Prólogo

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- Ah, você está aí! - disse Will. - Te procurei pelo campus todo, garota!
Eu estava sentada num dos banquinhos que ficavam no fundos da faculdade, Metropolitan University, onde estudávamos. Havia perdido duas aulas por puro capricho. Estava com dor de cabeça e sem paciência. Não sei, exatamente, o por quê. Apenas dei de ombros, e depois de assistir a só uma aula, corri para onde estou agora, peguei meus fones de ouvido e me desliguei do mundo.
Até William Cooper aparecer.
Fiz uma careta, quando percebi que teria que pausar a minha música para ouvi-lo.
Amo Will, mas era um péssimo momento para ele aparecer.
- Você me fez pausar na melhor parte de "Brooklyn Baby" - disse, desanimada.
- Lana Del Rey?
- Lana Del Rey!
- Você sabe que está ouvindo essa música há dias e sem parar, né? - ele disse, parecendo incrédulo e entediado. - Mas, enfim, isso não importa!
- Tá, o que houve?
- Nada demais, mas você sabe como eu sou impaciente e gosto de resolver logo minhas coisas e... - ele fez uma careta. Aquela que sempre fazia quando percebia que falava demais. - Tá, foi mal, não sei por que falo tanto!
- Caramba, Cooper, fala logo! - dei uma risadinha.
- Sabe aquele meu amigo, que faz Sociologia comigo? O Tyler? - assenti. Will vivia dizendo o quanto esse tal era gostoso. - Combinamos de estudar juntos e lá no nosso apartamento...
- Ué, tudo bem - ele riu. - Não precisava nem avisar, Will. O apê também é seu, agora.
- Ah, Jas, mas eu ainda sinto que devo avisar, claro - ele disse. - Além do mais, o apê é de vocês e eu só estou lá por enquanto, né?
Com "apê de vocês", ele quer dizer meu e de Samanta, minha melhor amiga. Will veio morar conosco há duas semanas, porque seu antigo apartamento aumentou no aluguel e ele preferiu sair de lá e tentar arrumar outro. Enquanto isso, Sam e eu oferecemos nosso sofá-cama para ele, que aceitou um tanto relutante, dizendo que não queria nos incomodar.
Ele achava que nós iríamos deixá-lo dormindo no seu carro? Óbvio que não!
- Will, para com isso, relaxa! - eu disse. - Mas, e aí, o cara só vai estudar mesmo, ou você já está pensando em atacá-lo? - rimos.

- Ah! Quem dera! Mas, não - ele se sentou ao meu lado, no banco. - Ainda nem sei se ele é gay!

- E o que você acha? - perguntei.

- Fico em dúvida, mas sem estresse. Não estou procurando um namorado - revirou os olhos.
- E daí? - eu ri, maliciosa. - Ficar não mata ninguém! - ele gargalhou.
- O quê? É isso mesmo que eu ouvi? - fingiu estar chocado. - Jasmine Allen me dando conselho sobre sexo sem compromisso?
- Não falei, exatamente, em sexo, mas... Você tá me achando com cara de puritana? - ele gargalhou mais ainda. Bati em seu braço, rindo.
- Nossa! O que um bom pinto não faz, hein? - arregalei os olhos e soltei um "é o quê?" e ele quase morreu de rir. Fiquei constrangida, e conclui com um "você é ridículo!", e não estava assim só pelo que ele disse, mas pelos olhares que recebíamos dos poucos alunos que ali passavam. - Ué, você não estava transando com o Kendall?!
Fuzilei-o com os olhos.
- Pra sua informação, eu não SAIO - dei ênfase na última palavra - com o Kendall há uma semana!
- Sério, porque eu não sei o que você fez, mas esse cara tá louco por ti! - franzi a testa. - Ele pergunta por você sempre que me vê - revirou os olhos.
- William Cooper, eu disse pra você que não queria mais nada com ele - semicerrei meus olhos. - Quer dizer, nós podemos ser amigos e...
- Querida, você fez aquelas coisinhas que eu disse para fazer na hora dos amassos? - corei, mas assenti levemente. - Então não tem condições de ele querer ser só seu amigo. Sinto muito, ele vai querer seu mel! - sempre fico impressionada da forma como meu amigo fala sobre sexo. É como se ele estivesse falando de... Comida?
Ok, péssimo exemplo.
- Até parece! Kendall não tá nem aí pra mim - justifiquei. - E se você estivesse certo, por que ele até agora não me procurou? Fala sério! - revirei os olhos.
- Posso te dizer duas coisas: idiota e orgulhoso - ele disse, entendiado. - E aposto que pode até ser por causa dos amigos babacas dele.
- Por quê? - franzi a testa.
- Aqueles idiotas gostam de dar "conselhos" - fez aspas com os dedos - estúpidos, como: "se ela não te quer, deixa a vadia pra lá. Mulher é o que não falta!" E ele, é claro, quer dar uma de fodão para os amigos e não corre atrás.
- Vadia? Eu? - disse, incrédula. - Aqueles filhos da puta!
- Pois é! - balançou a cabeça. - E o Maddox só pergunta por você quando tá sozinho...
- Argh, covarde!
- Enfim, amor, agora vamos voltar lá pra dentro - ele levantou, e eu fiz careta. - Sem essa! Sei que você perdeu duas aulas. Vamos! - puxou-me, fingindo não me aguentar.
- Até parece que não me aguenta! - eu disse, já de pé. - Com esses seus músculos aí... - passei a mão em seus braços e barriga.
Ele riu.
- Sem assédio, por favor - fez cara de nojo. - Você é uma gata, baby, mas não sou pro seu bico! - fez bico, debochando.
-Vem cá, seu gostoso! - peguei minha bolsa a tempo de vê-lo fingir fugir de mim, rindo.

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