Capítulo 3 - Taís

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Peguei todos os trapos de Juliana e coloquei dentro de uma cesta. Ela não ia precisar daquelas roupas velhas nunca mais.

— O que você está fazendo? — ela berrou atrás de mim.

Juliana, minha irmã mais nova, sempre adorou roupas rasgadas e furadas. Mas eu ia acabar com aquilo hoje.

— Juliana, você já parou pra ver que eu divido um guarda-roupa com você e que a senhorita está ocupando mais do que deveria com essas roupas velhas? — eu digo apontando para a cesta cheia de peças.

— Você não tem o direito de pegar minhas coisas e colocá-las numa cesta para doar! — ela bate o pé no chão, como uma criança de cinco anos.

— Você mal usa essas roupas, Juliana! — eu rebato.

Ela grunhe e marcha para fora do quarto, emburrada.l, e grita do corredor:

— Vou dar graças à Deus quando você dar o fora daqui.

Reviro os olhos e sobro meu cabelo para longe deles. Sabia que ela estava falando da boca para fora, pois já tinha confessado que quando eu me casar, ela ia sentir minha falta.

Casar.

Espremi os olhos e suspirei logo em seguida. Casar? Eu? Não saberia se num futuro próximo - ou longe - eu me casaria. Tinha tantos planos e conquistas ainda para fazer. E Mateus... com aquele estilo gentleman, sempre com os olhos escuros brilhando quando saímos à luz do luar, me deixava cada vez mais apaixonada por ele. Caramba, eu não queria me apaixonar assim, mas meu coração se abriu para ele, não pedindo permissão para a razão.

E quando ele disse que me amava, eu me derreti e disse que o amava também. Não falar por falar, mas porque meu coração gritava sempre que o via, sempre que o tocava.

Balançando a cabeça, paguei a chave do carro e parti para a ação beneficente que teria na igreja. Entreguei para Kátia, uma diaconisa, e saí para encontrar meu namorado-não-namorado.

Nos encontraríamos em um pequeno café no centro da cidade, com biscoitos e uma boa dose de cafeína.

Eu entrei e o ar frio me recebeu. O calor em São Paulo estava ultrapassando seus limites e aquele vento frio do ar-condicionado era muito bem vindo.

Eu logo avistei Mateus, que acenou brevemente com a mão antes de chegar até ele.

— Oi — ele deixou um beijinho rápido na minha boca.

— Oi, Mat — eu coloquei uma mecha atrás da orelha. Por que eu estava nervosa? — Desculpa o atraso, mas eu estava entregando doações lá na igreja.

— Não, tudo bem. Eu é que cheguei muito cedo para te esperar — suas bochechas rosaram e jurei que em qualquer momento eu iria derreter de tanta fofura.

Ele pediu dois cappuccinos e biscoitos de chocolate. Uma especialidade da casa, a garçonete havia dito antes de sair com os pedidos em uma caderneta.

— Estou ansioso para saber o que você vai me dar de presente — ele ergueu uma sobrancelha e o canto de sua boca repuxou para cima.

— Tenho certeza que você irá amar — garanti, pegando sua mão.

— Eu também tenho certeza que você irá amar o meu também — ele riu.

Sorri junto e vi sua boca aproximar das minhas mãos, beijando-as carinhosamente.

O banco fofo encostado na parede era o suficiente para que Mateus se virasse para mim livremente. Seus olhos escuros estavam de volta, próximos aos meus. Ele beijou meu nariz, minhas bochechas, até à minha boca. Eu não estava nem aí para o que as pessoas pensariam, mesmo que nós estejamos numa área reservada do café, então estávamos bem e não ligando para nada ao redor.

Suas mãos estavam pousadas em minhas bochechas e sua língua estava em sincronia com a minha, fazendo-as dançar em um modo muito bonito e delicioso. Ele pegou meu lábio inferior e deslizou entre os seus dentes, deixando um gemido baixo escapar.

— Você tem um gosto incrível de chocolate — ele molhou - mais ainda - os lábios com sua língua, em uma tentativa de sua demonstração se tornar óbvia.

Eu ri e o abracei.

— Venha passar o natal comigo e com minha família, já que os seus pais estão viajando — as palavras se desprenderam da minha boca e nenhum sentimento de arrependimento se apoderou de mim.

— Eu adoraria — ele mexeu em meus cabelos. — Sabe, eu nunca tinha visto uma cor de cabelo assim. É castanho avermelhado?

— Sim — sorri. — Foi mais um erro genético do que genético. Meu pai não tem um cabelo necessariamente ruivo.

Ele sorriu e logo nossos pedidos chegaram, tornando a tarde muito mais ativa e contagiante.

﹏﹏﹏﹏﹏﹏﹏

Quando cheguei em casa, no início da noite, vi que minha mãe estava tendo dificuldades em achar um livro de receitas.

— Lembra que sua avó deixou em algum canto por aqui desde a última vez que veio aqui? — ela berrou da cozinha.

— Sim, mas... — eu disse e abri um armário no canto da sala. Lá estava ele. Revirei os olhos. — Achei, mãe!

Ela chegou esbaforida até mim, pegando rapidamente o livro e deixando um beijinho na minha cabeça

— Obrigada, querida — e ela saiu da minha vista.

Ela vai fazer um prato muito requintado para a ceia de natal, que tia Heloísa iria fazer em sua casa. Mamãe estava fazendo o exemplo para na hora em que levassemos o prato, não ficasse ruim.

Fui para o meu quarto, vendo Juliana sorrindo em frente ao celular, digitando sem parar no aparelho.

— Ai, essas pessoas apaixonadas! — me joguei dramaticamente na minha cama, ouvindo a risada sonora de Juliana.

— Ah, essas pessoas apaixonadas digo eu, né? — ela suspirou e olhou para mim. — Como foi com o Mat?

— Foi bem. Eu convidei para ceiar com a gente — sorri, fechando os olhos.

— Que fofos — ela ironizou, jogando uma almofada em mim.

Rimos e me levantei depressa, caminhando até o banheiro.

Tomei um banho rápido e quando saí, senti o cheiro magnífico de comida. Inspirei e soltei uma risadinha.

Quando entrei novamente no quarto, Juliana já havia saído. Provavelmente sentada em frente a mesa, desfrutando do exemplo delicioso que mamãe tinha feito.

Pensando nisso, corri para me trocar e fui direto para a sala de jantar, vendo todos reunidos na mesa.

— Oi — sorri, timidamente e me sentei, não sem antes da um beijo em meu pai.

— Olá, mocinha — ele disse, em tom brincalhão e esfregou as mãos. — O natal está chegando, e não vejo a hora de celebrar junto com vocês.

Rimos e demos aos mãos, com meu pai fazendo uma rápida oração.

Tem melhor coisa do que celebrar com a família?

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Feliz nataaaaal!

Gente, ainda não me liguei que hoje é natal e que o próximo ano está tão próximo :3

Um feliz natal para todos e espero que tenham gostado da Taís. Ela é um xodó meu.

Beijoss e um feliz natal ♥

PS: o último capítulo provavelmente sairá no domingo, tendo mais alguns capítulos antes. Os próximos personagens eu estou bem ansiosa pra postar *-*

Obrigada gente!

Hellen.

Às Avessas: Especial de NatalWhere stories live. Discover now