Capítulo 02 - Bem vinda de volta!

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Chegar na casa de meus pais foi uma sensação boa e cheia de nostalgia, enquanto ainda estava no carro pude ver eles no jardim, pareciam ansiosos pela minha chegada.

Minha mãe estava com um sorriso de orelha a orelha nos lábios e com os olhos cheios de lágrimas, isso sempre acontecia desde o ocorrido da minha internação e quando ela me encontrava.

Meu pai sorriu ao me ver, um sorriso triste e cheio de mágoas, ele ainda não tinha superado todo o transtorno que causei. Dei um abraço apertado em cada um deles e entramos para almoçar.

— Você não sabe a felicidade que está aqui dentro de mim meu amor — minha mãe dizia segurando a minha cintura e me enchendo de beijos na bochecha.

— Eu senti a falta de vocês também. Desculpa por tudo.

— Você já se desculpou Júlia. O que passou, passou. Agora temos que recomeçar do zero e bola pra frente. Vamos colocar um aplique nesse cabelo, comprar roupas novas, um carro novo. Quero você nova em folha. — minha mãe dizia empolgada me levando para a mesa para almoçar.

Minha família era uma das mais ricas de nossa cidade, eu antigamente adorava isso, tinha tudo o que eu queria, mas nunca parecia ser o suficiente, pois com a chegada de Bernardo na minha vida acabei me interessando por coisas que meus pais jamais imaginariam que a filhinha mimada iria se envolver.

Minha mãe, dona Scarlete, era a parte da riqueza da família, totalmente elegante e impecável, o dinheiro sempre foi solução para tudo na sua vida, já meu pai, Valter, sempre foi mais simples, nunca humilhava ninguém para alcançar todos os seus objetivos, ele era um homem de sucesso por seus próprios méritos e eu sentia muito orgulho dele. Uma pena eu ter lhe dado tanta dor de cabeça.

— Mãe, não vou colocar aplique no meu cabelo, pedi para a Simone cortar realmente para me livrar de quem eu fui antigamente. — disse para minha mãe deixando a bolsa de roupas no chão da cozinha — E não quero roupas novas e um carro novo, a única coisa que quero e preciso agora é de um tempo pra mim. Voltar para meu apartamento com a Laura, vivermos como vivíamos, mas dessa vez de uma forma nova, não quero decepcionar vocês de novo.

— Obrigada por isso filha. — Disse meu pai, foram as primeiras palavras que ele disse diretamente para mim — Sinto que essa clínica lhe fez bem.

— E fez pai. — assenti com a cabeça — Talvez eu nem deveria ter saído de lá. — sussurrei o mais baixo que pude.

— Claro que você iria sair de lá, não aguentava mais ter que me explicar para as vizinhas do quanto tempo você precisaria para se recuperar, agora posso mostrar pra elas que você voltou e está mais radiante do que nunca e vai dar a volta por cima. — minha mãe dizia toda empolgada, enquanto eu sentia nojo de suas palavras, ela conseguia ser muito insensível as vezes, se preocupava mais com que os vizinhos iriam pensar de sua família do que o bem estar de sua própria filha.

Meu pai e minha irmã me olharam em solidariedade e minha irmã mexeu com a boca falando "Ignore", e foi o que fiz, ignorei algumas coisas desnecessárias que minha mãe dizia e sentamos na mesa para almoçar. Nossa empregada Martinha havia feito um almoço maravilhoso e percebi que voltar para casa tinha lá as suas vantagens.

Minha mãe foi contando tudo o que aconteceu ao longo desses dois anos. Ela sempre me visitava quando eu estava na clínica, mas nunca nos falávamos muito, pois eu sempre estava exausta e nunca estava disposta para conversar.

Meu pai ia de vez em quando, pois não gostava de me ver naquela situação, eu sempre compreendia, não estava arrumada como sempre fui, sempre estava abatida e dopada de medicamentos, mas com o tempo tudo foi melhorando.

InconstanteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora