Cap 1°

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GOTHAM CITY - 21:45 - QUARTO DA KATHERINE SMITH

"Então mais uma vez o dia foi salvo graças as meninas Super Poderosas"

***BIP***

"Promoção imperdível, só até hoje"

***BIP***

"-Eu sei o que você é!
-Diga...Alto e claro...Diga....
-Vampiro"

***BIP***

"Ritmo de festa, de alegria e de emoção"

***BIP***

-Meu Deus,eu pago TV a cabo pra isso?- suspirei frustrada, encarando o teto branco recém pintado.
Olhei ao redor,e meu quarto era até bonitinho. Todas as paredes brancas,exceto uma,que era preta e cheias de posters.
Num outro canto,havia uma escrivaninha,onde eu colocava meus objetos de estudo,e as tintas e os pincéis que usava nas horas vagas.
Ao lado da cama,uma mesinha azul claro,onde ficava meu notebook, e meu celular.
O closet era uma porta alguns passos distante da cama.
Olhei no relógio,e já estava na hora de meu pai chegar. Desci as escadas rumo à sala,e observei algumas empregadas arrumando a mesa de jantar.
Cheiro de lasanha. Era meu aniversário de 18 anos,então isso explicava a rara gordice ali presente.
-Alfred,meu pai já chegou?
-Sim,está no escritório.
Corri para lá, e quando entrei,meu pai estava no telefone.
-Sim,eu sei... Mas hoje é uma data importante.-Me sentei em um sofá perto de  uma prateleira lotada de livros - Okay,eu vou.-então meu pai suspirou pesado,desligando o celular e se sentando na mesa,de costas para mim.-Mas que merda!- exclamou,visivelmente irritado,e dando um soco na mesa,derrubando alguns papéis.
-Pai?- disse baixo,assustada por vê-lo daquele forma. Ele,sempre calmo,não demonstrava isso naqueles poucos momentos em que estive em sua presença.- Está tudo bem?
-Ai,filha...vem cá-ele abriu os braços para que eu o abraçasse. Então me soltou, e deu uns passos até o outro lado do escritório. -Hoje não vou poder assistir aquele filme com você. Nem comemorar seu aniversário.
- Por quê?
-Trabalho, filha. Estão suspeitando de que o Coringa tentará atacar hoje a fornecedora de energia da cidade. Tenho que impedir.
-Tudo bem,pai. Não tem problema.
-Tem,sim. Por isso, resolvi comprar um presente pra você.- Então ele tirou uma caixinha preta de dentro do terno,e colocou na minha mão. Quando abri,era um colar com um pingente de unicórnio,pequeno e brilhante.
-É de ouro.- disse ele,como quem diz "oi".
-Sério,pai?
-Sim,você merece. Não reclama de ter que estudar em casa,e nem de poder sair. Também não fala nada sobre só ter os empregados de amizade. É uma boa filha.
-E tenho escolha?- ri anasalado,enquanto o abraçava.-obrigada.
-De nada,princesa. Agora preciso ir. Guardem comida pra quando eu voltar.
RI fraco e sem humor, e sai do escritório, indo até a cozinha,e esperando a janta sair.
Quando finalmente tudo estava pronto,comi em silêncio e subi para meu quarto.
Coloquei o colar,e me senti um pouco mal,pois meu pai quase nunca ficava em casa.
Fui para a varanda, respirando o ar fresco e gostoso da noite.
"Seria bom dar uma volta"-pensei.-"Mas teria que ser escondido,claro"
Calcei um tênis confortável, e uma blusinha  para não sentir frio. Coloquei minha mochila nas costas, com algumas besteiras para comer. O celular no bolso traseiro da calça, e prendi o cabelo num coque. Analisei minhas pernas desnudas por contra do short. Estava aceitável.
Fui até a varanda e coloquei os pés num galho de árvore próximo. Desci até a base da árvore.
Me esgueirei pelos arbustos do vasto jardim, tentando não ser flagrada pelas câmeras.
O próximo passo: passar pelos seguranças.
-Jack!- sussurrei entre galhos e folhas que arrancavam meu pescoço,e começavam a Me irritar- Jack!
Jack, que estava perto do portão principal, me ouviu,e sem se mover, disse:
-Câmeras desligadas. Vai rápido.
Agradeci a ele com um beijo no rosto e corri o mais rápido que pude até a próxima rua, onde eu deixava minha bicicleta escondida em um pequeno beco.
Me Movi na direção contrária à do Museu, para um lugar que eu chamava de "meu".
Enquanto o suor descia pelas minhas costas, e minhas pernas começavam a reclamar, comecei a pensar em Jack.
Ele era oito anos mais velho do que eu, e nunca me olhou diferente. Agradecia a Deus por isso.
Era quase um irmão. 
Quando cheguei ao local que desejava, respirei fundo e acelerado, e gradualmente, fui me acalmando.Entrei com a bike num galpão velho e abandonado, que pelas minhas contas, não era visitado desde 1987,a não ser por mim, claro.
A eletricidade ali funcionava normalmente, só tive que adaptar algumas tomadas.
Visitava aquele lugar a ,mais ou menos , seis meses. Por isso, já tinha levado um sofá velho pra lá, uma cafeteira, fósforo,e um galão d'água. Também levei material para pintura, e uma coberta.
Andei pelo lugar por um tempo, até que vi algo novo ali. Bem no canto do galpão, havia algumas bitucas de cigarro. Também havia uma lata de refrigerante.
Não fumava. Então como aquilo podia estar ali?
Comecei a pensar, quando sinto uma mão na minha boca, e um pano no meu nariz.
Apaguei.
******************************
Quando abri os olhos, estava deitada em meu sofá, amordaçada e presa.
Na minha frente, havia um garoto que não aparentava ser tão mais velho que eu, que fumava e passava a mão nos cabelos. Parecia nervoso, mas com certeza não tanto quanto eu.
-Acordou?- disse, me olhando e se aproximando.
O olhei debochada, e Ergui uma sobrancelha , como quem diz " O que você acha?"
-Óbvio que acordou. Por que está aqui?
-Humhumhum
-Quê?
-HUMHUMHUM!!!
Ele riu baixo, e tirou o pano da minha boca.
-Frequento aqui há tempos, então quem faz as perguntas aqui sou eu.
Ele abriu um sorriso de sarcasmo.
-Quem está presa?-ele tocou meus pulsos amarrados. Fiquei paralisada com seu toque. Nenhum garoto jamais havia me tocado. Desviei o olhar  rapidamente.-Olha pra mim, garota.-Ele jogou o cigarro no chão, e me forçou a olha-lo.
Observei seu olhos, e senti o cheiro amadeirado que ele emanava.
-O que faz aqui, e quem é você? O que faz aqui? Responda!
-Katherine. Estudante. Estou apenas saindo do tédio.
Ele aproximou o nariz de meu pescoço, e depositou um selinho ali.
-Cheirosa, Katherine.
Abriu e boca,e a roçou ali.
- Sua pele também é macia.
Voltou os olhos para os meus.
-O que você quer?-eu disse.
Ele suspirou e disse:
-Quando eu vim prá cá, a intenção era ficar sozinho. Mas já que você está aqui, acho que podemos conversar.
-Me desamarra, então.
-Promete não fugir?
-Prometo.
Ele pegou uma faca pequena,e cortou a corda. Passei a mão pelas marcas da corda.
-Machucou?-enquanto ele falava,eu olhava a faca em sua mão. Percebendo isso, ele soltou a faca e se sentou do meu lado. Ouvi um barulho do outro lado do galpão.
-Que barulho é esse?
-Ah, estou fazendo café. Você que trouxe a cafeteira?
-Sim.
Ele relaxou os ombros e começou a falar.
-Sabe,eu queria ter companhia às vezes. Não tenho irmãos, então acabo sendo só demais. Meu pai mal para em casa, por conta do trabalho.
-O meu também. Mas eu me  acostumei com isso.
-Eu não. -ele olhou pro meu pescoço.- Colar legal.
-Obrigada. Jaqueta legal -ele usava uma Jaqueta de couro,uma camiseta de gola V branca,e uma calça de lavagem escura.
-Como conseguiu o colar?- ele perguntou,tocando de leve.
-Ganhei do meu pai. Hoje é meu aniversário.
-Quantos anos?
-Dezoito.
-E seu pai te deixou sozinha?- ele me encarou, perplexo.
-Ele teve que ir trabalhar...-Mexi nas minhas mãos.
- Zayn. 23 anos. E seu acompanhante hoje.-disse ele, se levantando e pegando os cafés.- Bebe rápido. Vamos sair em breve.
- Você ao menos me perguntou se eu quero ir?-disse, terminando de beber o conteúdo de meu copo.
- Não preciso. O brilho nos seus olhos já diz tudo.
Ele acendeu mais um cigarro, e saímos noite afora.

O filho do CoringaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora