-Não.

-É bom sair da zona de conforto de vez em quando.

O Gui tinha razão, ele sempre me tirava da zona de conforto.

Acho que se não fosse ele aparecer, eu ainda seria aquela menina mal-humorada e de cara fechada.

O Gui tem esse dom de me fazer mudar, de me fazer experimentar coisas novas. Mas ir na roda-gigante já é pedir de mais.

-De vez em quando, não sempre - protestei.

-Vamos, amor - ele disse fazendo bico.

Ele sabe que não resisto aquela cara de cachorro sem dono, acabei cedendo.

-Tá bom, seu chato.

Ele sorriu, um sorriso que eu poderia ver por uns cem anos, que nunca iria me enjoar.

Compramos os ingressos, e quando me dei conta eu já estava sentada em um dos assentos da roda-gigante.

Eu comecei a tremer e a suar frio. O Gui ao perceber minha aflição segurou minha mão.

-Não precisa ter medo, não vamos cair, é seguro - ele me garantiu.

-Não sei, não. Eu tenho medo dessas coisas, não tem nenhum tipo de segurança, podemos cair a qualquer momento - olhei para baixo e já me deu tontura.

O Gui puxou meu queixo e fez eu olhar em seus olhos.

-Não olha pro chão, olha para mim - ele disse, me deu um selinho e a roda-gigante começou a girar.

Confesso que fiquei com bastante medo. A qualquer momento aquele nosso círculo de metal podia se soltar e a gente se esparramar no chão, igual um tomate pobre.

Mas fiz o que o Gui pediu, olhei para ele e para a cidade que dava de ver enquanto íamos mais e mais alto.

Até consegui sorrir, e a cidade era bem bonita vista lá de cima.

Teve uma hora que a roda-gigante parou, pensei que já seria nosso fim, que iríamos cair e morrer. Mas só paramos para outro grupo de pessoas entrar no brinquedo.

Como se fosse praga, nós ficamos bem lá em cima até o pessoal subir. Comecei a respirar fundo antes que me desse um treco de estar lá em cima.

-Calma, a gente não vai cair - o Gui disse, rindo.

-Ainda ri do meu medo - dei um tapa de leve no braço dele.

Mas esse movimento fez com que o nossos assentos virassem para trás e eu gritei, já pensei que íamos cair.

-Calma - o Gui me abraçou, rindo.

Só fiquei calma quando a roda-gigante parou e descemos. Nunca fiquei com tanto medo de um brinquedo de um parque de diversões.

-Eu nunca mais subo nisso - eu disse enquanto saia do brinquedo.

-Foi divertido, não foi? - o Gui disse ao correr para me acompanhar.

-Claro - sorri. - Para você. Ficou rindo da minha cara o tempo todo - eu disse brava.

Eu andava rápido, só queria tomar uma água e sair daquele parque.

Mas o Guilherme sempre foi mais rápido que eu, seja pra pensar ou pra agir.

Antes que eu desse mais um passo, ele já estava na minha frente.

-Vamos para casa de uma vez - pedi.

-Vamos em um lugar antes?

-Não confio em você. Na última vez que confiei em você, quase tive um ataque cardíaco - eu disse.

Surpresas do DestinoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin