Padlocks The Heart - II

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Tentei remover suas patas, mas o bicho não saía.
- Parece que ele gostou de você. - Sorriu, caminhando até mim.
- Geralmente não costuma se apegar a ninguém, ele fica arisco perto dos outros. - E acariciou a cabeça do gato.

- Sério? - Eu o fitei surpreso.

- Aham. - Sorriu. - Vamos esperar até dormir, ele não vai sair daí até estar cansado.

Assenti com a cabeça e me sentei na escada. Kotaro veio logo atrás, se sentando ao meu lado.

Ainda não me conformo com o tamanho desse cara...

- O quê estava fazendo quando encontrou ele?

- Limpando a casa. Fui levar o lixo e o encontrei aqui sozinho. - Fitei o gato brincando com um fio solto de minha blusa, perto de meu pescoço.
O que me deu cócegas.
Comecei a sorrir com isso. Coloquei meu dedo em seu focinho e ele o mordeu levemente.
Minha risada ecoou pelas escadas à baixo, quando notei que Kotaro me olhava fixamente.
Fiquei sério.
- O quê foi?
- N-nada... É que... Essa é a primeira vez que te vejo sorrir. - Me fitou surpreso.

- A-ah... Bom... Não sou muito de rir. - Debrucei minha cabeça.

- Não tem muitos amigos, não é?
- Não... - Apertei o gato contra meu peito.
- Isso deve ser ruim.

- Nem tanto. Já me acostumei.

Eu o fitei.
- A vida é melhor, quando não se tem ninguém que podemos perder.

Ele ficou um bom tempo me encarando surpreso, como se pudesse ver a minha alma. Aquilo me deu medo. Mas logo fixou o olhar em suas mãos.
- Você mora sozinho? - Indagou, quebrando o silêncio.
- Claro que não... Eu moro com a minha mãe, mas como ela volta tarde do trabalho, fico o dia todo sozinho. - Expliquei, enquanto brincava com as patas do gato.
- E seu pai? - Questionou.

Encostei a cabeça na parede, amargurado.
Ele me olhou, e logo notou minha tristeza.
- D-desculpa... Eu não devia ter perguntado. - Falou com um tom desesperado.

- Tudo bem... - Encarei fixamente o chão, como se minha vida dependesse daquilo.
- Meu pai morreu em um acidente há alguns anos atrás. - Falei em meia voz.

- Sinto muito.
- Eu também. - Murmurei.

Por quê estou falando da minha vida pra esse idiota?

- Não sei o que dizer pra ela em relação à meu óculos... Só recebo mesada no mês que vem... Ela vai notar que falta alguma coisa no meu rosto.

- Tem tanto medo assim de que ela saiba? - Indagou.

- Não é medo! Eu só não quero que saiba que tem um filho covarde como eu... - Murmurei, franzido a testa.

- Você não é covarde. É apenas pequeno, eles mexem com você por conta dessa desvantagem.

Your Last First Kiss (YAOI ♡)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora