III - Trabalhando com Problemas

Começar do início
                                    

— Lisa? Onde você está? Anne disse que... —Comecei a perguntar quando ela deteve minha fala.

— Estou viajando e não vou voltar por um tempo — murmurei baixo e eu tive que me esforçar para ouvir.

— Como assim? — perguntei novamente, não entendendo nada da situação — Lisa, você poderia ter avisado, assim daria tempo de Anne trocar o horário dos pacientes.

— Igual você me avisou quando dormiu com o meu irmão? — indagou e eu pude distinguir o tom de irritação em sua voz.

Então esse era o motivo da viagem inesperada? Bom saber que um fato não importante foi o suficiente para ela me largar desesperada em um clinica cheia de pacientes querendo ser atendidos.

— É por isso que você viajou? — perguntei ainda sem acreditar — Olha Lisa, seu irmão é maior de 21 anos. Ele pode fazer o que bem entender.

— Eu te conheço, Alicia — falou novamente e eu estava começando a ficar insegura — Você queria algo e usou meu irmão para isso. Você é incapaz de manter um relacionamento com alguém sem interesse, honestamente, eu não acho que posso trabalhar com alguém assim.

— O que você quer dizer com isso? — Minha preocupação tinha atingido níveis alarmantes — Você vai abandonar a parceria?

Se Lisa saísse eu não seria capaz de manter o local. Meu coração começou a bater mais rápido em desespero.

— Eu não sei ainda — disse e eu relaxei com essas palavras. Ainda tenho chances de convencê-la a não ir — Vou tirar esse tempo para pensar, quando eu chegar nós conversamos.

Sem se despedir ela desligou. Eu ainda não estava acreditando no que tinha acabado de acontecer então fiz a única coisa que podia fazer no momento.

— Anne, ligue para todos os pacientes de hoje e remarque os horários — falei enquanto me dirigia para minha sala — Vou atender todos eles hoje.

Meu dia foi assustadoramente ocupado. Os pacientes da manhã foram os mais fáceis de atender, era aconselhamento familiar. Os da tarde foram predominados pelas fobias, particularmente, eles eram os mais tediosos de se lidar. Então por último, quando já estava escurecendo apareceu os meus favoritos. Os que possuíam alguma doença ou distúrbio psicológico.

Eu sempre achei interessante em saber como a mente humana funcionava. Os casos mais extremos eram sempre os meus favoritos, por serem difíceis de lidar e complicados, mas eu sempre gostei de um desafio. Eu, originalmente, gostaria de ter sido uma psicóloga forense, mas acontece que não é uma vaga muito utilizada onde eu moro e minha mãe não achou que era um profissão adequada para mim quando eu comecei a fazer faculdade.

Eu quase estava me esquecendo do motivo de me enterrar totalmente no trabalho. Minha parceira estava ameaçando abandonar o barco e eu não podia deixar isso acontecer. Peguei o celular do bolso e mandei uma mensagem para ela enquanto aguardava o próximo paciente.

Alicia: Você não pode me abandonar agora. Não pode abandonar a clinica.

Lisa: Se eu te perguntar qual é o motivo de você querer que eu fique, o que você vai responder? Você está interessada na nossa amizade ou só me quer para garantir a clinica?

Parei para pensar alguns segundos. O porquê de eu estar insistindo tanto? É verdade que ela é minha amiga, mas ela também me ajuda a pagar minhas contas e sustentar a clinica. Eu não sabia como responder.

Alicia: Essa é uma pergunta difícil.

Lisa: Não seria se fossemos amigas de verdade.

Next Door LoverOnde as histórias ganham vida. Descobre agora