O Plano Imperial

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Shaytan estava de pé observando o reino que havia conquistado. A visão da sacada era privilegiada, de lá ele podia enxergar todos os becos e vielas de sua cidade.

O Imperador estava diferente, seus cabelos que antes foram negros, agora tomavam um tom acinzentado, opaco, e sua pele parecia seca e pálida.

Shaytan vestia um traje de gala na cor azul com as bordas pretas, acompanhado de uma longa capa feita de pele de urso. Nem mesmo na segurança de seu castelo ele deixava de lado sua espada, ela sempre estava com ele, como se fossem parte um do outro.

Shaytan deixou a sacada, seu olhar demonstrava preocupação, tristeza e ódio... Ele andou até seu leito, parou próximo ao leito e observou sua armadura que ficara pronta há poucas semanas. Sua armadura era feita de um aço tão negro que parecia engolir a luz, os detalhes em vermelho sangue ganhavam um destaque assustador. Seu elmo era aberto na face e possuía dois grandes chifres que se erguiam em uma curva sinuosa; Seu escudo, assim como a armadura, também foi feito de aço negro e possuía dois grandes chifres.

O Imperador ponderava sobre seu futuro... Temia a incerteza do tempo, temia estar se afogando em poder; Sua saúde não era a mesma, ele parecia cansado, algo o consumia.

Ele tocou levemente a região peitoral de sua armadura, apreciando os traços impecáveis de sua forja. O fazia numa tentativa, mal sucedida, de distrair-se.

Shaytan deixou seu quarto, andando lentamente e mantendo a imponente postura. Caminhou até a sala do trono sem dizer sequer uma palavra, ignorando a existência dos guardas e servos ao longo dos corredores. Sentou-se em seu trono e curvou sua coluna numa postura devastada, apoiando seus cotovelos sobre os braços do trono. Seus olhos cansados percorreram à vasta e vazia sala, e então ele sussurrou a si mesmo:

- Não falhe comigo, Hinn... Preciso de seu sangue novamente. – Ao sussurrar as misteriosas palavras, Shaytan notou a presença de alguém e então recostou-se em seu trono e retomou a postura.

Uma voz rouca ecoou pela sala do trono:

-Imperador Shaytan, nossos planos estão correndo conforme desejado. Barthus confia cegamente nas informações sobre a caravana. – Dizia um homem velho, trajado em um manto negro, enquanto entrava na sala do trono.

- Ótimo, Ankou, tens se provado um aliado valoroso. – Shaytan levantou-se de seu trono e continuou – Logo destruiremos a resistência, graças a seus serviços.

-Sim Imperador. Sem estes vermes em nosso caminho, não teremos mais engasgos em nossa missão – Dizia o Ankou, passando a mão direita em sua longa barba.

Shaytan parecia desconfiado, ele colocou-se frente a uma grande janela colonial, podendo ver Ankou pelo fraco reflexo do vidro. Shaytan disse:

- Não mate todos os homens do Dragão Ferido, precisarei de reféns, reféns de grande valor.

- Por qual motivo, Imperador? – Indagou Ankou.

-Para atrair o dragão de volta a sua toca – Respondeu Shaytan

Ankou ficou confuso e então indagou:

- Do que falas, Imperador? Acreditas mesmo que o filho de Kayser esteja vivo?

- Não acredito, Ankou, eu o sinto, sei que ele está vivo e preciso apanha-lo vivo e trazê-lo para cá! – Disse Shaytan, tomando uma postura agressiva.

Ankou observou Shaytan, olhando com um olhar incisivo, penetrante e cruel. Então Ankou mudou totalmente sua postura, assumindo uma personalidade inquisitória e proferindo agressivamente as seguintes palavras:

O Reino de Kayser - A Brigada do DragãoWhere stories live. Discover now