3. Do coração e da mente

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Começara a chover em Mirkwood. Tauriel ouvia a chuva caindo sobre as árvores da Floresta das Trevas enquanto rondava com os novos guardas. Thranduil ordenara-lhe que mostrasse a maior parte da Floresta para os novatos que ingressaram na guarda do rei.

Já se passara quinze dias desde que estiveram juntos, mas em nenhum deles Thranduil lhe dissera nada mais que ordens. Sentia-se desanimada, cansada como jamais estivera, e era frequente sentir enjoos à noite.

Parecia que agora todos no palácio sabiam que a capitã da guarda passara a noite com o Rei Élfico. Sempre que passava por algum lugar, sentia olhares sobre si e pessoas cochichando, mas paravam abruptamente quando ela se aproximava.

Legolas também a ignorava, coisa que nunca fazia. Todos os dias, cumprimentava-a e perguntava se estava bem, e até costumavam passar alguns minutos conversando. Agora fingia que não a via, quando tinha que dar uma ordem a pedido do pai, fazia de mau gosto.

Mostrou cada canto da Floresta que havia para mostrar e depois retornou para o palácio. Foi direto para as cozinhas, tonta de fome, mas ao ver o que puseram na sua frente, sentiu uma vontade desesperada de vomitar. Correu para o banheiro, e quando não aguentou mais, voltou para o quarto e jogou-se na cama. Cada parte do seu corpo doía e se pudesse, ficaria deitada o dia inteiro.

Caiu no sono e parecia que tinha ficado apenas minutos dormindo quando um elfo chegou e disse que sua presença era solicitada no Salão do Rei. Sonolenta, foi até o guarda-roupa e tateou procurando uma veste melhor. Escolheu um vestido azul meio transparente que se arrastava pelo chão e amarrou os cabelos, adornando-os com uma pequena presilha prateada em forma de estrela. Saiu apressada do quarto, acompanhada pelo elfo que andava ao seu lado totalmente em silêncio.

Abriu a porta lateral do Salão e entrou. Encontrou o Rei sentando em seu trono, bebericando vinho. Não notou a sua presença até Tauriel ficar à sua frente. Encarou-a, em silêncio. Tauriel baixou a cabeça, esperando o rei falar.

- Soube que você não tem andado muito bem. - ele disse seriamente.
- Sim, senhor. Tenho tido enjoos frequentes e me sinto cansada, mesmo sem ter feito nada. - disse Tauriel, escolhendo as palavras cuidadosamente.
- Entendo. Espere aqui um momento. - saiu de seu trono, andou até o fim do salão e voltou com uma elfa morena, que Tauriel nunca tinha visto em Mirkwood. No meio do percurso, ele segredou algo em seu ouvido. A elfa assentiu e foi na direção de Tauriel.

- Sou Alatariel, de Valfenda. - Sorriu como um sinal de cumprimento e tocou-lhe a barriga levemente. Fez uma expressão de surpresa e virou-se para Thranduil, apenas confirmando com a cabeça.


A ELFA DA FLORESTA - Contos da Terra Média (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora