Na verdade o mais próximo que ele já chegou de uma pista foi na arquibancada e por isso ele veio de Chicago até aqui de avião sem se preocupar com nada. Mas como eu traria o meu precioso Supra? Se esse campeonato não fosse no fim do mundo e se eu não morasse do lado oposto do país, eu viria dirigindo, sem dúvida. Mas como eu sou de Chicago, e essa maldita corrida é no fim do mundo do Texas, seria uma viagem muito, muito longa. Tive que confiar numa transportadora para trazer meu carro e eu só consegui passagem para um dia antes da corrida. Cheguei um dia depois do meu carro e por sorte do cara da transportadora, meu Supra chegou inteiro, pois se ele tivesse com um arranhão, a cara dele seria esfregada no asfalto.

- Ryan, meu campeão! Onde diabos você está? - gritava Fredd do outro lado da linha.

- Preciso do endereço da pista. Pode me mandar por mensagem?

- Claro! Já conversei com Pitt. Assim que chegar você preenche o formulário, assina o contrato e está na corrida!

- Certo. Me manda o endereço que eu já estou chegando – eu disse e desliguei o telefone antes que ele pudesse responder.

Dois minutos depois me celular apitou, digitei o endereço no GPS e fui em direção à pista.

É bom que esse campeonato valha a pena, Fredd. Minhas costas estão me matando e eu arrebento a sua cara se não ganhar esse maldito prêmio.



Quando Fredd me falou sobre a pista do Pitt, numa cidadezinha com menos de 5.000 habitantes no litoral do Texas, certamente eu não imaginei o autódromo que crescia à minha frente enquanto eu me aproximava.

Na arquibancada, certamente cabiam muito mais expectadores do que os habitantes dessa cidade. A pista em si não era tão grande e eu já dirigi em pistas com curvas bem mais complicadas, mas o que me surpreendeu foi o estado em que ela se encontrava. O asfalto estava perfeito, sem nenhum buraco à vista, as marcações estavam perfeitamente pintadas e o sistema de iluminação era moderno para as corridas à noite, assim como os alto-falantes que neste momento tocavam muitas musicas de rock. Do lado de fora havia uma pequena exposição de carros, tanto antigos quanto modernos, fiquei imaginando se algum deles estava ali para correr.

Muitos caras querendo se mostrar com seus carros caros e muitas mulheres jogando-se para cima deles. Algumas dessas garotas estavam "uniformizadas" com curtos shorts e tops vermelhos, e bem em cima de seus seios estava escrito em letras brilhantes "Pitt's".

- Com licença... – li no crachá da garota - Lily. Meu nome é Ryan Cooper. Estou aqui para a corrida, meu amigo Fredd já conversou com Pitt.

A garota chamada Lily abriu um sorriso enorme para mim e olhou sua prancheta.

- Claro, Freddy falou de você para mim. Por favor preencha esse formulário – ela entregou uma folha com várias perguntas e uma caneta - e então pode entrar. Na lateral esquerda tem uma entrada para os pilotos e seus carros. Lá dentro você vai falar direto com Pitt, e ele vai fazer uma avaliação rápida no seu carro antes de assinarem o contrato.

- Obrigado – eu disse e me afastei.

Havia estacionado meu carro muito antes de onde as pessoas estavam acumuladas, então voltei para o meu precioso Supra e preenchi o formulário, antes de atravessar o portão no qual Lily havia me indicado.

O portão dava para um grande estacionamento e era lá que estavam os carros e seus pilotos e muitos deles já estavam uniformizados, segurando seus capacetes, apenas esperando a corrida começar. Conseguia enxergar a pista, onde já haviam dois carros correndo, provavelmente fazendo testes com seus carros antes da corrida. Pedi mais instruções para outra garota uniformizada e ela me indicou a sala de Pitt. Tudo bem, vamos lá.

- Pitt, você tem que fazer ele ser desclassificado da corrida! - disse uma garota. A voz dela vinha de dentro da sala que deveria ser de Pitt.

- Querida, você sabe quais são as regras. Se Sebastian ficar entre os vinte e cinco primeiros colocados, ele estará no campeonato – disse um homem que provavelmente deveria ser Pitt.

- Você irá matá-lo! Até hoje não sei como ele teve tanta sorte de sair vivo do último campeonato. Mas esse ano não quero que ele se arrisque novamente.

- Infelizmente, querida, eu não posso fazer nada – respondeu o homem.

- Freddy, por favor, convença o Pitt. Deve ter alguma coisa que eu possa fazer para deixar ele fora do campeonato! - implorava a garota.

Opa, Fredd estava ali? Sei que é errado escutar atrás da porta, mas também não queria interromper a conversa de duas pessoas estranhas, mas se Fredd estava ali, não seria tão ruim assim, e eu realmente precisava falar com o tal Pitt.

- Kayla, foi o que Pitt disse, se ele conseguir, estará no campeo... - Fredd se interrompeu ao me ver na porta – Ai está meu campeão!

Fredd saiu de perto da janela em que estava encostado e veio me dar um abraço.

- Pitt, este é o piloto de Chicago de quem eu falei. Ryan Cooper.

Pitt era um homem com seus quarenta e poucos anos de cabelos grisalhos e olhos cinzentos. Abriu um sorriso e veio me cumprimentar.

- É uma prazer conhecê-lo, rapaz – disse ele.

- O prazer é todo meu. Desculpe interromper, mas as garotas disseram que eu precisava vir até aqui para a vistoria no carro e assinar o contrato.

- Ah, sim, claro – ele virou-se para a garota com quem estava conversando. Desde que eu havia chegado, ela não havia se mexido e ainda estava de costas para mim – Desculpe, Kayla. Mas não posso fazer nada. Se nos der licença, eu preciso dar uma olhada no carro desse rapaz.

A garota assentiu. E quando ela se virou, puta merda.

Um short jeans minúsculo destacava sua bunda e envolvia suas coxas bem definidas, a regata preta não muito decotada era bem aberta nas laterais, e assim dava uma ótima visão para a lateral de seus seios vestidos num sutiã preto de renda. Os cabelos loiros desciam em ondas até a altura de sua cintura e as botas caubói nos pés davam um toque único para o visual. Mas ainda o que chamava mais a atenção era o rosto. As bochechas coradas e lábios rosados combinavam perfeitamente com os olhos verde musgo brilhantes. Seus longos cílios piscavam olhando atentamente para mim, enquanto eu, provavelmente estava de boca aberta, babando pela moça à minha frente que deveria ter seus vinte e poucos anos.

- Ah, esqueci de fazer as apresentações - disse Fredd chamando-me de volta para a realidade – Ryan, esta é Kayla. Kayla, este é o cara que irá derrotar seu namorado neste campeonato.

Namorado?

Ela sorriu para mim.

- Boa sorte com isso – disse ela antes de sair da pequena sala.

- Tudo bem – disse Pitt – Fredd, faça o favor de dar uma olhada no carro desse rapaz. Enquanto eu converso com ele. - E assim meu amigo foi dispensado e Pitt fechou a porta de sua pequena sala atrás de mim.

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