13. Salvador

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O uruk-hai corria na velocidade do vento.

Não fez nenhuma parada em dois dias seguidos, mesmo carregando Melinyä no ombro. Ela estava exausta e dolorida, além de aterrorizada; o uruk arranhava-a com frequência, e ficava apertando suas coxas com unhas ameaçadoramente afiadas. Estava cheia de hematomas e sua boca sangrava. Não sabia como ainda estava grávida, levando em conta que estava morrendo de fome e sede.
Não avistou ninguém na estrada, e o medo crescia a cada milha. Para onde estaria sendo levada?

Depois de três dias, avistaram as árvores da Floresta das Trevas muito ao longe. Melinyä não pôde deixar de ficar ansiosa com a simples visão da floresta. Legolas ainda estaria ali?

Já era noite quando Melinyä notou um ruído abafado atrás de si. Algo ou alguém estava vindo em grande velocidade atrás deles.

Melinyä não tinha forças nem para levantar a cabeça, mas conseguia escutar o som de cascos cada vez mais próximos. Seu coração bateu dolorosamente. Não aguentaria ser atormentada por um único orc, muito menos por um bando inteiro.

Tentou se libertar furiosamente. Viu que não conseguiria pular nem empurrá-lo; Gorbad a segurava forte demais para ela sequer mover os braços. Teve uma ideia repentina, que custaria sua morte se ela não executasse a ação rapidamente. A poucos centímetros do seu rosto, o orc guardava um punhal no cinto. Melinyä esticou as mãos e cerrou os dentes para não gritar. A dor por todo o corpo era simplesmente insuportável.

Sua mão errou por pouco. O punhal ainda estava lá. Os cascos se aproximavam...

Melinyä forçou-se a tentar mais uma vez. A dor no braço persistia, mas o medo a impulsionava a se libertar.

Seus dedos alcançaram o cabo. Com precisão, Melinyä deslizou a arma e enfiou na perna de Gorbad. Sangue negro jorrou, e Melinyä pensou que fosse desmaiar. O uruk-hai estancou, e depois de alguns segundos, caiu no chão.

O cavalo permaneceu em pé, assim como Melinyä. Ela sabia cavalgar como ninguém, e pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu verdadeiramente segura, apesar do perigo eminente que agora a perseguia.

No entanto, Melinyä percebeu algo estranho. Estava enganada, ou alguém chamava seu nome?

Não era ilusão. Definitivamente, Melinyä ouvia seu nome diversas vezes. A voz até lhe soava familiar...

Olhou para trás. Por pouco não caiu do cavalo.

Era Legolas.

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Melinyä conseguiu reconhecê-lo, mesmo com duas milhas os separando um do outro; aqueles cabelos dourados eram inconfundíveis.

Melinyä deu meia volta e trotou na maior velocidade possível. O cavalo relinchou de cansaço; ela mal notou.

Ele correu para junto dela e a envolveu em seus braços. Melinyä passou a mão no cabelo de Legolas e rebentou em lágrimas.

Ficaram assim por muito tempo: Legolas agarrado a ela, feliz por finalmente tê-la de volta.

Soltou-a delicadamente e pressionou seu queixo para poder olhá-la nos olhos. Melinyä encarou Legolas, e rapidamente desviou o olhar para o volume em sua barriga. Tocou levemente, e Legolas ficou estupefato ao entender o que ela quis dizer.

- Você está... Eu vou ter um filho? - perguntou Legolas.

- Sim, meu senhor. - murmurou Melinyä. - Sim.

Legolas, piscando lacrimejante, abraçou Melinyä como se quisesse protegê-la para sempre.

Foi assim que Haldir e seus guardas os encontraram.





A ELFA DA FLORESTA - Contos da Terra Média (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora