Capítulo 11 - A Aliança

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Estávamos a duas horas tentando achar um meio termo entre nossas necessidades, na nossa versão da Terra, e a dos olímpicos. Pelo que tinha entendido até agora, Emily e esses imortais, que tinham os mesmos nomes das versões romanas dos nossos deuses, vinham enfrentando perigos tão reais quanto os nossos.

Porém, muita coisa neles era diferente dos nossos olimpianos. Para começar, os olímpicos eram bons. Sério, não eram gananciosos como Zeus, arrogantes como Ares, fúteis como Afrodite e nem vingativos como Hades. Pelo contrário, eram a grande e feliz família imortal.

E não falo da versão de Hera de uma família perfeita. Ciclopes, Hecatônquiros, Harpias, Gigantes, Sátiros... Todos são considerados parte da família olímpica.

Annabeth estava fascinada com a arquitetura que eles reuniram de todos os mundos que protegiam, e não era pra menos. Até eu que nada entendo de ângulos e medidas, estava impressionado. Minerva (que nada tinha a ver com nossa Atena, e que ela nunca descubra, mas era muito mais simpática e amigável) saiu com ela para mostrar como eles estavam adaptando a ciência e a tecnologia olímpica à floresta, de modo a não profanar o paraíso de Xanandu.

Infelizmente, algumas coisas não mudaram nesta versão do Olimpo. Os três grandes, ainda eram os três grandes, e era com eles que eu conversava agora, junto com Emily e os magos da Casa da vida e o deus Hórus.

- Isso tudo é besteira - disse Hórus. - A solução é simples. Erguemos nossas armas, bradamos e matamos o inimigo.

- Você só pode estar brincando - disse Netuno. Era tão estranho estar na frente dele que eu evitava olhá-lo. Em muitas coisas ele lembrava meu pai; as rugas ao redor dos olhos de tanto sorrir, o tom bronzeado da pele. Mas os olhos eram azuis, como os de Zeus. Hum... Júpiter. Cara, isso me da dor de cabeça.

- De maneira nenhuma - argumentou Hórus. - Ora, eu lutei com Set pelo trono do Egito. Foram árduos...

Ele começou a descrever as batalhas com Set. Infelizmente eu já tinha ouvido isto mais de uma vez, quando Hórus visitou o Olimpo e quando fiz parte da comitiva olimpiana que visitou o reino dos deuses do Duat.

Os três grandes olhavam céticos para ele. Já estranharam o lance de mortais canalizarem poderes de imortais que se diziam deuses, e eu tinha impressão que a diplomacia de Hórus colocaria nossa missão em risco. Mas como cortar o faraó do Egito sem ser transformado em hamster (hei, eu ainda tinha pesadelos com a jaula de Circe)?

Simples: tenha Kisha em sua equipe diplomatica.

- Certo, certo - disse ela, cortando Hórus quando ele falava da fuga que Ísis e ele empreenderam na aldeia ribeirinha, quando Set destruiu o caixão de Osíris. - Perdão Altezas, majestades ou o que sejam. Lorde Hórus é um pouco...

- Empolgado? - Sugeriu Júpiter, com o suspiro.

- Hum... Eu ia dizer sem noção, mas acho que essa palavra é mais simpática.

Hórus/Carter voltou seus olhos prata/ouro para ela, e tenho certeza que ela viraria purê de Kisha, se os três grandes não começassem a gargalhar.

- Pelas barbas de Uranos - disse Júpiter. - Menina, você tem fibra.

- Obrigada Lorde Júpiter. Mas antes que eu tenha que ouvir essa história pela milionésima vez, acho melhor mudarmos o foco da conversa.

- Concordo - disse Emily, que estivera quieta até então. - Júpiter, como disse a você, Pegasus, Paelen, Joel e eu não encontramos nossa Terra. Ela foi... Absorvida, ou fundida com a Terra deles.

- Isso não é impossível - Lembrou Plutão. Cara, não dava pra acreditar que ele estava ali, falando tranquilamente com os irmãos.

- O que quer dizer, irmão? - Perguntou Netuno.

- Plutão está certo - disse Júpiter. - Houve casos na terra dos elfos. Em Vanaheim aconteceu algo parecido, como se duas versões daquele mundo se fundissem em uma.

Emily então arquejou, e seus olhos tornaram-se dourados, como na hora em que ela quase atacou Rhiana. Pensei que os três grandes iam reagir dee algum modo, mas ficaram ali, parados como se aquilo fosse  normal. Já deviam ter presenciado a bipolaridade de Emily.

- Na verdade - disse ela, com aquela voz ancestral -, todos os elfos são originalmente de Arcádia, a dimensão feérica. Vanaheim é o reino dos vanires, deuses nórdicos dos elementos da natureza.

Fiquei olhando para a miss wikipedia imortal me perguntando para que aquilo seria útil. Pela cara de tédio dos três grandes, acho que para nada.

E nesse momento, Annabeth entrou. Estava suada, com o rosto sujo, e vários arranhões. Ao mesmo tempo, uma trombeta de guerra ecoou. Os três grandes ficaram de pé antes de nos sequer pensarmos em levantar.

- O que foi? - Perguntou Júpiter.

Ela olhou para mim desesperada, respirou fundo e voltou-se para o rei dos olímpicos.

- Gigantes - ela disse, e meu coração quase parou. - Na fronteira oeste da Vila Olímpica. Gigantes de todos os tipos: os que enfrentamos na terra, filhos de Gaia, Gigantes de fogo e de gelo, todos liderados por Tifon.

Júpiter nem exitou.

- Netuno, chame todos os olímpicos que puderem vir nos ajudar, mas um pelotão deve ficar para guardar nosso lar. Plutão, organize nossas defesas.

Enquanto seus irmãos saíam, Júpiter virou para nós.

- Não posso pedir que lutem nossa batalha.

Kisha se levantou e sorriu para o rei.

- Me perdoe majestade, mas creio que não entendeu nada do que dissemos aqui.

Júpiter franziu a testa.

- O que...

- O que minha irmã quer dizer majestade - disse Carter, que já não mostrava ser controlado por Hórus -, é que o que quer que esteja te atacando, faz parte do mal que enfrentamos na Terra. Isso nos deixa com um inimigo em comum.

- Irmãos de armas, majestade - eu disse. - Lutamos pelo Olimpo, não importa a versão. Lutamos pelo Egito, talvez até por Asgard. Se são seus inimigos, são nossos.

Soou bonito, mas eu estava tremendo por dentro. Só de imaginar que poderia encontrar Tifão e aquele Zuco que destruíram as bases do Olimpo... Bom, de todo jeito era uma ótima oportunidade de usar um dos sermões motivacionais de Jackson. Afinal, cada aventura tem pelo menos um.

Para nossa surpresa Júpiter sorriu.

- Irmãos de armas... Muito bem, semideus imortal, magos, princesa dragão - Ele ergueu a mão direita e seu raio de poder brilhou acima de sua cabeça. - Pelo Olimpo e pela Aliança da Ordem.

Sem entender direito o que ele quiz dizer, levantei minha arma enquanto meus amigos faziam o mesmo (menos Rhianna, que ergueu as próprias garras) e bradamos um grito de guerra, seguindo o rei Júpiter para a batalha.

O legado dos deuses - Os Heróis do Olimpo, Crônicas dos Kane, Magnus ChaseOnde as histórias ganham vida. Descobre agora