Conto 16 - Amada Imortal

346 31 9
                                    

Cedric vive atormentado pelas sombras de seu passado. Obscuro. Infernal. Tudo que ele nunca encontrou foi o amor, um que pudesse faze-lo, enxergar a sua própria humanidade.

1995 véspera de Halloween

As ruas escuras de Seattle escondem a obscuridade e o lado negro que habita a cidade. Abby Richard estava mais que pronta esta manhã quando concordou com suas amigas Tiffany e Jess que iriam a festa a fantasia da Thomas Jefferson, escola que frequentam. Tiffany e Jess foram as primeiras a comprar seus trajes broxulentos, para noite do Terror, tema escolhido este ano. Abby havia passado as últimas horas fazendo ela mesma sua fantasia, além de também ajudar seu irmão mais novo, Dylan a se preparar.

Abby se olhou mais uma vez antes de sair de casa, seu espelho grande na parede mais larga do quarto era de corpo inteiro, e a garota vislumbrou sua roupa com bons olhos e concluiu que era assustadora. Uma espécie de capa acinzentada, com peças recortadas pretas, feixes que imitavam garras e uma réplica de uma faca no bolso lateral.

A jovem desceu os degraus até a porta da frente, seu irmão passou correndo bem na hora, vestido como um vampiro de Bram Stroker. Ela riu e se direcionou ao carro aonde estava sua mãe como motorista. Dina sorriu para os filhos e decidiu tirar uma foto para o álbum, a garota todavia uma adolescente, rolou os olhos e foi contra a sua vontade. Em minutos os três estavam na estrada em direção a escola.

O salão do ginásio Winwood e todo o pátio estava decorado devidamente assustador para o evento. Luzes vermelhas, candelabros com sangue, taças com uma gosma verde, cérebros em formato de bolo. Abby encontrou as amigas bebendo um ponche de sangue, em uma das mesas. Ela as abraçou e riram animadas, cada qual a sua maneira e estavam mesmo assustadoras. A música soou alta, logo a pista foi dominada pelos estudantes, e Abby e as amigas se juntaram em seguida ao aglomerado de jovens.

O alarme da escola soou estrondosamente em meio a música, meia noite apontava o relógio e as luzes desligaram, Tiffany estava eufórica da dança, Jess respirou fundo duas vezes, Abby tranquilizou elas de que tudo estava bem, era apenas um blecaute. Mas um blecaute tão repentino? passou se na sua mente. Não havia luz em nenhum lugar, o breu se instalava entre as pessoas, algumas temerosas e outras nem tanto. Som de passos, o solado de botas, palpitava e caminhava firme, no salão, o que estava havendo, Abby se perguntou mais uma vez, porque tudo parecia uma grande cena, talvez fosse uma piada dos veteranos, mesmo assim ela manteve - se calma enquanto os passos ficavam mais fortes. Uma pequena luz se acendeu, e suspiros foram soltos por alguns, a luz iluminava apenas o centro do pátio, ela levantou os olhos no meio da multidão e viu uma figura estranha no meio. Seus cabelos escuros, pele clara, os olhos eram fendas vermelhas, seus braços estavam lado a lado em seu corpo, que vestia se todo de preto. Calças, camisa e um sobretudo, ele encarava um por um, ninguém entendia o que estava acontecendo, não antes dele abrir sua boca e falar.

-Espero que tenham, comido e bebido. Sabe como dizem, a última refeição é sempre mais saborosa.

Ele se aproximou de uma senhora de cabelos grisalhos, que tentou limpar os óculos para enxergar melhor. Sua risada fria e banal, ele a pegou pelo braço e em seguida tomou seu pescoço, fincando seus dentes nele. O sangue era agradavelmente doce e verossímil para ele e a sua sede que estava no ápice. Alguns começaram a correr para a porta de emergência e o homem frio ria deles, hipnotizando os demais. E assim ele iniciou seu massacre da noite, o sangue sendo escorrido e derramado ao chão.

Abby permaneceu parada, no mesmo lugar por exatos, vinte minutos, ela via a morte. Ele viria até ela, ela sabia disso. Tiffany por tentar correr, foi morta sem piedade, tendo a cabeça arrancada fora. Jess se escondeu debaixo de uma mesa, aonde ele rastreou seu cheiro, puxando a pelos braços e sugando lhe a vida. Ela estava esperando.. esperando sua vez. Era o que restava ela pensou consigo mesma. Pensou na mãe, no irmão, no cachorro, até no caderno aonde escreve desde pequena pequenos contos. Ela fungou uma lágrima que ameaçou a cair, ela não iria chorar. Se a morte seria seu destino ela teria que morrer sem chorar. Ele veio em passos lentos, rastreou o seu perfume adocicado e o cheiro humano que corria nas veias da garota, ele a olhou nos olhos, verdes profundos, tomou seu pescoço em suas mão frias e seu dedo acariciou delicadamente a pele dela, o que causou um estranho arrepio. Cedric molhou os lábios e contemplou os dela, e um estranho prazer de possui - la se apossou dele. Ele não iria mata - la, ele não poderia. Então ele a beijou. Um beijo mortal, fatal e vicioso. Ela agarrou seu pescoço e os fios curtos abaixo da sua orelha, ela correspondia como se aquilo foi destinado acontecer. Ele a afastou devagar de seus braços e a olhou uma última vez, lhe dando um sorriso sedutor, ele uniu seus dois dedos, como um v sob os olhos dela e sussurrou em seu ouvido, as palavras que ela não poderia esquecer - Você beijou um vampiro. - ela continou imóvel. - Escreva isso.

2015 - Cidade de Seattle - 00:00 Véspera de Halloween

Abby uma mulher forte e decidida, espera ansiosa, numa cadeira no parque. Ela aperta o casaco azul sob os braços e fita o céu algumas vezes. Ela sente uma estranha presença vindo ao seu encontro. Um homem alto, cabelos longos e escuros e olhos que parecem conhecer a noite.

- Eu sabia que você ia aparecer. - ele pegou a sua mão e a levou ao seu peito, sem coração mais ela imaginou que ali teria um.

- Sempre nos encontramos. - ela parecia certa e estava. Era muito mais que um romance. Agora seria real. Ele afastou os cabelos dela, da nuca, respirando contra a sua pele que se arrepiava. E fincou os dentes nela. E os olhos dela se fechou.

Ele tomou seu pescoço fincando lhe os dentes e seus olhos se fecharam.

Uma luz branca clareou seu rosto, ela estava fria podia sentir isso em cada centímetro. Ela levou sua mão sobra a marca na pele abaixo da nuca e estava rígida. Ele a observava terno e com chamas vermelhas em seus olhos escuros. Ele a beijou e contemplou sua face, na luz da noite.

- Juntos agora.

- Para sempre. - Ela sorriu.

deborahanny


Halloween - Contos 2015Onde as histórias ganham vida. Descobre agora