Aprendizes novamente

Começar do início
                                    

Lisse sentia uma inquietação. — Que lugar estranho, parece escondido de tudo.

— Estou meio receosa, é como se estivéssemos sendo levadas para um sacrifício. — Disse Inara olhando preocupada a sua frente.

Lisse assentiu. — Também sinto isso. Um local tão afastado assim dá um pouco de medo do que se pode encontrar.

Ana falou baixo para que somente elas ouvissem. — Será mesmo que o capitão estará aqui hoje? Ficaria bem mais tranquila se ele, mestre Roar ou Délia estivesse nos esperando.

Elas concordaram, ninguém as viu sair do quartel e elas não sabiam nada daquele senhor. Lisse só relaxava ao repetir para si mesma que o capitão conhecia aquele homem, já que se tratavam amigavelmente. E se capitão Alaor o respeitava tanto, era porque ele merecia respeito.

Logo elas entravam em uma parte onde tinha uma falha na fileira homogênea de árvores, como se fosse um portão natural.

Inara e Ana empalheiraram seus cavalos com o de Lisse e elas trocaram um olhar de surpresa ao ver as construções. O idoso parou em frente à primeira construção e logo apareceu um rapaz de uns treze anos para buscar os cavalos.

— Bem vindo, mestre. ­— Disse o jovem enquanto esperava seu mestre desmontar.

As três desceram e o menino sorriu gentilmente para elas enquanto pegava as rédeas.

O senhor idoso falou tranquilo. — Filho, deixe os cavalos pastarem livremente depois de retirar as celas, eles saberão voltar. Traga um limonada, por favor, pequeno.

Olhou para as três parecendo cansado. — Venham pequenas, entrem que logo irei mostrar a vocês sua nova morada.

Elas entraram na casa rústica, o primeiro cômodo era como o escritório do capitão, só que bem menos organizado. Havia uma mesa de madeira escura e simples com muitos papeis largados displicentemente em cima. Atrás da mesa havia uma prateleira rústica com vários livros e objetos estranhos, ao lado, uma grande janela de madeira aberta e nenhuma cortina.

Havia uma grande cadeira do outro lado da mesa, duas na frente e um banco encostado na parede. Era um local simples, mas de certa forma aconchegante, pensou Lisse.

Enquanto o homem sentava, foi logo falando como se estivesse fatigado, diferentemente do homem cheio de vitalidade que elas viram durante todo o percurso.

— Deem um tempo a esse velho que preciso respirar um pouco.

— Quer que façamos algo para o senhor? — Inara ofereceu preocupada.

— Obrigado menina, mas só preciso ficar sentado um pouco.

Logo o menino entrava com uma jarra e copos de louça e depois de beber a limonada, o idoso apontou para a porta parecendo cansado.

— Filho, vai chamar o domador dos três soberanos. Acho que não consigo dar mais um passo, peça a ele para vir ter comigo, preciso que ele mostre o campo para essas meninas.

O menino assentiu e saiu apressado deixando a porta aberta e o velho olhou para a três e perguntou curioso, parecia ter esquecido que há pouco não conseguia sequer falar direito.

— Então vocês treinaram dança com o mestre Roar por três anos?

Elas afirmaram.

— Como é isso de dança? Mestre Roar me disse que vocês são muito boas nisso, e que não há tamanho de homem que não desarmem quando estão as três juntas.

Inara assentiu. — Sim, mas ainda há muito para aprender, mestre Roar estava nos ensinando a usar nossas armas próprias, precisamos aprender a conseguir usar toda a extensão da arma uma da outra sem nos ferirmos.

— Isso está sendo um pouco difícil. — disse Lisse.

Ele concordou pensativo. — Imagino, me chamo Franco, mas podem me chamar de mestre porque nunca me lembro de responder quando me chamam pelo nome, tantos anos sendo chamado de mestre que me esqueci de ser outra coisa.

Elas riram.

— Me chamo Ana.

— Eu Inara.

— Me chamo Lisse.

Ele sorriu bondosamente, mostrando dentes gastos e pequenos. — Repitam isso a cada hora, pequenas que eu me lembrarei um dia. Para mim serão meninas ou pequenas, se não se importam.

Elas sorriam novamente, já estavam gostando do homem.

— Lisse? O que faz aqui?

Ela se virou e Davi estava ali, pasmo olhando para ela e recebendo um olhar igualmente surpreso. Depois da surpresa ela lhe deu um rápido abraço, estava feliz por ver um rosto conhecido e querido. Decidiu não fazer perguntas, não naquele momento e respondeu com simplicidade.

— Não faço ideia Davi.

Ele olhou sem graça para o idoso. — Desculpa mestre domador, é que eu conheço elas e fiquei surpreso ao vê-las aqui com o senhor.

— Vejo que já é um progresso filho. Elas confiarão mais em trabalhar com quem conhece. Então sem demora, pequenas apresento a vocês seu tutor.

Davi ficou vermelho até a raiz dos cabelos, o homem nem se importou com as formalidades.

— Filho, leve-as logo daqui que não quero que elas me peguem a dormitar. Isso me deixaria parecendo um homem fraco quando quero parecer forte e robusto, então ande com isso enquanto tenho dignidade.

— Sim mestre. — Ele saiu e elas o acompanharam.

Inara ria — Que figura!

Ana também riu. — Conseguiria ficar o dia todo vendo ele falar e fazer aquelas caretas de homem sofredor.

Lisse segurou a mão de Davi. — Então pequeno mestre, o que aprenderemos com o senhor?

Davi apertou sua mão. — Não Lisse, nem por brincadeira fale assim, posso gostar disso.

Ele riu e elas também enquanto seguiam curiosas ao seu lado.

— Não acho que seria eu a lhes contar o que aprenderão, minhas pequenas aprendizes, recebi a pouco a notícia que viriam três grandes guerreiros para finalmente podermos começar, mas quase caí de costas quando vi que eram vocês e então...

Lisse o olhou de torto seguida de Ana e Inara. Ele novamente ficou vermelho como um tomate.

— Não quis ofender, mas tendo em vista o que fazemos aqui, é natural que eu ficasse um pouco surpreso, mas não disse que vocês não são boas guerreiras.

Elas continuaram a olhar para ele carrancudas. Sem saber como consertar seu erro, ele levantou os ombros.

— Acho que seria bom mostrar o que as espera e irão me entender.

Lisse tinha soltado sua mão porque ele precisava ser respeitado. Ela era aprendiz ali e ele era seu tutor. Davi vestia um uniforme de soldado, mas diferente dos uniformes normais, esse era de couro e tinha um peitoral com um tecido muito bonito e brilhante.

Seguiram para um barracão de altura fora do comum e exageradamente comprido, mais à frente havia outro com comprimento um pouco menor, os dois eram feitos de pedras enormes de granizo e mármore.

Davi segurou a imensa porta de madeira dupla e olhando para elas enquanto sorria, puxou o ferrolho e um dos lados se abriu.

Lisse, Ana e Inara deram um grito abafado com a mão na boca.

Um enorme dragão vermelho esticou o pescoço na direção delas e ficou cheirando o ar as olhando com extrema curiosidade.

É curtinho eu sei :z, mas não podia cortar, então no próximo já aviso vocês que será mais extenso tá! Mas vai ser bem legal e vão me perdoar por esse eu tenho certeza rs Eu não deixarei de postar aqui viu, agradeço meus poucos leitores dessa história, pois ela é um dos meus bebês, aquela onde a fantasia é permitida em gênero, número e grau! Beijos meus amores :D


Sanoar 2-Guerreiros Alados- (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora