Capítulo Oito

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Helida

— E então, onde vamos? — Pergunto para tentar puxar papo enquanto caminhamos em direção ao seu carro, um Kia Cerato preto e reluzente, essa belezinha, põe meu pequeno e modesto Uno no chinelo.

Mas a verdade é que minha vontade é sair correndo de volta para a segurança do meu quarto. Eu praticamente não saio de casa para passear desse jeito há cinco anos, ainda mais ao lado de um homem.

— Oras, diga-me você, Sra. Albuquerque, afinal, é a guia de hoje! — Que cabeça a minha, claro! Ethan tem a capacidade de me fazer coisas simples.

Mas assim é melhor, como guia decido onde ir, assim vou poder colocar um fim nessa noite o mais breve possível, mas primeiramente, preciso desfazer um engano.

— Pode me chamar de Helida, não uso mais o Albuquerque. Apenas me diga do que gosta, assim posso montar um itinerário. —Ficamos em silêncio enquanto nos acomodamos.

— Tudo bem, Helida.

Mas que droga! Meu nome não deveria ficar tão sonoro dito por ele.

— Deixe-me ver, adoro comer, ouvir música, ver gente. — Não nego que sua cara pensativa é muito encantadora. Lá se vão meus pensamentos errantes.

— Humm, ficaremos com a parte gastronômica, tudo bem? — Falo quebrando o encanto que ele lança em mim.

"Controle-se Helida!"

— Tudo bem! Você conhece algum bom restaurante com música ao vivo? Seria ótimo ter um bom ambiente, boa comida e música agradável ao mesmo tempo.

— Sim, conheço, mas não estou pensando em restaurante, vamos a um lugar ainda melhor. — Descarto logo sua breve ilusão sobre me fazer entrar em um restaurante, ainda mais na sua companhia.

Como se eu fosse entrar em um dos quatro restaurantes da cidade e ser a principal notícia pela manhã.

— Mas, é que eu pensei que íamos jantar. — Já disse que seu rosto confuso também encanta? Não? Pois encanta. O cretino é um desafio para a minha mente.

— E vamos, só que não será em um dos restaurantes cafonas e absurdamente caros, que temos nessa pequena e esnobe cidade. Nós vamos apreciar o melhor hot-dog daqui! — Ele me olha meio assustado, deve achar que sou louca.

— Sério?

— Oh, sim, você pensou que eu fosse do tipo fresca, não é? Pois fico feliz em desfazer esse seu pequeno equívoco e para falar a verdade, os restaurantes daqui não são mesmo lá essas coisas, além de caros para uma comida que não faz jus ao preço.

Começo a tagarelar, não sou de muitas palavras, porém, é inevitável que as prenda dessa vez.

— O único que é realmente bom e vale o valor do cardápio é o Simple da minha amiga Débora, ela passou alguns anos nos Estados Unidos estudando gastronomia, mas para jantar lá, precisaríamos fazer reserva.

— Se você está dizendo. — Ele dá de ombros.

— Além de tudo, o Sr., Dr. Scott, poderá comprovar por si mesmo que o hot-dog do Mike é maravilhoso, tenho bastante certeza e digo bastante mesmo, que você vai gostar tanto que se tornará um cliente assíduo dele!

Sorrio, um sorriso genuíno, pela primeira vez em muito tempo, sem ser forçada. Ele tem algo que acaba puxando um sorriso após o outro de dentro de mim.

— Tudo bem, só me diga como faço para chegar nesse lugar que prenderá meu estômago de um jeito tão impressionante, que em menos de dois meses, possivelmente precisarei fazer um sério regime para voltar a forma! — Fala como se fosse possível um corpo tão bem definido, ficar gordo e sem forma.

Voltando À Amar - DegustaçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora