24. ela só o quer a ele.

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Melbourne, Dezembro de 2014

- Urgh, estou com umas dores nos pés e ainda nem meia noite é! - Confesso-me por sussurros a Daisy quando lhe ligo a meio da noite, dando-lhe novidades do que se sucedia. Nada de importante.

São onze da noite. Acabei de jantar agora e as dezenas de pessoas estão na sala de jantar, ou a dançar na pista, enquanto eu estou cá fora, envolvida no casaco e nos pensamentos de quem foi quase como atacada pela visão de Tyler com a namorada.

- Porque é que estás a evitar o assunto? - Questiona Daisy com um tom de voz misterioso de quem pretendia fazer um jogo mental comigo.

- Que assunto? - Fingi-me desentendida.

- O assunto "Tyler."

O assunto Tyler era muito mais de que um simples assunto. Aliás, eu estou perdidamente apaixonada por ele e isto é ainda muito fresco. Muito novo. Ainda por cima, ele é um rapaz com namorada.

Isto foi organizado pelos sócios do bar de Tyler, e por outros, sendo que iria não só ser um jantar de natal como um jantar de inauguração de mais alguns bares pertencentes aos tais organizadores. Credo, o Tyler está a ficar cada vez mais rico. E importante. Isso assusta-me. Se ele já pouco se importa comigo, o que acontecerá se ele for um homem de "negócios" importante?

- Oh, esse assunto. - Mordo o lábio, atrapalhada. Ainda antes de responder certifico-me que atrás de mim não passa ninguém. Ninguém que possa entender o que irei dizer. - Ele trouxe a Hanna.

- A Hanna? - Guinchou pasmada. - E a Carly? - Questionou, referenciando a "outra" desta história toda.

Carly é também uma funcionária do bar e uma das supostas imensas mulheres com que Tyler anda. Ou como Daisy diz "outra" das amantes. Embora nada de transcendente tenha acontecido até à data, ela classifica-me também como amante e isso faz-me sentir um terrível nó na garganta ao pensar em como é que ela me consegue fazer tal comparação.
De certo não sabemos o dia de amanhã, nem podemos adivinhar, mas traições ou fazer parte delas não estão nos meus planos, ainda quando o começo do fim da minha vida deu-se a partir de uma.

- Está lá dentro também. - Informo.

- Ui! Hoje vão ser as gravações do filme "As mulheres da vida de Tyler" ou é impressão minha? - Pergunta retoricamente entre risos.

Seguidamente uma corrente de ar mais quente faz-se sentir perto do meu corpo. Abraço-me a mim própria, aconchegando-me. Logo sinto uma mão a fazer isso por mim. A aconchegar-me e acariciar-me os braços, aquentando-me.

- Já te ligo, Daisy.

Por segundos ficamos a encarar-nos. Só eu e Tyler ali, ao frio, ao luar. Eu embrulhada em mim e ele com as mãos nos bolsos. Ousei pensar que ele iria fumar, mas ele não o fazia. Ele não fumava e ainda achava uma estupidez quem o fazia. Eu tenho tudo para ser uma pessoa que ele odeia, no entanto ele não o faz.

- Não deverias estar lá dentro a divertir-te? - Tyler sorri para mim e eu trinco o lábio, envolvida no seu olhar.

- Devia? Não me parece que haja algo de muito divertido lá dentro para se fazer. - Baixo o rosto, melancólica. Eu só queria estar com ele.

Tyler olha para trás e juntamente faço o mesmo. A passar estava um homem com uma bandeja de champanhe. Ele chama-o e logo o senhor aproxima-se de nós. Tyler tira duas taças, entregando-me de seguida uma.

- Um brinde? - Questiona com um sorriso. Oh, aquele sorriso.

- A quê? - Digo, aceitando a taça.

Paper Souls • C.H || 1ª Temporada || COMPLETAWhere stories live. Discover now