Abri os olhos e vi Kile, ele estava com uma colher de pau numa mão e uma panela na outra, ele batia um no outro, provocando um som agudo.
- Para, seu louco.- falei lhe dando um leve soco no braço.
- Parei. Parei. - ele falou se rendendo.- Você está com uma cara péssima.
Ele cutucou meu rosto como se tivesse algum animal extraordinário no mesmo.
- "Cê" tá inchado. - pausou.- Espera! Você estava chorando?- ele questionou.
- Visível demais? - perguntei.
- Demais! Minha mãe falou que você me ligou. O que se passa?
- Lua...
- Uuhh, aí vem bomba.
- Para.
- Ok, mas o que tem a Lua?
- Brigamos.
- Sério? Cara, "cê" conhece suas brigas, num momento estão como cão e gato e depois estão que nem... Ahn...Sei lá ... chiclete.
- Mas dessa vez... Foi diferente.
- Já tentou falar com ela?
- Já, bati na porta, gritei e nada.
- Sério?
- Sim. O que eu faço?
- Eu não sei, cara! O que é que você fez ?
- Meio que ... Falei que ela era estranha.
- Hum.
- Hum.
- E aí? Só isso?
- É!
- Ela sabe que é estranha.
Lancei um olhar mortal para ele.
- Calei.
- O que eu faço?
- Você só disse que ela é estranha.
- Mas ... Mas eu entendo ela. Eu aceito isso e eu não vejo mal nisso. Eu sou irmão dela, devo apoia-la, cara. Ela sofre com todo mundo chamando ela de estranha, mas ... O próprio irmão? Não! Ai já é demais.
- Vendo deste angulo ... É cara, você pisou na bola.
- Cara, eu já percebi isso, vai ficar esculachando isso na minha cara?
- Calma. Uau, ok, entendi.
- Vou falar com ela, ou pelo menos tentar.
- Boa sorte.
- Valeu.
Já estava subindo as escadas quando me lembrei de algo.
- Ei.
- Hum? - Kile disse deitado no sofá e ligando a TV.
- Como você entrou aqui?
- A porta estava aberta.
- Hum, acho que ... Tenho que me lembrar de trancar a porta.
- Isso foi uma indireta?
Dei de ombros.
Continuei a subir as escadas e parei diante daquela porta. Por um instante aquela porta negra onde havia escrito DANGER, parecia tão... Distante, parecia que a qualquer momento ela iria explodir. Bati na porta 3 vezes e ninguém respondeu. Ou ela me ignorava, ou ... Estava dormindo.
Prefiri acreditar na segunda opção. Encostei na maçaneta e o ferro estava frio. Girei, mas a porta não abriu. Pensei em empurrar e arrombar, mas lembrei que eu tinha uma chave extra de seu quarto, assim como ela também tinha uma do meu.
Corri até meu quarto e abri umas das gavetas, onde encontrei a chave extra. Abri a porta depois de destranca-la e vi Lua. Ela estava dormindo - como eu havia previsto -, a coberta estava bagunçada acima de seu corpo, o cabelo tampava uma parte do rosto,um braço perto do rosto e o outro estava dobrado em baixo da cabeça.
Ela tão serena. Observei a sua barriga subindo e descendo por causa da respiração.
- Lua? - chamei.
Ela se mexeu, mas não acordou.
- Lua? - chamei novamente.
Quando Lua acordasse, iria explicar tudo a ela, se ela deixasse.
A última coisa que eu queria, era ficar brigado com ela.
- Lua! - chamei mais alto.
Dessa vez ela abriu apenas uma parte dos olhos, mas os fechou rapidamente, como se ainda estivesse inconsciente.
- Lua.- falei com um tom de lamento na voz.
Novamente Lua abriu os olhos, mas agora por completo e assim que se deu conta de onde estava e quem estava na sua frente - no caso eu - ela se sentou e me olhou.
- Lua.
Seus olhos se encheram, como se por um segundo tivesse esquecido tudo, e depois, no outro segundo, tivesse se lembrado.
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Estranha o suficiente
RomancePlagio é CRIME !!! Sempre que lemos histórias românticas, quem narra são as santinhas, as nerds, as populares, mas... e as estranhas ? Lua, é uma garota diferente, circunstâncias da vida tornaram-a durona, mas ainda tem um coração, o problema é que...
4. Briga entre irmãos
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