Capítulo 13 - Não Há Música

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Luke levou um grande susto.

- Mas que diabos! - disse colocando a mão no peito - você quer me matar de susto Nina, chegando tão silenciosamente!

- Me desculpe senhor. - disse ela com tom de medo e mão nos lábios.

- Tudo bem - disse ele se recuperando - algum menino querendo me dar um recado?

- Não senhor, a Sra. Antonia pediu para lhe perguntar se quer comer algo, já que o senhor e a Srta. Annalize chegaram tarde e não almoçaram, para servi-lo.

-Ah... Sim, até me esqueci da fome. Mas não se preocupe, eu passo na cozinha e pego qualquer coisa.

Nina o fitou por alguns segundos com seus grandes olhos azuis e os desviou para trás dele, para o armário.

- O senhor está precisando de alguma ajuda? - perguntou ela.

Luke se virou para o armário, olhou de volta para Nina e deu um sorriso forçado como se aquilo não fosse nada de mais. Fechou a porta do armário e se dirigiu para a saída do quarto fazendo com que Nina também se movesse para o corredor.

- Estava procurando uma coisa - disse ele fechando a porta do quarto e seguindo para a escada. Nina seguiu o mesmo caminho e perguntou timidamente:

- Achou?

Luke se surpreendeu com a pergunta. Nina era sempre muito discreta e distante, havia algo diferente em seu olhar que ele não conseguia compreender.

- Não - disse sucinto - Bem, vou logo para a cozinha matar minha fome.

Nina assentiu e foi em outra direção. Luke conseguiu ver Annalize entrando no quarto dos pais no fim do corredor a direita.

[...]

Annalize havia batido na porta do quarto dos pais, mas ninguém a respondeu. Ela abriu a porta devagar e viu que o quarto estava vazio. Estranhou. Entrou e observou os remédios sobre a cômoda e também um pequeno caco de porcelana no canto da parede. Ficou nervosa, pensava onde poderia estar seu pai. Franziu o cenho e desceu de volta ao primeiro andar. Ela ouviu risos baixos vindo da biblioteca que estava com a porta entre aberta. Foi até lá e viu seus pais no fundo dela de costas para a porta olhando a janela. Entrou silenciosamente sem que eles percebessem e se acomodou atrás de uma grande estante, os observando pelos espaços entre os livros na prateleira, se esforçou para ouvir a conversa.

- Você fez um ótimo trabalho nesse jardim, com ajuda de Tatsuo é claro - disse Antonia com um sorriso nostálgico - passou tanto tempo e ele continua lindo.

- É verdade, assim como você - disse George se virando para ela - lembra-se do dia que o plantei?

- Claro que sim! Tive que ajudar Margot a lavar sua roupa impregnada de terra! Sem falar nos lençóis, que ódio senti quando você se jogou na cama todo sujo.

George gargalhou e tossiu um pouco.

- Ouvi dizer, que o ódio é só uma forma de amor - disse ele.

- Ah é mesmo? - disse Antonia voltando-se para ele com um sorriso - Então eu te odeio muito.

Passou a mão nos cabelos grisalhos de George que fechou os olhos por um momento.

- Você ainda me deve uma - continuou ela.

- Estou disposto a pagar essa dívida agora mesmo.

Antonia entortou a cabeça para o lado.

- Como?

George se aproximou e encobriu a cintura dela com um braço e ela automaticamente apoiou sua mão no ombro dele. Entrelaçaram as mãos livres em posição de dança.

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