As Listas de Ellen [versão wattpad]

Capítulo 36 - Bastardo

Quinta-feira, 26 de novembro, Dia de Ação de Graças

06:23AM.

— Puta merda!

Abro os olhos e me arrependo no mesmo segundo.

Não é o dia que eu mais estava esperando. O que eu estava mesmo esperando era que eu passasse a quinta-feira inteira dormindo como no dia anterior. Não aconteceu. Estou de olhos abertos, jogada na cama com os lençóis embolados por cima de mim. Até isso me irrita. Sinto calor, então jogo os panos para fora da cama. Um lençol fica preso embaixo de alguém... Brandon. E Brenda. E Andy! No quarto de Brenda. Ah.

Deixa eu recapitular.

Segunda-feira, 23 de novembro

12:00AM

Eu estava já me preparando psicologicamente para aguentar sorrindo mais um dia tedioso de trabalho, quando Brenda aparece no apartamento assim, de repente. Perguntei o que houve. Casualmente, sem me olhar nem falar mais claro, ela respondeu:

— Enjoo matinal. — Direta.

— Não é não! — Respondi. — Enjoos matinais são bem no início da gravidez. Você já está com o quê, quatro meses?

— Cinco. E é normal, sim. — Ela insistiu.

— Não é.

Ellen me lançou um olhar duro, e eu entendi que ela estava mentindo.

— Por que você quis sair do trabalho tão cedo, com uma desculpa tão esfarrapada? — Perguntei, arqueando as sobrancelhas.

Ela deu de ombros, sem mais querer responder. Eu continuei insistindo, e ela desembuchou:

— Marcus vem aqui. Não entre em pânico, okay, mas... estamos vendo algum lugar para morarmos juntos. — Percebi que ela estava esperando uma reação, mas eu não disse nada além de:

— Mas assim, de repente?

— A gente vai ter um bebê junto, Ellen... é uma coisa para se pensar. Não vou te abandonar, certo? Prometo vim aqui toda semana.

— Ah! — Levantei do sofá num salto — Não é isso que eu quero dizer! Eu só estava preocupada com vocês dois. Sabe? É um passo bem grande, depois de um término, morar com a pessoa novamente. Você dois...

— Nós dois, o quê? — Ela pousou as mãos na cintura já larga, projetando a barriga mais para a frente. — E outra coisa, eu achei que você iria ficar triste por ter que morar sozinha novamente.

Encolhi os ombros, sem querer dizer em voz alta que irei me mudar. O negócio é que: depois que você diz uma coisa para alguém, essa coisa se torna verdade, então é quase como se não pudesse mais dar um passo para trás. Se já está dito, está dito.

— Bem... estou pensando em me mudar — Disse, depois de tomar coragem. — E fiquei aliviada quando você disse assim, que estava pensando em morar com o Marcus... Só fiquei preocupada por você, mesmo.

— Ah, é? Você quer se mudar daqui? Mas eu achei que você amasse esse lugar! — Ela aponta, um tanto quanto chocada. Concordo:

— E eu adoro esse lugar, de verdade. Mas quero mudar. Ver as coisas com outros olhos; sair da zona de conforto.

— Que corajosa.

Enchi o peito, me orgulhando da minha própria decisão, embora duvidosa.

— Obrigada! – Agradeci o elogio, e no mesmo instante, a campainha soou.