CAPÍTULO 8

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"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito a outra metade é silêncio"

O pequeno diário tinha estas palavras escritas na primeiras folha coberta por rosas e espinhos. O achei na mochila de um dos homens que nos atacaram. Deduzi que não foi um deles e gostaria saber quem foi o dono das belas letras e sonetos. Não era algo conhecido.

Palavras doces - por mais que levadas ao vento - me encantava. Sentia as vibrações da emoção de quem escreveu em meu coração. Enquanto mais deslizava os dedos pelos versos, mais suspiros surgiam.

Os tempos gloriosos que um dia aquele autor tivera me inspirava. De alguma forma, via ali. Perdida como os trechos.

_ Por que o sorriso bobo? _ Daryl me perguntou.

Sorri ainda mais. Poderia ser meus aqueles versos, sim, tão tristes, mas foram resultados de um amor vivido.

_ Estes versos. Bom, acho que você não gostaria de lê-los.

_ Mas acho que poderia gostar de ouvi-los.

Senti minha pele corar, não havia motivo para aquilo, e pensa no motivo me deixava ainda mais nervosa. Fui pega de surpresa, ainda tinha muito para conhecer dele.

_ Gostaria!? _ quando olhei para ele, fazia uma careta fofa. Os olhos com hematomas estavam semi serrados e a boca encolhida. _ta bom. _ concordei com a cabeça e li as seguintes palavras:

" Liberte minha mente, cure as minhas cicatrizes, apague o passado
Dias negros para esquecer e memórias para manter
No meu coração... Me liberte agora ...
Faça-me esquecer e perdoar, é inútil seguir em frente e viver, mostre-me o caminho para o sol
Cure as minhas cicatrizes (...) "

Minha voz era suave, não deixei meu olhar sair do papel, não queria ser pega por ele. Manti meus sentimentos soltos e livres, me dando plena leveza... meu coração batia forte, Daryl podia ouvi-lo e desta vez queria que ele ouvisse.

Quando terminei, suspirei e fechei o diário - que continha inúmeras coisas escritas e não desejava ler tudo tão rapidamente.

_ É triste. _ diz ele enquanto caminhamos sobre os trilhos.

_ Me diz uma coisa que não é triste hoje em dia? _ respondi fitando a estrada e folhas amarelas que insistiam em ficar nos galhos frágeis das árvores.

A pergunta o fez ficar em silêncio. Andamos lado a lado. Próximos para darmos as mãos. Como gostaria de sentir seus dedos longos e calejados apertando os meus longos e finos...

Respirei fundo.

Papai, Michonne e Carl andavam um pouco a nossa frente quando viram uma placa.

Ao chegarmos perto pude ler o que lhe estava escrito:

SANTUÁRIO PARA TODOS, COMUNIDADE PARA TODOS.
AQUELES QUE CHEGAM SOBREVIVEM.

TERMINUS.

_Estar só há algumas horas daqui. _ Michonne averigua o mapa. _ Devemos tentar?

_ Não sabemos quem são. _ falei preocupada.

_ Ela tem razão. Temos que checar primeiro antes de entrar. _ diz papai concordando comigo.

_ Nós vamos pela mata então? _ Daryl impunha a besta nas mãos.

Papai assentiu. Ele nos disse o que deveríamos fazer.

E mais uma vez: estamos a garantir nossa sobrevivência.

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Os trechos foram retirados de músicas: o primeiro fora de Metade - Oswaldo Montenegro.

A segunda de Chasing the Dragon - Epica.

The Walking Dead: Algo para temer [CONCLUÍDA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora