CINCO

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Sábado a Gabi acordou e foi para sua casa. Parece que ela e a mãe combinaram de fazer alguma coisa. Por isso, passei o dia todo com o Doug. Comemos um monte de coisas gostosas cheias de gorduras trans e tentamos compensar fazendo uma longa caminhada até o shopping. Fomos ao cinema assistir a um filme escolhido por ele, daqueles que você não saberia nem como contar a história... "Tudo começou com um tiroteio, resultando em alguns feridos e outros mortos. Os sobreviventes se vingaram matando outros caras que atiravam neles. Havia muito sangue e, no final, o protagonista morre". Mas, tudo bem! Valeu pela pipoca cheia de manteiga.

Temos uma regra: eu vi o filme que ele escolheu hoje e, da próxima vez, eu irei escolher, assim ninguém sai perdendo. Por tanto, o próximo vai ser uma comédia romântica, bem fofa!

Mas hoje é outro dia. Raios de sol bem fortes entram pela janela do quarto e me acordam, lembrando-me que um piquenique vem por aí. Ontem a noite já havia escolhido minha roupa e deixado na cadeira, com uma prece "faça calor!".

A escolha era um short jeans e uma regata vermelha para combinar com minha sapatilha nova. Pareceu-me uma escolha inteligente, já que vamos a um parque.

Escuto lá longe a voz do Doug. Caramba, ele já chegou! Tento sair da cama, mas a Julie me impede, seu "pequeno" corpo está prendendo minha perna na parede. Pergunto-me quando foi que a cama dela e a minha viraram a mesma. Ela rosna quando eu a empurro e lança aquele olhar de "por que você está atrapalhando o meu sono?". Acho que meus pais mimaram muito minha irmã de rabo!

A Julie chegou quando tinha apenas 3 meses de idade. Era tão pequena que cabia em nossos braços. Meus pais nunca pensaram em ter cachorro, mas tiveram essa ideia quando perceberam que eu e a Gabi ficávamos muito tempo sozinhas em casa depois da aula. Foi uma surpresa e tanto! Lembro que havia saído com o Doug e o pai dele e, quando cheguei, lá estava ela na sala, tão linda, tão amarelinha, tão inofensiva...

Chegar da escola e vê-la era sempre uma alegria. Crescemos juntas, como irmãs mesmo. Acredita que ela sabia até brincar de esconde- esconde? Nós nos escondíamos, ela esperava na sala e quando gritávamos "pode vir", ela saia a nossa procura e, quando nos achava, era uma festa.

Briguei com ela uma vez na vida, quando ela comeu a minha Minnie de pelúcia, com quem eu dormia desde os 4 anos. Um presente de minha mãe, de quando ela foi para um congresso em Nova York. Fiquei muito triste, mas ela pediu desculpas se arrastando até mim com cara de muito arrependimento. A Minnie foi "substituída" por um pato que tem a cabeça caída para o lado. Dei-lhe o nome de Pinguço, porque combinava com a sua personalidade.

 ~♡~ 

Adoro quando meu pai está em casa de manhã. Suas panquecas não têm para ninguém, bem no estilo americano. Nada light, porém, fortalecedoras para um domingo no parque. O Doug deve ter comido umas dez, por isso estamos jogados na grama, sentindo o sol esquentar nossos rostos. Que sensação boa!

− Onde será que a Gabi se meteu? Marcamos de nos encontrar aqui e nada dela.

Não sei se me preocupo ou não, já que ela tem esse dom de sumir mesmo. Deve estar com o Adam em algum lugar.

− Não conhece a sua prima ainda? Deve estar enroscada no pescoço daquele carinha que "fuma" bala de menta.

− Ahahahah...

Paramos de rir e percebi que Doug me olha diferente... Sei lá, está estranho isso...

− Como você está bonita, Sôfi!

E de repente ele passa a mão no meu cabelo e o coloca atrás da orelha. Assusto-me e vou para trás instintivamente. Caramba! Será que agora todo mundo deu para agir estranho?

− Comeu muita panqueca, Doug?!

− Será que você nunca vai perceber?

− Perceber o quê?

− Que... Que você nunca vai ganhar de mim em uma partida de futebol?

Ele levanta e pega sua bola, uma das trezentas que ele tem.

Então, eu levanto rápido, não gosto de ser desafiada. Vamos ver se eu não ganho mesmo.

 ~♡~

Depois de uma cansativa partida, em que Doug acabou comigo, mesmo depois de duas amigas nossas terem se juntado ao meu time, estamos suados, descabelados e rindo muito. Um ótimo momento para tomar um sorvete, mas não enxergo nenhum sorveteiro passando.

− Eca, o que vocês fizeram? Estão melecados... Tem grama até no seu cabelo, Sophie.

É a Gabi, que apareceu finalmente.

− Estávamos jogando futebol. – Responde a Aline, com uma cara de "dãã".

É nessa hora que eu reparo um colar no pescoço da Gabi, com pingente de coração. É o colar de prata do shopping. Aproveito que ela sentou ao meu lado e pergunto:

− Esse não é o colar que você queria?

− Sim, minha mãe me deu de presente. Mas e aí? Não quer saber as novidades sobre o Adam?

− Claro!

− Então, a gente se beijou... Ele está afinzaço de mim! Disse que pensa em mim o dia inteiro, acho até que quer me pedir em namoro, mas estou me fazendo de difícil, é claro! Depois que ele insistiu muito eu aceitei beijá-lo, mas uma vez só, para sair por cima, né?

− Uhuu, o que se diz nessa hora? Parabéns?

− Pode ser parabéns. Está ótimo!

Foi então que um garoto mais velho, de outro grupo, começou a tocar algumas músicas no violão. Pegamos carona do som e ficamos ali, os cinco, sentados na grama, vivendo aquele momento, com o vento acariciando nossos rostos e o sol tocando nossa pele. Não sei explicar, mas senti uma alegria imensa. Estava lá, com amigos queridos, escutando uma música boa, desejando que o tempo parasse. Com certeza, um daqueles momentos mágicos. Foi então que eu avistei o carrinho de sorvete.

− DOOOUUG CORRE, VAMOS PERDÊ-LO. E saímos correndo. 

**EM OFF**

Essa Sophie precisa se tratar gente, essa loucura por sorvete não é normal hahahahaha

Tipo eu...

#somosloucosporsorvete

Obrigada pelos votos, de coração!

Quem Narra a Minha Vida Sou EU (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora