- Hum... Monique. Gostei do nome – Annalize interrompeu. Luke a encarou.
- Pode continuar, desculpe – disse ela.
- Uhnn... Não. Só continuo com uma condição. – disse ele decidido.
- Qual? – perguntou desconfiada.
- Que você faça o mesmo que eu. Fale sobre as suas aventuras – disse em desafio.
- Tudo bem – disse ela prontamente.
- Estou falando sério. Não pode voltar a trás com a palavra – enfatizou.
- Eu já disse que tudo bem, não tenho o que esconder – disse firme.
Ele desconfiou por ela responder tão rápido.
- Bom – continuou ele – conheci Monique com 10 anos no Colégio para meninos, ela era filha do diretor, por isso estava sempre por lá, a conhecia de vista. Só nos tornamos amigos quando tínhamos 14 anos e assim foi até os 15. Sempre nos esbarrávamos na biblioteca, lugar onde ela costumava ficar enquanto o pai trabalhava. Como era horário de aula, o lugar ficava vazio, exceto pelo bibliotecário e os alunos em advertência. Sim, eu era um deles. Tínhamos que fazer cópias e depois ter aulas de reforço pelas aulas que perdemos por irmos para o castigo.
- Você não foi fácil então – constatou ela sorrindo – e como era Monique?
- Ela era pequena, o cabelo castanho claro sempre em tranças e olhos verdes. Não lembro o que nos fez conversar pela primeira vez, mas a achei inteligente e simpática e o fato de ser a única menina que eu via por ali deve ter ajudado. Quando estávamos com 15 anos começamos uma espécie de namoro.
- Como uma espécie? – Perguntou Annalize.
- Não sei explicar, era algo infantil, ficávamos de mãos dadas, escondidos e fantasiávamos um futuro naquela biblioteca. Um beijo na bochecha era o ápice – disse Luke irônico – o fato é que meses depois ela foi embora. Seu pai foi transferido e nunca mais a vi.
- Poxa, que pena – lamentou ela.
- É... Não sei... – disse sem lamentação.
- E depois?
- Fiquei triste um tempo, senti falta de sua companhia, mas resolvi focar na aprendizagem, tirar proveito daquele lugar já que estava ali.
Annalize assentiu.
- Próxima! – disse ela colocando o copo vazio sobre a cômoda ao lado e se ajeitando novamente. Luke sorriu, aquilo estava sendo divertido.
- Depois eu conheci Sophie, no meu primeiro ano na Universidade, com 18 anos. Você não vai acreditar, mas ela trabalhava na biblioteca.
Annalize riu com a coincidência.
- Ela era assistente do bibliotecário, na verdade. Mas só a via tirando pó dos livros e levando chá para ele. Por ela posso dizer que senti algo mais forte. Eu era o mais gentil possível e a ajudava a arrumar a bagunça dos alunos às vezes. Ela tinha algo simples e caseiro, que me trazia a ideia de ter uma família. Era loira, olhos azuis, um pouco menor que eu e sempre haviam fios escorregando de seu coque.
Annalize lembrou-se mais uma vez de Luke ter crescido sem uma família por perto e sentiu um leve aperto no coração.
- Foi tudo muito rápido – continuou ele – naquele mesmo ano me comprometi a cortejá-la, conheci seus pais e lhe fazia visitas. Com ela dei meu primeiro beijo, foi um tempo especial.
ESTÁ A LER
Pedra Negra
RomanceNo decorrer da história do mundo presenciamos objetos fazerem parte de nossas vidas, damos significados à eles e muitos atravessam gerações. Mas, o que é realmente interessante são as histórias de vidas inteiras que se atravessam nessas peças, entre...