Capítulo 04

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     Capítulo dedicado a Kah_Hutcher ; admiro o mix de talento e de humildade que reside em você. Beijos!
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     Não acredito que nossa mãe está morta. Não acredito que estamos indo, nós dois, para uma carnificina. É muita desgraça para um dia só. A tristeza e a raiva toma conta de ambos os tributos do Distrito 3, agora órfãos de pai e de mãe. Fomos privados do direito de despedida. Não veremos mais a cidade, o Max, a Gyo. Estamos indo de encontro à morte. Melhor, ao encontro da morte.
     Chorando, somos postos para dentro do trem, e a nossa acompanhante, que se apresenta como Doris, nos mostra os cômodos. Nele, há uma sala de estar magnífica, com sofá de veludo e uma mesa de mogno, além de comida sem fim. Mas nós nos dirigimos ao mesmo quarto, eu e minha irmã, já que as coisas não andam como o esperado. Desabamos sobre a cama e nos abraçamos, tomando conta um do outro, ambos cientes de que não dispomos de mais ninguém para cuidar da gente.
Por incrível que pareça, conseguimos dormir, mas o pior foi ao acordar. Lembrar da nossa mãe, que não está mais conosco. Temos que conviver com isso. Afinal, em duas semanas, pelo menos um de nós irá visitá-la, onde quer que ela esteja agora. Olho para Anne, lágrimas nos olhos, procurando consolo em seus braços. Amo minha irmã, e tenho certeza absoluta disso, agora que só tenho a ela.
     Doris entra no quarto, convocando-nos para uma reunião com Beetee, nosso mentor. Ele já venceu os Jogos antes e é o encarregado de preparar-nos para o que der e vier, além de arrumar patrocinadores. Isso é o que Doris nos diz. Levantamos da cama e andamos à sala de jantar. Beetee está lá, sentado à mesa, esperando por nós. Aparenta ter uns 30 anos e usa um óculos de grau, no entanto, observa-nos, na maioria das vezes, por debaixo da armação. Moreno, com cabelo preto e curto, e aquela típica cara de nerd do Distrito 3. Eu já tinha ouvido falar dele lá no 3, mas nunca havia visto ele pessoalmente.
- Olá, crianças. Bem-vindos ao Trem. O lugar do qual há somente uma maneira de escapar: morrendo nos jogos. - Inicia Beetee, certamente sem intenções de nos amedrontar; está apenas transmitindo uma informação em um semblante neutro. Essa indiferença me irrita.
- Infelizmente você não escapou, não é? Preso aqui para sempre? - Entro na defensiva, mas ele rebate, mesmo sem querer ofender ninguém.
- Talvez escape sim. Se vocês conseguirem vencer. Deve ser por isso que torço por vocês. - Beetee responde, e eu fico calado, pois Anne está me cutucando para que eu não discuta.
- Que tal começar o treinamento, Beetee? - Indaga Doris, colocando um ponto final na discussão.
     - Agora vamos somente dialogar; o treinamento só inicia na Capital, com armas e com técnicas de sobrevivência. Algum de vocês sabe lutar, seja corpo a corpo, seja usando facas, lanças, tridentes ou arco e flechas? - Beetee com certeza duvida de nossas habilidades, julgando pelo distrito do qual nós viemos.
     - Não. Com certeza, eu e o Thony mantemos habilidades restritas a tecnologia. - Diz minha irmã, de maneira bem concisa. E ela está certa.
- Eu imaginava. Porém, vocês podem ter alguma chance de usar tal habilidade na arena. Eu, por exemplo, ganhei os jogos eletrocutando vários tributos de uma vez com um fio bastante resistente a altas tensões. - Fico boquiaberto diante da esperteza dele. - Por enquanto, discutiremos apenas acerca de bases teóricas, pois a prática será bem abordada no Centro de Treinamento.
Nos sentamos à mesa e conversamos sobre o essencial: sobrevivência. Entendo a importância de água, de abrigo e de alguns fósforos na diferença entre a vida e a morte. Beetee é bastante técnico, mas transmite conhecimentos muito bem, assim, eu e Anne aprendemos muito. Resta saber se um de nós tem chance contra os Carreiristas, tributos do Distrito 1, 2 e 4 que são treinados desde criança, tornando-se mortíferos na arena.
Já está anoitecendo, e os empregados trazem o jantar. Que fome! Saboreio todos os pratos: cozido de carneiro com ameixas secas e molho de laranja, pãezinhos, provavelmente de todos os distritos, já que identifico 12 pães diferentes. Mergulho-os no cozido, provocando uma sensação inexplicavelmente deliciosa em meu paladar. Gansos silvestres são servidos com batatas cozidas no vapor e num molho que derrete na boca. Então lembro do meu último almoço, hoje mesmo: Galinha cozida; feito por minha mãe, que tanto amava. Tanto amo. Na sobremesa, morangos e chocolate derretido. Ponho o chocolate sobre a fruta e a como, uma por uma, até não aguentar mais.
Jantamos em silêncio, eu, Anne, Doris e Beetee. Quando termino, olho para a minha irmã e indico que vou para o meu quarto. Não adentrei nele ainda. Levanto-me, ando pelo trem e acho o aposento. Abro a porta e vislumbro um cômodo idêntico ao da minha irmã. Sento-me na cama, distraído com as lembranças de minha mãe. Quando eu era pequeno, e ela ía me deixar na escola. Brigando comigo quando eu pulava na cama. Comemorando comigo quando ganhei o primeiro lugar no projeto de ciências, ao criar um ventilador de bolso movido à energia solar. Então minha irmã chega, interrompendo minhas lembranças. Mas não desprezo sua presença, afinal, quero ela ao meu lado.
No entanto, uma conversa entre nós tem que acontecer. Mais cedo ou mais tarde. E quanto mais cedo, melhor. Logo, aceito que tem que ser agora. Caso haja alguma chance, caso consigamos lutar e nos defender. Temos que decidir isto.
Quem irá sobreviver.

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Genteee, obrigado pelos mais de 125 views! Vocês são muito especiais, e sou grato a cada um de vocês! Estão gostando? Se sim, votem e comentem, para eu ter certeza de que a história os agrada! Beijãoo a todos e, se quiserem, me sigam que eu sigo de volta e a gente faz amizade ;)
Obs: Notíciaaaaa >>>> Tou escrevendo uma Supeer Sci-Fi, a cara de vocês. Tou no 3º capítulo, e quando eu estiver mais ou menos no 10º, começarei a postar. Creio que vão curtir! Eita recadinho grande, hein?! Me despeço de vocês, Tchaau ❤️❤️❤️, se estão gostando dessa Fic prometo continuar!

Jogos Vorazes 56ª EdiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora