Aqueles olhos

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DIANNE
Dormi com Celeste mas não aconteceu nada demais. Apenas dormimos, ponto.
Adorei dormir com ela, me senti confortável e esqueci dos problemas do passado, que ainda corriam por dentro do meu peito.
Um feixe de luz batia em sua pele branca, mas não pálida, e eu ficava admirando ela ao meu lado.
Ela esfregou os olhos e os abriu, logo depois, me deu um sorriso.
- Bom dia... -Ela disse, se espreguiçando na cama.
Fitei suas coxas descobertas, ela estava sem calça, ou melhor, sem o short que ela veio na noite passada.
Franzi a testa.
- O que houve ontem com a gente? -Perguntei, já desconfiando de que tinha sim acontecido algo.
- Dianne... -Sua voz rouca e meiga me trouxe um arrepio na espinha ao ouví-la falando meu nome. Da onde veio isso?- A gente...bebeu um pouco, mas só um pouco. E não fizemos mais nada após isso, não que eu me lembre.
Comecei a entrar em desespero. Porquê? Nem eu sei, talvez seja porque não quero estragar tudo e muito menos a minha amizade com ela.
- Por quê parece tão nervosa, Dianne? -Ela diz, levantando para me encarar.
Engoli em seco.
- E-Eu...-Gaguejei, não tinha como dizer isso à ela, não podia, eu ia estragar tudo.- Acho que eu tenho que fazer umas compras. Tô prec...
Ela bufou e saiu da cama.
Fui atrás dela.
Ela já estava pegando suas coisas para ir embora.
- Ei, espera! O que houve? -Perguntei, segurando não tão forte seu pulso.
- Me larga! -Ela gritou.- Achei que você seria diferente comigo. Estava completamente errada.
Fiquei sem chão. Eu ia perdê-la. Perder minha melhor amiga em Daytona Beach. Meu Deus, como eu sou burra.
Ela saiu pisando forte e não insisti mais em ir atrás dela.
CELESTE
Pensei que Dianne seria diferente comigo, eu estou apaixonada por ela e ela ainda me deixa preocupada quanto ao seu sentimento por mim.
Voltei para casa e me pus a chorar no meu sofá.
NYESLE
- minha amora, fiquei tão assustado quando você me chamou. -Rafael falou, passando a mão pelo meu rosto.
- Eu estava me sentindo realmente mal. -Falei.- Agora estou melhor. Obrigada por me socorrer, rafa.
Ele sorriu fraco.
- Queria tanto que você me chamasse de amor... -Ele murmurou.
- Rafael... -Falei em um tom de protesto.- Já conversamos sobre isso, por favor, pare!
Mais lágrimas desceram pelas suas bochechas coradas. Ele colocou as mãos no rosto e repetiu "Idiota" para si mesmo, várias vezes.
Peguei uma das suas mãos e beijei.
- Rafael, eu não quero te magoar. Eu gosto de você, sério. Só quero que...
- Que eu desapareça da sua vida, não é? Se é isso que você quer, eu sumo, sua vadia desgraçada! -Ele disse, levantou-se e cuspiu em meu rosto.
Ele saiu pisando forte da sala de hospital, enfermeiras entraram, me vendo frustrada no meu leito.
DIANNE
"Aqueles olhos...que refletem luz no meu coração..."
Eu, assim como quase todo ser humano, tenho um grande amor.
Mas, infelizmente, esse amor não foi tão correspondido. Os olhos da pessoa que amo estão fora do meu alcance, sua boca está longe da minha...seus cabelos sedosos, longe das minhas mãos.
Passou muito tempo, mas eu ainda tinha esperanças de algo mudar. De ter ela de volta.
Depois de tomar um longo banho, pus uma calça jeans e uma camiseta vermelha, calcei um tênis da Adidas e saí de casa.
"Preciso relaxar."
Fui para a beira da praia, sentei em frente ao mar e passei a chorar.
NYESLE
- Querida, vamos, precisamos passar o dia em algum lugar bom. -Minha mãe falou, me entregando a roupa para sair do hospital.
- Mãe, eu acabei de brigar com o Rafael, não quero ir pra nenhum lugar com ele.
Ela franziu a testa.
- Por quê brigaram?
- Terminamos. Não quero mais fingir sentir algo que não sinto. E você não vai mais me forçar a nada quanto a isso. - Falei, entrando no banheiro.
"Eu cansei de agradar os outros."

RudeWhere stories live. Discover now