Capítulo 9 - Pietro Vargas

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Pensei um pouco no que responder para Magda, mas tinha que falar a verdade.

- Não - respondi.

- Não acredito nisso - ela me olhou arregalando os olhos.

- É sério, acho que  sempre tive vontade de conquistar as mulheres e meus sentimentos sempre falaram pouco. Venho de uma família que se tratava friamente, acho que as únicas mulheres que amo são minha mãe e minha irmã.

- Então as mulheres são troféus para você? - ela parecia mais interessada em descobrir coisas do meu interior.

- Nunca, de forma nenhuma. Aprendi a respeitar as mulheres, mas o que posso fazer se sou um brinquedo de dar prazer, eu cuido delas e elas cuidam de mim, nada a mais.

- Mas, e se você amasse uma mulher? - ela perguntou me olhando nos olhos, exigindo o mínimo de sinceridade.

Se a nossa conversa tivesse um narrador, ele gritaria a cada pergunta de Magda bem assim, "ótima pergunta", porque ela estava conseguindo me fazer pensar em algo que nunca tinha passado por minha cabeça, sério. Eu nunca pensei no que faria no dia que amasse alguma mulher, mas do jeito que fazia me envolvendo uma vez só com cada uma, não conseguia ter tempo para isso. Olhei novamente para ela, respirei fundo para responder.

- Isso nunca me passou pela cabeça - ela me olhou surpresa - Mas, acho que quando acontecer vou estar preparado para pensar muito e se realmente for o que eu quero irei atrás dela, onde ela estiver.

- Que profundo - ela comentou, antes de cairmos na risada.

- E você acha que sou um homem pra casar?

- Não é aquela coisa que se diga "oh minha nossa, como ele é perfeito", mas dá pra casar - gargalhamos novamente.

- É, mas já você eu não posso dizer o mesmo, já imaginou você incomodando e se estressando com maridos e filhos? Graça a Deus que eu não serei esse maluco.

- Estávamos bem, mas você decide pirraçar. Vá para o Inferno.

Continuava a chover muito forte, naquele dia estava convicto que não teria como voltar pra casa ou alguém nos achar, separamos mais um lanche e dividimos em silêncio, Magda ainda estava irritada com meu comentário, mas não falei nada demais, só a verdade, eu não suportaria viver a minha vida inteira ao lado dele, esses dias numa caverna já estão parecendo uma eternidade.

Olhei mais uma vez para o celular, e continuava sem rede e para completar as nossas baterias estavam muito descarregadas, lei da natureza digital, quanto mais você precisar de um celular, mais rápido ele vai descarregar.

Nossas roupas continuavam encharcadas, e com todo aquele frio não secaria tão cedo, Magda estava deitada sobre a pedra que deveria estar bem gelada com a coberta em volta. E naquele momento percebi que não tinha nada para fazer, pelo meu relógio, a última vez que tinha olhada já passava das quatro da tarde.

Não entendia como ninguém tinha dado falta de nós, mas para complicar ainda mais nossa situação, não tínhamos avisado no prédio para onde estávamos indo, tampouco tínhamos falado com alguém. Nossa sorte seria a tia de Magda dar por nossa falta, caso contrário, estávamos em uma grande enrascada.

Com toda aquela chuva, aquele frio, não tinha nada para fazer a não ser comer frutas e sentar o mais próximo da fogueira, Magda estava dormindo, talvez de dia ela conseguisse descansar mais cedo, porque a noite com todo aquele barulho complicava mais um pouco. Só queria naquele momento a minha desejada cama e meu chuveiro quente e uma morena me esperando.

A noite foi caindo rapidamente, e o frio só aumentava, percebi que Magda se batia um pouco de frio, naquele momento comecei ficar preocupado, porque se ela tivesse uma hipotermia no meio da floresta, perdida, não sei o que seria dela.

Rendidos de Amor 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora