Sobre adolescentes que não sabem da existência do Facebook

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Dois dias se passaram desde o bilhete que Steve tinha deixado, mas diferente do que pensava, nada mudou.

Não sabia o que estava esperando, mas achou que ficaria nervoso. Pensou que, talvez, Peggy fosse catar por aí quem tinha mandado a mensagem para ela. Achou que sentiria qualquer coisa, que aconteceria algo. Mas.... Nada. Nada.

Era horrível essa falta de reação, até porque sabia que sua escolha de palavras não tinha sido lá a melhor; muita literatura antiga fazia isso com as pessoas mesmo. Estava morrendo de curiosidade para saber o que Peggy tinha achado. Tinha tantas possibilidades... Ela podia ter odiado, amado, detestado, adorado, rido, chorado (de tão ruim que foi, claro)... Bem, só havia uma forma de saber. Estufou o peito, juntou coragem e perguntou a Sam, o seu porta-voz, qual tinha sido a reação de Peggy. Mas, seu amigo apenas deu de ombros, completamente alheio ao nervosismo de Steve:

— Não sei, cara. Acho que não vi quando ela leu.

Steve ficou um pouco decepcionado. Mas agora que tinha começado, continuaria. Teria alguma reação em resposta. Qualquer uma que fosse, só para não se sentir preso naquele limbo...

Suspirou. À ação, certo?

Naquele dia, nos dois últimos períodos, tinha uma prova de matemática. Não era uma das matérias que mais gostava — números não eram nada interessantes —, mas esperava tirar o mínimo para passar.

Os corredores estavam vazios, tinha saído bem cedo. Estudou o mínimo para acertar o mínimo, parecia uma boa troca. Algumas pessoas, porém, já estavam saindo de suas respectivas salas, cansadas de mais um dia de aulas chatas.

Steve tentou ser discreto ao andar até o armário 57 e colocar o papel dentro dele, mas não sabia se tinha dado muito certo. Saber que tinha gente ao seu redor enchia-o de adrenalina, e ele meio que gostava disso. Normalmente Steve passava despercebido, então achava que estava tudo bem.

Entretanto, quando estava se afastando, Angie lançou-lhe um sorriso cúmplice de onde estava sentada nas escadas. Como se soubesse de algo. Mas logo ela voltou a prestar atenção no seu celular e Steve passou calmamente por ela. Parecia que nada tinha acontecido.

Será que ela estava brava? Tinha quase certeza que Angie gostava de Peggy também, e era muito mais próxima dela que Steve. Talvez fosse... ciúmes?

Olhou por cima dos ombros para a garota sentada ali. Parecia relaxada, cantarolando baixinha. Não, ciúmes não; ninguém conseguia competir com Angie e ela parecia saber muito bem disso.

***

Bucky saiu do período de francês conversando com Natasha e Clint. O rapaz reclamava do trabalho que, na opinião de Bucky, nem foi tão difícil.

— Você só fala isso porque tem facilidade — acusou irritadamente. Bucky revirou os olhos. Clint, então, virou-se para a namorada. — Sem falar que vocês dois falam russo, pelo amor de Deus, o que é francês comparado a isso?

Ele reclamou mais um pouco ainda, deixando claro que não fazia sentido francês ter um "s" mudo e que se aquilo fosse arco-e-flecha, daria uma surra neles. No final, Bucky tinha uma teoria que seu amigo reclamava pelo simples prazer de reclamar.

Só Natasha mesmo para conseguir lidar com tanta birra. Bastava um olhar dela que ele se calava — e talvez isso funcionasse com James também.

Cada um foi para seus respectivos armários, combinado de se encontrarem na saída. Abriu a porta velha e, em cima dos seus livros, Bucky achou um papel branco dobrado.

Seu coração vacilou. Não podia ser coincidência, certo?

Olhou por cima dos ombros, mas não viu ninguém por perto. Quem quer que estivesse fazendo isso, com certeza não queria ser descoberto. Engoliu a seco e desdobrou-o.

"Você deveria falar mais na aula. É muito inteligente."

Franziu o cenho. Não gostava de falar na aula. Só falava alguma coisa quando o professor perguntava diretamente a ele ou nas aulas de literatura, pois todos os seus colegas ficavam em silêncio quando a professora perguntava qualquer coisa sobre a leitura que a turma deveria estar fazendo. Bucky ficava com pena de deixá-la sem respostas, então... Fora isso, só conversava com Clint ou Nat por bilhetes. Isso não deveria contar.

E mesmo assim, não pôde deixar de sorrir. Era bom saber que alguém prestava atenção no que dizia, mesmo que fossem só divagações ou teorias mirabolantes.

Mas seu sorriso logo se desfez. Quem quer que fosse o autor desses bilhetes, era colega seu. Alguém do seu período de literatura...

Pensou em cada um de seus colegas; nenhum parecia ser o tipo que mandava bilhetes. Ou o tipo que teria uma queda por ele.

Isso, claro, se não fosse engano... Ou uma piada.

Estava tão concentrado que mal notou quando o papel fora puxado de sua mão.

— Ei! — exclamou, enquanto Clint se afastava rindo. — Me devolve!

Não obteve nenhuma resposta, pois seu amigo apenas mostrou-lhe a língua e desdobrou o papel. Bucky sentiu seu rosto esquentar. Nat se aproximou e os dois leram rapidamente o que estava escrito.

— Achei que a gente se encontraria na saída — resmungou.

Bucky andou até eles e puxou o papel de volta, guardando-o em seu bolso.

— Então é isso, né? — Clint sorriu sacana. — Por isso que você está todo esquisito. Alguém está te cortejando como se fosse os anos 90 e Facebook não existisse.

Ele ignorou e voltou andar. Maldito Clint, aquele enxerido. Nat apressou o passo e colocou-se do seu lado.

— James, você...

— Eu sei — interrompeu.

— Eu só...

— Nat, eu sei — cortou-a irritado. Porque ele sabia mesmo o que ela diria. Era a mesma coisa que pensou quando recebeu pela primeira vez. Era a mesma coisa que continuava pensando.

Ela ia retrucar, sempre se achava a dona da razão, mas Clint os alcançou e entrelaçou seus dedos nos de Nat.

— Até pediria desculpas, mas não me arrependo realmente — constatou completamente alheio ao clima tenso.

Bucky encarou-o.

— Às vezes tenho medo de ficar perto de você e pegar essa doença que você tem — falou completamente sério.

Clint franziu os olhos, estava pronto para insultá-lo, mas Nat interrompeu:

— Vocês dois são idiotas e eu não sou professora de jardim para aturar suas brigas estúpidas.

Clint sorriu, e Bucky agradeceu por terem mudado de assunto. Pelo menos por enquanto.

Mas, sabia que naquela noite não dormiria bem. Aquela questão de "admirador secreto" ficaria presa na sua cabeça.

Céus, o que estava acontecendo?

***

n/a: é, demorei um pouco de novo mas o que importa é que estou aqui aldmdkajk

muito obrigada a todos que estão lendo!

edit 27/11/2020: yay, mais um!

57 → stucky PT-BR ✔ (REESCREVENDO)Where stories live. Discover now