Beginner (Novato)

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Acordei com o barulho insuportável e irritante do despertador ao lado da minha cama. Bati bruscamente a mão contra o mesmo tentando fazer aquela coisa parar de ecoar. Bocejei algumas vezes antes de voltar a me enrolar entre o cobertor.

Não vou levantar cedo nem a pau!

Quando então a porta se abriu.
- Ayu! Levanta! Você não vai perder a hora logo no primeiro dia! - Resmungou minha mãe, vindo em minha direção e puxando abruptamente o cobertor da cama. Acabei caindo no chão, junto com alguns travesseiros.
- Qual é! - Levantei com a testa franzida e coloquei meu óculos.
- Não reclame. Você vai e ponto. - Olhei para ela frustrado.
- Argh... - Bocejei. - Bom dia pra você também. - Coloquei minhas pantufas aceitando a derrota de ter que acordar cedo. Me direcionei para o banheiro do meu quarto. Eu sabia exatamente que ela não me deixaria em paz até eu me levantar.

- O café está pronto. Vou ter que sair e só vou voltar de noite. A cópia da chave vai ficar na portaria. - Avisou, me fitando enquanto eu escovava os dentes.

Porquê ela ainda perde tempo pra me informar que vai voltar tarde?

- Olha... Aproveita que hoje é seu primeiro dia e conheça pessoas novas. Você tá precisando de amigos... Quem sabe até uma namorada. - E sorriu. Lavei minha boca e sequei com a toalha de rosto, jogando-a em um canto perto da pia. Eu já sabia onde aquela conversa iria terminar.

- Posso até acordar cedo e concordar em ir pra escola, por causa das minhas notas. Agora me pedir para fazer amigos e arrumar uma namorada já é pedir demais. - Falei zombeteiro.

- Mas você está precisando... Tenho certeza que vai conhecer pessoas legais nessa escola... Ultimamente você tem ficado tão quieto aqui nesse quarto com esses gibis... - Ela virou os olhos e encarou a pilha de livros em mangá espalhados pelo chão do quarto bagunçado.
Eu a fitei com certo tédio em minha expressão.

- Mãe. Olha, eu tô bem. Não se preocupa. Não preciso de nada além disso aqui. - Ergui os braços e apontei em torno do quarto.
Ela suspirou e tentou sorrir, mas pude ver em seu rosto que não estava satisfeita. Logo beijou minha testa.
- Promete que vai fazer amigos?
- Hum, não. Mas posso tentar. - E sorri, retribuindo outro beijo em sua bochecha.
- Apenas tente. - Pediu, acariciando meus cabelos loiros.
- Não sou bom com essas coisas mas... Vou tentar. - Murmurei, prevendo o desastre que seria meu dia hoje...

Após tomar meu café da manhã e ouvir toda a palestra de minha mãe em relação à amigos - que eu não tenho. - Decidi juntar todo o meu material e ir para a nova escola.
Minha mãe saiu apressada na minha frente, dizendo que deixaria uma cópia da chave na portaria.

Já fazia um tempo que havíamos nos mudado para um apartamento em Califórnia na cidade de San Francisco. O lugar é bonito, mas se não fosse pelo trabalho apertado de minha mãe, eu preferia ter ficado onde estava. Se bem que nada mudou desde que cheguei aqui. Continuo sozinho, sem amigos ou qualquer coisa do gênero. Já ficou tão típico a falta de diálogo com outras pessoas, que aprendi a me acostumar com isso.
Não sei qual o problema comigo. Parece até que eu afasto as pessoas...

Minha mãe começou a trabalhar em um Ateliê, e desde então fica quase o dia todo fora. Pelo o que aparenta ela gosta muito do seu novo emprego, e isso também me deixa feliz, a não ser pelo fato da sua ausência...

Tranquei a porta, retirando a chave do trinco e colocando-a em meu bolso da calça.
Coloquei meu celular e retirei os fones de ouvido.
Quando então a porta do apartamento ao lado se abre. Um cara alto com uma blusa escura e touca de capuz, saiu com uma pressa eminente em seus passos.
- Sai da frente. - Disse passando por mim, e logo começou a apertar freneticamente o botão do elevador.
Ignorante.

Foi a primeira palavra que me veio à cabeça ao observá-lo. Não consegui distinguir seu rosto por causa da touca, mas ele tinha cara de ser velho.

Aproveitei que as portas do elevador se abriram e entrei com ele.
Fiquei ao seu lado. Sua sombra tomou a minha por completo, fazendo com que eu virasse um anão comparado a ele.
- Bom dia. - Murmurei em um tom baixo.

-Hum...? - Ele me encarou e logo tirou os fones de ouvido que estavam escondidos pela touca.
- Bom dia. Eu não te vi. - Falou em um tom irônico.

Fala sério! Não me viu mesmo?

- Tudo bem. - Virei a cara, emburrado.
As portas do elevador se abriram, e logo eu sai na sua frente, querendo não encontrá-lo mais.

(...)

Peguei o ônibus.
Minha mãe já havia me mostrado o caminho da escola, por isso não foi difícil chegar. A dificuldade foi na hora de encontrar a minha sala no meio de tanta gente andando pelos corredores. Mas no final tudo ocorreu bem. Como sempre, fiquei no fundo da sala, recebendo diversos olhares arrogantes que me deram nos nervos.
Assim que as aulas acabaram, esperei que todos saíssem para que chegasse a minha vez.
Recolhi meus livros da mesa e saí.





Your Last First Kiss (YAOI ♡)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora