Naive

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Estava muito ansiosa para aquela reunião. Sua não podia estar mais perfeita e confortável: um moletom azul e sua saia luminescente rósea.

Seus amigos estavam tão animados. Brincadeiras a parte, aquela época era a melhor de sua vida. E ela sabia. curtia sua adolescência. Em seus meros dezessete anos, já se sentia tão independente. Bebia algumas vezes, fumava passivamente a fumacinha dos cigarros que alguns amigos lançavam quando estavam juntos, riam de qualquer besteira que passassem em sua frente. Não dava muita atenção aos outros, senão sua turma. Escutava àquelas músicas grunge e pop como se não houvesse amanhã, foi como contraiu seu apelido. E, não menos importante, era a fim de .

Jeremy não era o atleta, ou o nerd da escola, ou o popular rodeado de garotas, era só o Jeremy, se dava bem com qualquer um, até com os filhos da mãe que queriam arranjar confusão antes de conhecê-lo.

Conheciam-se desde os treze anos de idade, estudaram juntos na maior parte de suas vidas. Talvez depois de uns dois anos como amigos, Poppy descobriu que gostava dele, no estilo de ficar com o coração na boca, figurativamente, quando o via. Sempre que ele estava por perto suas pupilas dilatavam, deixando seus olhos verdes mais notórios.

Sendo umas das últimas a chegar à casa de Emília, sua amiga que dava a tal festa, Poppy logo rumou para a cozinha, abrindo a geladeira e pegando o pote de sorvete de baunilha separado somente para ela. Sorvete era sua droga preferida.

Subiu as escadas, indo em direção ao quarto de Emília, onde o grupo já a esperava. Riam, com garrafas de cerveja na mão, discutindo sobre uma banda trash que um deles ouvia, e então ele apareceu. Tão fofo com seu cabelo meio arrumadinho, meio caído na testa e seus óculos. Poppy gostava muito deles, pois estes chamavam atenção para os olhos azulados de Jeremy. Estava com uma calça jeans e um suéter bordô.

– Poppy! – ele foi logo cumprimentá-la – Um dia você ainda vai ser viciada em açúcar. – comentou apontando para o pote de sorvete.

– Tarde demais. – ela o abraçou e sentou perto de Gary, um carinha que já estava quase dormindo, em plenas oito horas da noite, após ter ingerido seis garrafinhas de cerveja. Ela contou.

"Droga", ela pensou, "tenho que fazer alguma coisa hoje com relação a ele. Preciso tentar".

Tocava Come On Eileen, do Dexy's Midnight Runners, simplesmente combinava com o ambiente e o momento deles. Todos começaram a dançar loucamente pelo quarto, rodopiando, pulando e cantando. Os casais dançavam juntos em seu mundinho temporário, até que em seguida começou a tocar Take On Me, do A-ha.

Nesse momento, Poppy largou seu bendito pote de sorvete de baunilha e foi para o meio do grupo dançar feito uma maluca. Em algum momento daquela loucura toda, ela percebeu que Jeremy apenas observava tudo acontecer de braços cruzados no canto da parede, sorrindo.

"É agora", ela falou consigo e foi em direção a ele.

– Vem dançar! Aproveita! – Poppy mal esperou para que ele respondesse e o puxou pela manga do suéter.

Ele não ofereceu resistência à atitude dela, mas, invés de ficar somente no centro do quarto, ele continuou o pequenino caminho que restava até a janela, agora segurando pelo moletom dela.

– Tá muito... "agitado". – Jeremy levantou o trinco, fazendo com que um vento frio entrasse no ambiente abafado – Vem. – e saiu pela janela, sentando-se no telhado logo em seguida.

Pedindo para que ele esperasse com a mão, ela voltou a grudar em seu pote de sorvete de baunilha e seguiu para o lado dele. Como só eles dois haviam saído do quarto, Jeremy se levantou para fechar a janela. O som ficou um pouco mais fraco, mas ainda era audível.

S t a r g a z i n gWhere stories live. Discover now