Capítulo 6 - Magda Bosso

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- Você fingi muito mal – ele comentou se sentando na beira da cama, gargalhando.

- Será que posso dormir em paz? – continuei de olhos fechado.

- E eu só quero dormir – ele tentou se alinhar ao meu lado na cama.

- Não mesmo, vai pra outro lugar – o empurrei com os pés, ainda consegui vê-lo quase desequilibrando, mas aproveitou para se sentar na cama.

- Eu não vou te agarrar Magda, fica na sua, só vamos dormir na mesma cama, nada mais que isso, a não ser que você queira.

- Ah, e pra você dormir precisa ser assim – apontei para a cueca Box branca que ele usava, precisava ser tão sensual.

- Sabe desde quando durmo assim? Desde quando passei a ter meu quarto sozinho em casa, gosto de liberdade e você ainda acha que estou usando cueca.

- Se você encostar um milímetro que seja de sua mão, de seu corpo em mim, você não vai estar vivo para participar desse evento. Entendeu Pietro? – falei brava.

- Uiii, velho já falei que não vou fazer nada que você não queira, mas se quiser pode me acordar a qualquer horário.

Aceitei dormir assim, mas antes coloquei o máximo de travesseiros dividindo completamente a cama, mesmo sabendo que se nós quiséssemos aquilo não seria nenhum empecilho. Desliguei a luz e nós apagamos com o sono.

Meu celular tocou bem cedo, tinha que aproveitar para me arrumar e visitar minha tia. O outro já acordou mal humorado e tive que expulsá-lo do quarto para me trocar porque se dependesse dele, ele ficaria deitado na cama me olhando, como se nada estivesse acontecendo. A cara dele nem arde.

Tive que me arrumar rapidamente, não podia demorar muito, coloquei algumas coisas na bolsa, passei na cozinha e coloquei algumas frutas dentro da bolsa e sai sem falar nada, tinha pensando em levar Pietro, mas depois do que tinha acontecido estava evitando o máximo ficar muito tempo ao lado dele.

Ver minha tia Vera foi ótimo, colocamos a conversa em dia, ele é irmã da minha mãe, como ela nunca teve filho, sempre me teve com muito amor e fazia tudo por mim, tinha marcado para voltar pra casa, pelo menos umas duas horas da tarde. Já estava me arrumando para ir embora, quando meu celular tocou, não podia acreditar, mas era Pietro me ligando.

- O que foi dessa vez? – atendi.

- Estava pensando em ir te buscar, porque tá perigoso você andar sozinha nessa cidade.

Continuei em silêncio. Ele devia estar de brincadeira, tentando me irritar realmente. Desconversei, pedindo que não viesse me buscar, não tinha problema em ir para o hotel.

- Não precisa vim – comentei, desliguei a ligação.

- Você está com quem no Rio? – minha tia comentou ao me ouvir falando.

- É um amigo do trabalho que está querendo vim me buscar, mas não precisa. Eu vou pegar um táxi e chego logo no hotel.

- Ah, deixe ele vim Meg, é muito melhor do que você ficar andando pelo Rio tarde, ainda mais que está perigoso com essas pacificações que está acontecendo nos morros.

Depois de tanto minha tia falar, resolvi ligar para ele, e tenho certeza que ele estava esperando por aquela ligação, atendeu todo manhoso, como se eu não conhecesse a peça que ele é.

- Em que posso ajudá-la?

- Você pode vim me buscar.

Não demorou muito e ele estava na frente da casa e ainda teve a cara de pau de falar com minha tia, quem visse daquele jeito até acreditava que ele era assim, ao fim para não ficar tarde resolvemos ir embora, minha tia ainda encheu minha bolsa com comida, suco e um cobertor que era pra levar para minha mãe.  Ela ainda arrumou um amigo taxista dela para irmos embora e ela não ficar tão preocupada. Entramos no táxi e Pietro pediu para o taxista nos levar a Floresta da Tijuca. Antes que eu formulasse uma pergunta, ele pediu para que eu ficasse calada, mesmo contra minha vontade.

Chegamos à frente do local parecia ser bem interessante, nunca tinha conhecido lugares assim e me animei, ainda mais que por incrível que pareça, o safado do Pietro conhecia toda a história do local.

As trilhas eram bem demarcadas e tínhamos recebido um aviso para não sair delas, a floresta era extremamente verde, no meio do percurso descobri que há muito tempo aquela área tinha sido completamente desmatada, não dava para acreditar. Tudo aconteceu durante o Segundo Reinado, quando D.Pedro II ordenou o reflorestamento do local.

Estávamos andando depois de passar e observar a paisagem que conseguíamos ver no Mirante do Excelsior. Fomos descendo calmamente, quando um grupo de três homens se aproximou sorrateiramente. Todos que estavam no local ficaram assustados. Até que eles anunciaram o assalto, um dos homens colocou uma pistola apontada na direção dos turistas e começou a esbravejar para colocarmos os aparelhos e dinheiro numa mochila que o outro segurava.

Eu estava nervosa, na direção que eles vinham, eu e Pietro seríamos os últimos a sermos assaltados, ele demoravam com os turistas que não falavam a nossa língua e eu estava ficando cada vez nervosa. Comecei a der pequenos passos para trás, sabia que sempre dizem para não reagir, mas espera você estar numa cena como essa para você ver.

Um dos turistas tentou resistir ao assalto e acabou gerando uma confusão, um dos homens derrubou ele e todos os três passaram a chutá-lo. As mulheres começaram a gritar e sem pensar tomei a atitude que mudaria tudo aquilo. Olhei para os bandidos que estavam preocupados com o turista e só pensei numa trilha que tinha próxima, gritei para Pietro me seguir.

Quando corri, não tinha pretensão da reação que aquilo teria, sentia as plantas tocando em meu corpo e aquilo ardia, mas podia sentir a adrenalina correndo em meu corpo. Ouvi a voz dos bandidos gritando e dois disparos foram feitos, me fazendo parar e no mesmo momento querer correr.

- Meg – ouvi um grito que ecoou pela floresta, era voz de Pietro.

DE-SES-PE-RO

Rendidos de Amor 1Where stories live. Discover now