Meu Sussurro de Amor | NA AMAZON

Capítulo 3

Quando vou pensar em responder alguma coisa, Lipe invade o quarto aos gritos.

-Lea precisamos con...

Mas ele para na metade quando percebe que Sebastian está no quarto.

-Atrapalho?

Queria poder dizer que sim.

-Não.

Assim ficamos os três se olhando sem dizer nada, o primeiro a quebrar o silêncio é Sebastian:

-Bem...continuamos depois.

Então ele dá as costas e vai em direção a porta, sinto que preciso falar algo, mas falar o que?

-Sebastian?

Ele se vira e nossos olhos se encontram, mais não consigo pronunciar nada, então vou em direção a ele e o abraço, me deixo ser engulida pelo seus braços.Só de pensar em perde-lo outra vez, uma vontade de chorar se apossa de mim, preciso dele perto de mim, mesmo sendo só amizade.Tento passar tudo o que sinto pelo meu abraço.

-Você é importante para mim.

Ele me olha nos olhos e vejo que não era o que ele esperava ouvir, eu perdi alguma coisa?

-Eu não quero ser importante para você, eu quero ser o seu tudo.

E ele se vai depois de me deixar sem fôlego, o que eu estou perdendo?

-O que foi isso?

Olho assustada para Lipe, esqueci que ele estava no quarto.

-Não sei.

-Como não sabe, ele acabou de se declarar para você.

-Lipe não... - Paro procurando meus argumentos - Eu estar apaixonada por ele é normal, ele sempre foi meu sonho, sei o que ele gosta o que ele detesta, amo quando ele fica indeciso, mais o amo mais quando sorri - Coloco para fora meus medos - Mais ele me amar, eu não entendo.Você lembra das namoradas dele?Todas altas, com corpão e eu sou baixinha, ruiva e sem muitas curvas, o que ele veria em mim?Ele gostar de mim é loucura demais.

-Pelo amor de Deus, você se olha no espelho direito?Sabe o que eu vejo? Uma menina mulher decidida, linda, inteligente, com olhos que transmitem todo o amor possivel, a pergunta que você deveria fazer é por que não eu ?Eu sou gostosa poxa.

Sorrio com a imitação que Lipe faz de mim, ele é péssimo nisso.

-E você pode falar o que quiser, mais foi sim uma declaração e você vai me contar timtin por timtin o que estavam fazendo nesse quarto.

-Depois, agora quero saber a suas novidades.

Lipe respira fundo como se quisesse buscar inspiração para me contar algo, ele nunca fez isso comgo, é como se estivesse com medo de falar.

-Lipe, sou eu sua irmã-amiga, não vou te julgar.

-Eu sei, é que colocar em voz alta faz as coisas serem diferentes.

Resolvo eu começar a falar então:

-Não vou fazer engenharia Lipe.

-O QUE? COMO ASSIM? PAPAI JÁ SABE?

-Não.

-Mais você passou em primeiro lugar.Ele está nas nuvens por ter os filhos fazendo o que ele faz.

-Tô me sentindo tão mal por isso, fui empurrando minhas decisões e quando vi já estava aqui passando por isso.

Lipe percebe que não quero falar sobre minhas decisões e medos e acaba tomando a frente:

-Tô apaixonado.

Sorrio, o cupido decidiu trabalhar na nossa familia pelo jeito.

-Estamos namorando a cinco meses, e minha vida se resume a ele e vice-versa.Queria apresentar ele para o mundo, mas estou com tanto medo, antes da viagem brigamos por causa disso, a briga foi feia sabe, ele nem me respondendo está.

O abraço quando vejo tristeza em seus olhos e me sinto tão mal por não poder ajudar.

-Lipe precisamos resolver isso, é muito segredo.

-Como?

Lipe me responde quase agonizado, tento passar confiança mais nem sei por onde começar.

-Não sei.Mais isso tem que acabar.

Conversamos até a hora do jantar, falamos absolutamente sobre tudo, ou quase.Já que eu não disse para ele que vou lançar um livro daqui a algumas semanas e que meu sonho de me tornar uma escritora enfim vai ser realizado.

O jantar ocorreu tudo bem, a mesa estava cheia de comida e todos estavam presentes, desde criança dona Rose fazia questão de jantarmos todos juntos, e se alguém se negava ela dizia sua famosa frase:

"Somos uma família e devemos agir como tal".

Perdi a conta de quantas vezes ela buscou papai na empresa a força, ou buscou a Ally e a mim no quarto para que todos estivessemos na sala de jantar na hora exata da refeição.

A comida estava deliciosa, já o clima nem tanto.

Lizzie, Ally, Julie e Emily falavam do último desfile de moda, meus pais se entreteram em uma conversa entre eles, já Lipe, Sebastian e eu só conversavamos quando mencionados e cada um permaneceu assim até o final do jantar.

Depois do jantar eu queria fazer qualquer coisa do que conversar com Julie, mas a sorte não estava comigo.Fui completamente trancada no escritório com ela.

Nos olhamos por alguns segundos que mais pareceram minutos, cada uma analisando suas opções, sentamos uma de frente para a outra e ficamos assim até que ela quebra o silêncio.

-Como você está Lea?

-Bem e você?

-Bem.

E ficamos assim por mais alguns segundos que mais pareceram uma eternidade:

-Eu queria me desculpar por ter falado aquelas coisas.

-A de não ter nascido para ser mãe ou a parte que me abandonar foi fácil?

Ela engole em seco, e eu tento me controlar para não passar minha fragilidade.

-Não há o que desculpar, você só disse verdades, e a verdade as vezes machuca - eu só não pensei que tanto, penso mais não digo em voz alta - Veio para ficar?

-Infelizmente não, eu estou esperando uma ligação do trabalho.

Então é isso.Ela nunca vem para ficar.

-Por que veio Julie?

Ela me olha e me olha e não diz nada por algum tempo e quando finalmente fala sua voz me parece forçada.

-Para falar a verdade não sei.Talvez pensei que você pudese agir como a adulta que você é agora e conversamos civilizadamente?

Só essa que me faltava

-Sabe, sempre fui uma criança bem esperta e inteligente para minha idade, então eu posso garantir que em 18 anos eu fui mais adulta e responsável do que em seus 40 anos mamãe.

O sarcasmo escorre da minha boca quando a chamo de mamãe.Agora a adulta é ela?Desde quando?

Resolvo por um fim na conversa, dou as costas para ela e caminho em direção a porta, quando seguro a maçaneta ouço ela se levantar, mas continuo caminhando em direção a sala.

Encontro todos ali, me olhando ansiosos por respostas, mas não digo nada e continuo olhando as pessoas que dizem me amar mas na primeira oportunidade me jogam num abismo quase sem volta.